quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

O Caminho da Beleza 07 - Solenidade da Epifania do Senhor


Já não quero dicionários consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.

(Carlos Drummond de Andrade)


Solenidade da Epifania do Senhor
Is 60, 1-6                 Ef 3, 2-3.5-6                       Mt 2, 1-12


ESCUTAR

Levanta os olhos ao redor e vê, todos se reuniram e vieram a ti; teus filhos vêm chegando de longe com tuas filhas, carregadas nos braços (Is 60, 4).

Os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo por meio do evangelho (Ef 3, 6).

“Onde está o rei dos judeus, que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo” (Mt 2, 2).


MEDITAR

Os ministros do Evangelho devem ser capazes de aquecer o coração das pessoas, de caminhar na noite com elas, de saber dialogar e mesmo de descer às suas noites, na sua escuridão, sem perder-se. O povo de Deus quer pastores e não funcionários ou “clérigos burocratas”.

 (Francisco, 1936-, Bispo de Roma e Servo de Deus)


ORAR

            Pertencemos a uma época em que é mais fácil ver a escuridão da noite do que os pontos luminosos que brilham em meio a uma treva qualquer. Não deixa de ser comovente pensar naquele velho escritor cristão que, ao elaborar o relato midráshico dos magos, imaginou-os no meio da noite, seguindo a pequena luz de uma estrela. A narração transpira a convicção profunda dos primeiros crentes após a ressurreição. Em Jesus se cumpriram as palavras do profeta Isaías: “O povo que caminha nas trevas viu uma enorme luz. Habitavam numa terra de sombras e uma luz brilhou para seus olhos”. Seria uma grande ingenuidade pensar que não estamos vivendo uma hora especialmente obscura, trágica e angustiante. Mas não é precisamente esta obscuridade, frustração e impotência, que captamos nesse momento, um dos traços que quase sempre acompanham o caminhar do homem sobre a terra? Não é estranho que se diga que “ser homem é muitas vezes uma experiência de frustração”. Mas isso não é toda a verdade. Apesar dos fracassos e frustrações, o homem volta a se recompor, volta a esperar, volta a se colocar em marcha em alguma direção. Há no ser humano algo que lhe chama recorrentemente à vida e à esperança, há sempre nele uma estrela que volta a se acender. Para os crentes, essa estrela conduz sempre a Cristo. O cristão não acredita em qualquer messianismo e, por isso, não cai tampouco em qualquer desencanto. O mundo não é um “caso desesperado”, não está em completa treva. O mundo, mesmo que esteja mal, deve mudar, pois o mundo está reconciliado com Deus e pode se transformar. Hoje só o vemos em uma humilde estrela que nos guia até Belém, mas Deus será num dia o fim do exílio e das trevas, a luz total.

(José Antonio Pagola, 1937-, Espanha)


CONTEMPLAR

S. Título, Agoes Antara, Denpasar, Bali, Indonésia.





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