segunda-feira, 25 de novembro de 2019

O Caminho da Beleza 01 - I Domingo do Advento


A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).

I Domingo do Advento             01.12.2019
Is 2, 1-5                    Rm 13, 11-14          Mt 24, 37-44


ESCUTAR

Transformarão suas espadas em arados e suas lanças em foices: não pegarão em armas uns contra os outros e não mais travarão combate (Is 2, 4).

Já é hora de despertar...despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as armas da luz (Rm 13, 11.12).

“Vós também ficai preparados! Porque, na hora em que menos pensais, o Filho do homem virá” (Mt 24, 44).


MEDITAR

O tempo é a substância de que sou feito. O tempo é um rio que me leva, mas eu sou o rio; é um tigre que me devora, mas eu sou o tigre; é o fogo que me consome, mas eu sou o fogo.

(Jorge Luis Borges, 1889-1986, Argentina)


ORAR

    “Já é hora de despertar”, adverte Paulo escrevendo aos cristãos de Roma (segunda leitura). “Ficai preparados”, admoesta severamente o Cristo (evangelho). “Caminhemos na luz do Senhor”, exorta Isaías (primeira leitura). Assim pois, o tempo do advento, que assinala o princípio do ano litúrgico, se abre com a urgência de um despertar e com uma ordem de partida não menos premente. Não nos enganemos. Não estamos esperando que se chegue a natividade. Nem estamos à espera de que o “último dia”, outro tema da liturgia de hoje, nos caia por cima (o mais tarde possível). Aguardar não significa colocar-se à espera, mas sim “ir em direção à”. O que implica a capacidade e o desejo de se despertar e a decisão de colocar-se a caminho. É o momento de dizer: há que se despertar do sono! Trata-se de “se dar conta” de que o tempo de Deus se meteu no tempo dos homens, que esse “instante” é um instante eterno. Que o que importa, o que é decisivo, é o agora. Que a grande possibilidade, a ocasião que não deve se perder, é a de hoje: “Escutai hoje a sua voz, não endureceis vosso coração” (Sl 95, 7-8). Há que “se dar conta” de que é necessário “deixar as ações das trevas”, sobretudo, também, quando se as utilizam abusivamente para a causa de Deus. Há que “se dar conta” que a vista se nubla quando se deixa capturar pela superficialidade e pelo efêmero; que as mãos estão vazias quando se empenham em acumular e em contar; que o coração se torna pesado quando está cheio de banalidade e de inconsistência. Urge “se dar conta” de que o mal não está somente fora, mas aninhado dentro de nós. Devo “me dar conta” de que minha fé está ameaçada pelo sono. Que o risco maior que corro é o de uma existência sonolenta, distraída, dissipada, incapaz de reconhecer o tempo. Urge-me a obrigação, sobretudo, de “me dar conta” do instante. Não deixá-lo passar, sem antes lhe prestar atenção, sem lhe haver examinado, sem lhe romper, com a ajuda da fé e da palavra, a crosta precária, para captar nele o anúncio, a chamada de Deus, mas ao mesmo tempo seu juízo sobre minha existência.

(Alessandro Pronzato, 1932- , Itália)


CONTEMPLAR

Agim Shala, 1999, criança de dois anos no campo de refugiados de Kosovo na Albania, Carol Guzy (1956-), Pulitzer Prize for Feature Photography, The Washington Post, Estados Unidos.



           
           

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