A palavra de Deus é viva e eficaz e mais
cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
Ascensão do Senhor 13.05.2018
At 1, 1-11 Ef 1, 17-23 Mc
16, 15-20
ESCUTAR
“Recebereis o poder do Espírito
Santo, que descerá sobre vós para serdes minhas testemunhas” (At 1, 8).
Que ele abra o vosso coração à sua
luz, para que saibais qual a esperança que o seu chamamento vos dá (Ef 1, 18).
“Ide pelo mundo inteiro e anunciai o
evangelho a toda criatura!” (Mc 16, 15).
MEDITAR
Trate o mundo como mundo, sem deixar
o mundo nos rebaixar ao mundo.
(Chuang-Tzu, 369-286 a. C., China)
ORAR
Como podemos chegar a
considerar a fé no céu como uma fuga diante do mundo, como um medo da
realidade, quando ela reúne o equilíbrio interior e a liberdade tranquila com
relação ao mundo? O homem se define por suas metas. Se elas se limitam às
coisas daqui de baixo, ele será inevitavelmente sugado por sua lógica. Ele é
então dilacerado por polos opostos: vida ou morte, desejo ou morosidade, ganho
ou perda, felicidade ou infelicidade, felicitações ou censura. Submetido às
circunstâncias, ele está sempre a procura de si mesmo. Desejando se adaptar às
condições exteriores, ele se transforma numa ameba maleável a todas as
influências. Fugindo, ele permanece estranho a si mesmo. Ele sucumbe ao poder
dos “demônios”. Seu eu se desloca pelo esforço que faz para assegurar a sua
felicidade. No matagal das futilidades cotidianas, ele se contorce, se sufoca,
sem perspectiva, sem orientação, sem apoio. A Ascensão do Cristo nos permite
nos reencontrar a nós, mas um “nós” aberto à grande expansão. Ela nos liberta
da escravidão das circunstâncias, da submissão às nossas condições de vida. Ela
nos faz descobrir um caminho de natureza interior, mesmo se é preciso
apresentá-lo através de imagens espaciais. Jesus nos chamava a nos examinar a nós
mesmos com os olhos de Deus, descobrindo que não há nenhum poder capaz de
destruir nosso eu, e a adotar uma visão de mundo que não fosse mais um simples
depósito de mercadorias ou um asilo de loucos. Por isso, “ele subiu ao céu e
está sentado à direita de Deus” (Mc 16, 19)... Sem a perspectiva aberta para o
céu, nós estamos submetidos à inevitável tirania da lei das coisas, da
economia, do poder. É preciso prosperar, lucrar, aumentar, investir, entrar em
concorrência, liquidar, conforme as circunstâncias. É preciso também causar
intriga, difamar, espionar, dissimular, para acabar aniquilados como “cadáveres
vivos” (Tolstói). Pois o que é um cadáver senão um organismo submetido a leis
externas da dissolução e da decomposição? Como ganhar o combate contra os
“espíritos maus” senão sabendo de uma vez por todas que nós não somos apenas
seres desta terra; que nossa fronte toca o céu? Nosso pequeno eu tem um valor
inalienável, junto de Deus e em Deus.
(Eugen Drewermann, 1940-, Alemanha)
CONTEMPLAR
Galáxia Messier 77, Constelação de Cetus, a 45 milhões de anos luz da Terra, 2012,
Telescópio Hubble, foto editada por Andre van der Hoeven, Nasa, Estados Unidos.
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