segunda-feira, 14 de outubro de 2019

O Caminho da Beleza 48 - XXIX Domingo do Tempo Comum


Já não quero dicionários consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.

            (Carlos Drummond de Andrade)


XXIX Domingo do Tempo Comum             20.10.2019
Ex 17, 8-13              2 Tm 3, 14-4,2                   Lc 18, 1-8


ESCUTAR

Enquanto Moisés conservava a mão levantada, Israel vencia; quando abaixava a mão, vencia Amalec (Ex 17, 11).

Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, para argumentar, para corrigir e para educar na justiça (2 Tm 3, 16-17).

“Deus não fará justiça aos seus escolhidos que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar? (Lc 18, 7).


MEDITAR

A oração é uma ponte de comunicação entre o finito e o infinito. A oração não é a instituição sentimental de um instante ou um estado transitório de exaltação. A oração requer perseverança e empenho. É uma luta com o mistério, é uma aventura árdua, é uma flor que desabrocha na aridez e na obscuridade.

(Gianfranco Ravasi, 1942-, Itália)


ORAR

    Se nossa oração se tornou diálogo no qual ouvimos o que o outro quer dizer-nos e acolhemos o que ele deseja dar-nos, não ficou por isso menos oração de súplica, mas num espírito bem diferente: um pedido, no âmago de um diálogo. Se reconhecêssemos o que Deus é, o que ele espera, nós não lhe pediríamos para fazer em nosso lugar o que ele nos pede para fazermos por nós mesmos. Nada nos impede, porém, de confiar a Deus nossas alegrias e tristezas numa oração de oferenda confiante. Podemos mesmo continuar a pedir o que nos parece necessário, mas se soubermos que Deus deseja nossa felicidade, poderemos talvez aceitar, poderemos aceitar melhor que ele não responda de maneira imediata e conforme com nossos desejos. Sabemos que nem sempre pedimos o que é melhor para nós, e amigo verdadeiro é aquele que sabe recusar o que não redunda em benefício nosso. Seria bem mais fácil, em certo sentido, conceder de pronto o que foi pedido para dar prazer, mas é preciso saber recusar se quisermos cooperar para a verdadeira felicidade do outro. Talvez convenha compreender assim o silêncio de Deus em face de certas petições que nos parecem extremamente legítimas. Temos de admitir que nossos pensamentos não são, necessariamente, os pensamentos de Deus. Neste caso, devemos aprender a pedir, não o que esperamos, mas o que Deus quer para nós. “Abram-se, Senhor, os ouvidos de tua misericórdia às preces dos que te suplicam. E para conceder-lhes o que desejam, faze-os pedir o que te agrada”. Oração difícil e despojadora, sem dúvida, mas que nos reserva as surpresas de um dom maior do que nossa súplica. Porque para aqueles que ousam pedir com esta confiança do reconhecimento e do amor, “o Senhor derrama sua misericórdia, dando-nos o que não ousamos pedir”. Para aqueles que creem e que amam, a palavra do Evangelho guarda todo o seu sentido: “Pedi e recebereis”.

(Patrick Jacquemont, 1932-, França)


CONTEMPLAR
Reflexões da Fé, 2014, Celso II Creer (1979-), Monochrome Photography Awards 2014, Abu Dhabi, Emirados Árabes.



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