Muitos pensam de modo
diferente, sentem de modo diferente. Procuram Deus ou encontram Deus de muitos
modos. Nesta multidão, nesta variedade de religiões, só há uma certeza que
temos para todos: somos todos filhos de Deus. Que o diálogo sincero entre homens
e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e de justiça.
(Papa Francisco, 2016)
Não temos um só Pai? Não nos
criou um mesmo Deus? Por que trabalhamos tão perfidamente uns contra os outros?
(Ml 2, 10)
Transfiguração do Senhor 06.08.2017
Dn 7, 9-10.13-14 2 Pd 1, 16-19 Mt 17, 1-9
ESCUTAR
Seu
poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não
se dissolverá (Dn 7, 14).
Não
foi seguindo fábulas habilmente inventadas que vos demos a conhecer o poder e a
vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas, sim, por termos sido testemunhas
oculares de sua majestade (2 Pd 1, 16).
Jesus
se aproximou, tocou neles e disse: “Levantai-vos e não tenhais medo” (Mt 17,
7).
MEDITAR
Certa
vez um monge perguntou a Mestre Joshu:
__
Um cão possui a Natureza de Buda ou não?
E
Joshu exclamou:
__
Muuu!
(Köan
Zen, Zen-Budismo)
ORAR
O evangelista nos revela a identidade de Jesus: o
filho Amado. O Cristo é a tenda, presença perfeita e definitiva do Pai. No
final da cena, ao centro, se ergue tão somente a figura de Jesus. O Filho é a
tenda da Shekinah, a Divina Presença.
A Transfiguração é o desvelamento do destino e do mistério de Jesus e também do
nosso destino e mistério. Para todos se abre um horizonte de luz: “Amados, já
somos filhos de Deus, mas ainda não se manifestou o que seremos. Sabemos que,
quando ele aparecer seremos semelhantes a ele e o veremos como ele é” (1 Jo 3,
2). O Transfigurado passa pela obscuridade da história e da morte. Jesus
presente no nosso cotidiano transfigura os seres e as coisas mais humildes. Os
discípulos estão assustados e caem com o rosto em terra. Depois, no Jardim do
Horto, cairão no sono e serão incapazes de uma hora de vigília. Nossa oração em
silêncio, com Jesus, pode transfigurar a vida pela acolhida dos outros numa
nova maneira de vê-los. Devemos aniquilar as doenças do olhar que são as
doenças de uma oração equivocada, centrada em nós mesmos. É preciso colocar
nossos olhos e nossos olhares no coração e nele encontrar a fonte da vida. O
dia seis de agosto nos remete a uma fatal sincronicidade. Neste dia, em 1945,
os habitantes de Hiroshima e Nagasaki viram uma grande luz no horizonte. A
bomba atômica fazia sua trágica aparição no horizonte da humanidade como uma
luz de devastação e de morte. A humanidade acabara de assistir a transfiguração
da luz que liberta e dá a vida numa luz cega e trágica que desfigurava e
aniquilava os que também foram criados à imagem e semelhança de Deus. A
transfiguração de Jesus nos lembra a beleza à qual a humanidade e o universo
são destinados. Hiroshima e Nagasaki testemunham o embrutecimento e o horror de
que os homens são capazes ao desfigurar os corpos que são santuários de Deus (1
Cor 6, 9) e devastar a criação de Deus. Para os cristãos, celebrar a
Transfiguração é um apelo à responsabilidade, uma exortação à compaixão e a
expansão do coração diante dos que sofrem. A Transfiguração é o desvelamento do SIM do Cristo ao caminho da
solidariedade radical com os oprimidos e vítimas da História.
CONTEMPLAR
Um homem sírio chora sobre o
corpo de seu filho próximo ao hospital de Alepo, Síria,
outubro de 2012, Prêmio Pulitzer de 2013, Manu Brabo (1981-), Saragoça, Espanha.
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