quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

O Caminho da Beleza 04 - IV Domingo do Advento


A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).


IV Domingo do Advento                      22.12.2019
Is 7, 10-14               Rm 1, 1-7                 Mt 1, 18-24


ESCUTAR

“Será que achais pouco incomodar os homens e passais a incomodar até o meu Deus?” (Is 7, 13).

Amados de Deus e santos por vocação, a graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e de nosso Senhor Jesus Cristo (Rm 1, 7).

Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, e antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo (Mt 1, 18).


MEDITAR

Sejais quem fordes! movimento e reflexo fazem-se especialmente para vós, por vós o barco divino singra o divino oceano.
Sejais quem fordes! sois aquele ou aquela para quem a terra é sólida e líquida, sois aquele ou aquela para quem pendem no céu o sol e a lua, pois ninguém mais do que vós é o presente e o passado, ninguém mais do que vós é a imortalidade.

(Walt Whitman, 1819-1892, Estados Unidos)


ORAR

    É certo que as realidades sobrenaturais não podem encontrar na natureza pontos de comparação satisfatórios. Nós vemos bem, contudo, que é de maneira diferente que o raio nasce da luz, a semente da vinha e a flor do ramo ou da árvore. O raio nasce da luz com a mesma natureza dela, sem que se possa dizer que a luz seja o raio, nem o inverso. É assim que o Filho é do Pai, em identidade de substância, sem que todavia o Filho seja o Pai nem que o Pai seja o Filho, mas um e outro são um só e mesmo ser. É por isso que, celebrando a memória deste nascimento de glória, a Igreja canta: “Ó Oriente, raio da luz eterna”. A semente nasce da vinha para torná-la fecunda e lhe dar sua completude, mas ela não corta, nem corrompe e nem fere sua integridade. É assim que na Virgem nasce Deus: ele lhe confere sua plenitude, sua fecundidade, sua consagração – sem ruptura, sem violência, sem estigma. É por isso que, comparando à semente do fruto de seu seio, o Senhor declara pelo profeta: “Eu suscitarei a Davi um rebento legítimo” (Jr 23, 5). Céus, derramai vosso brilho, e que as nuvens façam chover o Justo! Terra, abra-te, e que brote o Salvador!”. É uma terra humilde, fértil, firme, como a bem-aventurada Virgem. E se ela se abre, não é por um alcance material, mas segundo o Espírito, pela fé. E ela faz “brotar o Salvador”. A flor nasce da árvore ou do ramo. É assim que, longe de os destruir, ela os completa; sem ruptura, ela os coroa. É assim que nasceu Deus da Virgem. Sem ruptura, sem dano: “Essa porta permanecerá fechada. Nunca se abrirá e ninguém entrará por ela”, diz Ezequiel (44, 2). Ele é sua fecundidade e sua coroa. É por isso que seu nascimento é comparado ao brotar de uma flor: “Ele fará brotar do tronco de Jessé uma vara, uma flor subirá de suas raízes” (Is 11, 1). Assim pois, “aquele que nasceu nela” nasceu antes do seio maternal de Deus seu Pai como o raio da luz; do seio maternal, ele nasceu da Virgem sua mãe como a semente da vinha; do seio maternal, enfim, ele nasceu como a flor do ramo, da vara e da árvore. O terceiro, como o segundo nascimento, nos é ofertado nesse mundo como lenitivo, o primeiro nos aguarda no céu como recompensa.

(São Boaventura, 1221-1274, Itália)


CONTEMPLAR

O Rio Maine, França, 2019, Jim Brandenburg (1945-), Minnesota, Estados Unidos.




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