A palavra de
Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
I Domingo do Advento 01.12.2019
Is 2, 1-5 Rm
13, 11-14 Mt 24, 37-44
ESCUTAR
Transformarão
suas espadas em arados e suas lanças em foices: não pegarão em armas uns contra
os outros e não mais travarão combate (Is 2, 4).
Já é hora
de despertar...despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as armas da luz
(Rm 13, 11.12).
“Vós
também ficai preparados! Porque, na hora em que menos pensais, o Filho do homem
virá” (Mt 24, 44).
MEDITAR
O tempo é a substância de que sou feito. O tempo é
um rio que me leva, mas eu sou o rio; é um tigre que me devora, mas eu sou o
tigre; é o fogo que me consome, mas eu sou o fogo.
(Jorge Luis Borges, 1889-1986, Argentina)
ORAR
“Já é hora de despertar”, adverte
Paulo escrevendo aos cristãos de Roma (segunda leitura). “Ficai preparados”,
admoesta severamente o Cristo (evangelho). “Caminhemos na luz do Senhor”,
exorta Isaías (primeira leitura). Assim pois, o tempo do advento, que assinala
o princípio do ano litúrgico, se abre com a urgência de um despertar e com uma
ordem de partida não menos premente. Não nos enganemos. Não estamos esperando
que se chegue a natividade. Nem estamos à espera de que o “último dia”, outro
tema da liturgia de hoje, nos caia por cima (o mais tarde possível). Aguardar
não significa colocar-se à espera, mas sim “ir em direção à”. O que implica a
capacidade e o desejo de se despertar e a decisão de colocar-se a caminho. É o
momento de dizer: há que se despertar do sono! Trata-se de “se dar conta” de
que o tempo de Deus se meteu no tempo dos homens, que esse “instante” é um
instante eterno. Que o que importa, o que é decisivo, é o agora. Que a
grande possibilidade, a ocasião que não deve se perder, é a de hoje: “Escutai hoje
a sua voz, não endureceis vosso coração” (Sl 95, 7-8). Há que “se dar conta” de
que é necessário “deixar as ações das trevas”, sobretudo, também, quando se as
utilizam abusivamente para a causa de Deus. Há que “se dar conta” que a vista
se nubla quando se deixa capturar pela superficialidade e pelo efêmero; que as
mãos estão vazias quando se empenham em acumular e em contar; que o coração se
torna pesado quando está cheio de banalidade e de inconsistência. Urge “se dar
conta” de que o mal não está somente fora, mas aninhado dentro de nós. Devo “me
dar conta” de que minha fé está ameaçada pelo sono. Que o risco maior que corro
é o de uma existência sonolenta, distraída, dissipada, incapaz de reconhecer o
tempo. Urge-me a obrigação, sobretudo, de “me dar conta” do instante. Não deixá-lo
passar, sem antes lhe prestar atenção, sem lhe haver examinado, sem lhe romper,
com a ajuda da fé e da palavra, a crosta precária, para captar nele o anúncio,
a chamada de Deus, mas ao mesmo tempo seu juízo sobre minha existência.
(Alessandro
Pronzato, 1932- , Itália)
CONTEMPLAR
Agim
Shala, 1999, criança de dois anos no campo de refugiados de Kosovo
na Albania, Carol Guzy (1956-), Pulitzer Prize for Feature Photography, The
Washington Post, Estados Unidos.
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