quarta-feira, 9 de maio de 2018

O Caminho da Beleza 25 - Ascensão do Senhor


A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).




Ascensão do Senhor                  13.05.2018
At 1, 1-11                  Ef 1, 17-23               Mc 16, 15-20


ESCUTAR

“Recebereis o poder do Espírito Santo, que descerá sobre vós para serdes minhas testemunhas” (At 1, 8).

Que ele abra o vosso coração à sua luz, para que saibais qual a esperança que o seu chamamento vos dá (Ef 1, 18).

“Ide pelo mundo inteiro e anunciai o evangelho a toda criatura!” (Mc 16, 15).


MEDITAR

Trate o mundo como mundo, sem deixar o mundo nos rebaixar ao mundo.

(Chuang-Tzu, 369-286 a. C., China)


ORAR

Como podemos chegar a considerar a fé no céu como uma fuga diante do mundo, como um medo da realidade, quando ela reúne o equilíbrio interior e a liberdade tranquila com relação ao mundo? O homem se define por suas metas. Se elas se limitam às coisas daqui de baixo, ele será inevitavelmente sugado por sua lógica. Ele é então dilacerado por polos opostos: vida ou morte, desejo ou morosidade, ganho ou perda, felicidade ou infelicidade, felicitações ou censura. Submetido às circunstâncias, ele está sempre a procura de si mesmo. Desejando se adaptar às condições exteriores, ele se transforma numa ameba maleável a todas as influências. Fugindo, ele permanece estranho a si mesmo. Ele sucumbe ao poder dos “demônios”. Seu eu se desloca pelo esforço que faz para assegurar a sua felicidade. No matagal das futilidades cotidianas, ele se contorce, se sufoca, sem perspectiva, sem orientação, sem apoio. A Ascensão do Cristo nos permite nos reencontrar a nós, mas um “nós” aberto à grande expansão. Ela nos liberta da escravidão das circunstâncias, da submissão às nossas condições de vida. Ela nos faz descobrir um caminho de natureza interior, mesmo se é preciso apresentá-lo através de imagens espaciais. Jesus nos chamava a nos examinar a nós mesmos com os olhos de Deus, descobrindo que não há nenhum poder capaz de destruir nosso eu, e a adotar uma visão de mundo que não fosse mais um simples depósito de mercadorias ou um asilo de loucos. Por isso, “ele subiu ao céu e está sentado à direita de Deus” (Mc 16, 19)... Sem a perspectiva aberta para o céu, nós estamos submetidos à inevitável tirania da lei das coisas, da economia, do poder. É preciso prosperar, lucrar, aumentar, investir, entrar em concorrência, liquidar, conforme as circunstâncias. É preciso também causar intriga, difamar, espionar, dissimular, para acabar aniquilados como “cadáveres vivos” (Tolstói). Pois o que é um cadáver senão um organismo submetido a leis externas da dissolução e da decomposição? Como ganhar o combate contra os “espíritos maus” senão sabendo de uma vez por todas que nós não somos apenas seres desta terra; que nossa fronte toca o céu? Nosso pequeno eu tem um valor inalienável, junto de Deus e em Deus.

(Eugen Drewermann, 1940-, Alemanha)


CONTEMPLAR

Galáxia Messier 77, Constelação de Cetus, a 45 milhões de anos luz da Terra, 2012, Telescópio Hubble, foto editada por Andre van der Hoeven, Nasa, Estados Unidos.




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