Já não quero dicionários
consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode
inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro
do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.
(Carlos
Drummond de Andrade)
XXX Domingo do Tempo Comum 27.10.2019
Eclo 35, 15-17.20-22 2 Tm 4, 6-8.16-18 Lc
18, 9-14
ESCUTAR
O Senhor
é um juiz que não faz discriminação de pessoas (Eclo 35, 15).
Eu já
estou para ser oferecido em sacrifício; aproxima-se o momento de minha partida.
Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé (2 Tm 4, 6-7).
“Quem se
eleva será humilhado e quem se humilha será elevado” (Lc 18, 14).
MEDITAR
As quedas dos iniciantes provêm, na maior parte,
da avidez. Nos que progridem vêm também de uma alta consideração por si mesmos.
Para os que se aproximam da perfeição, vêm unicamente do fato de julgar o
próximo.
(João
Clímaco, 579-649, monge, Síria)
ORAR
“Tem compaixão deste pecador”. A
parábola dos dois homens que subiram ao templo para orar, o fariseu e o
publicano, nos mostra qual é a oração que realmente chega a Deus. O lugar que
ocupa cada um deles no templo já mostra a diferença. Um se coloca “erguido” na parte dianteira,
como se o templo lhe pertencesse, o outro diferentemente se mantém “atrás”, sem
se atrever sequer a levantar os olhos, como se houvesse atravessado o limiar de
uma casa que não é a sua. O primeiro ora “junto a si” (aqui traduzido e
suavizado com a expressão “em seu íntimo”): no fundo não reza a Deus, mas sim
faz a si mesmo uma enumeração de suas muitas virtudes, presumindo que se ele
mesmo as vê, Deus não poderia deixar de vê-las, de tê-las em conta e
admirá-las. E faz isto distinguindo-se precisamente dos “demais homens”, que
não alcançaram seu presumido grau de perfeição. Transita por um caminho que
conduz diretamente ao encontro de si mesmo, mas esse é precisamente o caminho
que leva a perda de Deus. O publicano, pelo contrário, não encontra em si mais
do que o pecado, um vazio de Deus que em sua oração de súplica (“tem compaixão
deste pecador”) se converte em um vazio para Deus. O homem, que tem como meta
última sua própria perfeição, jamais encontrará a Deus; mas o que tem a
humildade de deixar que a perfeição de Deus atue em seu próprio vazio – não
passivamente, mas trabalhando com os talentos que lhe foram concedidos – será
sempre um “justificado” para Deus.
(Hans Urs
Von Balthasar, 1905-1988, Suíça)
CONTEMPLAR
Olhos do
Protesto, 2016, Baton Rouge, Lousiana, Johnatan Bachmann (1984-),
Agência Reuters, PX3 Prêmio de Fotografia de Paris, Estados Unidos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário