A palavra de Deus é viva e eficaz e mais
cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
IX Domingo do Tempo Comum 03.06.2018
Dt 5, 12-15 2 Cor 4, 6-11 Mc
2, 23-3, 6
ESCUTAR
“Lembra-te de que foste escravo no Egito e que de lá o Senhor
teu Deus te fez sair com mão forte e braço estendido (Dt 5, 15).
Trazemos esse tesouro em vasos de barro, para que todos
reconheçam que este poder extraordinário vem de Deus e não de nós (2 Cor 4, 7).
“É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma
vida ou deixá-la morrer?” (Mc 3, 4).
MEDITAR
É sem vida a mão que deveria fazer o bem, tomar do meu pão e
reparti-lo com o pobre. Não tem movimento a minha mão, que deveria arrancar-me
a trave do olho. A minha mão que deveria estreitar com todas as outras, como
elo de uma corrente imensa: infinitas mãos de quem quer avançar pela estrada da
justiça e da liberdade. A minha mão que deveria pousar sobre a cabeça dos
órfãos para dizer-lhes que ainda têm um pai... Mão que se recusou a abençoar.
Mão que bateu e feriu... Senhor, perdoa-nos as mãos que deixamos secar,
perdoa-nos as mãos que te impedimos de curar.
(Ettore Masina, 1928-2017, Itália)
ORAR
Jesus,
entrando num dia de shabat na sinagoga para participar na liturgia de seu povo,
viu um homem com a mão paralisada. Seu olhar é de uma grande compaixão, bem
diferente do de alguns fariseus, que observam as coisas por um olho mau, para
ver se Jesus realizará uma cura em dia de shabat, como já havia feito na
sinagoga de Cafarnaum (cf. Mc 1,
21-26). Jesus, conduzindo esse homem ao meio da multidão, isto é,
devolvendo-lhe sua condição de ser humano com a qual se pode entrar em relação,
perguntou as pessoas presentes: “É permitido, em dia de shabat, fazer o bem ou
fazer o mal? Salvar uma vida ou matá-la?” A resposta está implícita: é sempre
permitido fazer o bem, é mesmo um dever, sobretudo durante o shabat, dia por
excelência da condição que a Bíblia chama de shalom, plenitude e abundância de vida! Mas os fariseus se calam,
num silêncio que desvela toda sua hipocrisia... Então Jesus lança “sobre eles
um olhar de cólera, ferido pelo endurecimento de seus corações”: ele treme da indignação própria de Deus e de seus profetas em face daqueles que são cegos o
bastante para preferir a observância morta de uma tradição religiosa ao gesto
que pode devolver a saúde a uma pessoa gravemente enferma. Depois, pelo poder
de suas palavras, ele cura a mão deste homem. Jesus não profana o shabat, pelo
contrário, ele lhe dá o seu valor, ele o revela tal qual Deus o quis: dia de
alegria, dia de festa pela vida. Os que transgridem realmente o shabat são os
fariseus e os herodianos – os partidários de Herodes Antipas, tetrarca da
Galileia – que no dia consagrado a Deus conspiram para matar um homem que faz o
bem. É a eles, e a nós quando os imitamos, que são dirigidas essas palavras de
julgamento pronunciadas por Jesus um pouco mais adiante: “Vós, verdadeiramente,
rejeitastes a ordem de Deus para observar sua tradição... e anulais a palavra
de Deus pela tradição que transmitis” (cf. Mc
7, 9.13).
(Enzo Bianchi, 1943-, fundador da
comunidade de Bose, Itália)
CONTEMPLAR
Martin Luther King Jr.
preso por dois policiais brancos em Montgomery, setembro de 1958, autoria da foto
desconhecida, Alabama, Estados Unidos.
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