segunda-feira, 17 de julho de 2017

O Caminho da Beleza 35 - XVI Domingo do Tempo Comum

Muitos pensam de modo diferente, sentem de modo diferente. Procuram Deus ou encontram Deus de muitos modos. Nesta multidão, nesta variedade de religiões, só há uma certeza que temos para todos: somos todos filhos de Deus. Que o diálogo sincero entre homens e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e de justiça.
(Papa Francisco, 2016)

Não temos um só Pai? Não nos criou um mesmo Deus? Por que trabalhamos tão perfidamente uns contra os outros?
(Ml 2, 10)

XVI Domingo do Tempo Comum                23.07.2017
Sb 12, 13.16-19                  Rm 8, 26-27                       Mt 13, 24-43


ESCUTAR

Ensinaste ao teu povo que o justo deve ser humano; e a teus filhos deste a confortadora esperança de que concedes o perdão aos pecadores (Sb 12, 19).

O Espírito vem em socorro da nossa fraqueza. Pois nós não sabemos o que pedir nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor com gemidos inefáveis (Rm 8, 26).

“Enquanto todos dormiam, veio o seu inimigo, semeou joio no meio do trigo e foi embora” (Mt 13, 25).


MEDITAR

Diálogo entre o venerável Uddálaka a seu filho Shvetaketu:

“Vai e traze-me um fruto da árvore nyagrodha.”
“Aqui está, venerável.”
“Abre-o.”
“Feito, venerável.”
“Que vês no interior?”
“Vejo-o, venerável, todo cheio de sementes.”
“Abre uma delas.”
“Feito, venerável.”
“Que vês em seu interior?”
“Nada, venerável.”
Então lhe disse:
“Da coisa sutil que tu de modo algum percebes, querido filho, dessa coisa sutil surgiu certamente essa enorme árvore nyagrodha. Acredita, querido filho, o que constitui essa coisa sutil, aquilo de que surgiu o universo, isso é o real, é a alma, és tu, ó Shvetaketu”.

(Chhandogya-Upanishad VI, 11-12, Hinduismo)


ORAR

O Reino de Deus é sempre um início minúsculo e insignificante. O Reino começa em alguma parte sem que ninguém se dê conta disto. Deus vem à terra como uma semente, um fermento ou um rebento. Jesus é semeador e semente ao mesmo tempo. Devemos aprender a delicadeza de Deus, sua solicitude e benevolência. Não podemos ceder à inquietude e nem nos deixar devorar pela ansiedade. Respeitemos a vida, não a sufoquemos e vivamos todas as suas possibilidades. Seja qual for o momento em que nos encontramos, não é mais do que um ponto de partida. Devemos suspeitar das transformações espetaculares e dos resultados imediatos, pois as coisas que deixam um sinal profundo tomam sempre a vereda da lentidão. A parábola do joio revela a hipocrisia descarada em que vivemos: com o propósito de arrancar o mal procuramos nos desembaraçar do que nos molesta, nos causa fastio e ameaça as nossas ambições. Se formos intempestivos, poderemos arrancar o trigo. Não existe nenhum campo que seja somente de grão bom. Quando julgamos os outros sem considerar o joio que habita em nossos corações, transformamo-nos em sinal de discórdia. O Papa Francisco disse: “O hipócrita é capaz de matar uma comunidade. Fala com docilidade, mas julga brutalmente as pessoas. O hipócrita é um assassino e começa sempre com a adulação. A linguagem da hipocrisia é a linguagem do engano; é a mesma linguagem da serpente com Eva. No final, utiliza a mesma linguagem do diabo para destruir as comunidades” (Homilia de Santa Marta, 06.06.2017). Temos que nos precaver do farisaísmo cristão fruto do fanatismo em criar igrejas perfeitas, puras, mas separadas umas das outras. Os verdadeiros malvados são os que, em vez de se empenhar no humilde esforço da prática do Evangelho (Mt 7, 21-23) arrogam-se a tarefa que é da competência de Deus. São os campeões de uma fé arrogante, presunçosa, e estão sempre prontos para suspeitar uns dos outros. Deus deseja nos ouvir em oração, mas não suporta ouvir nossos desejos minúsculos, insuficientes, mesquinhos e deformados. O Papa Francisco colocou na porta de seu quarto uma tabuleta com o escrito: “Proibido lamentar-se”, para que não sejamos possuídos pela síndrome do “vitimismo” que nos diminui o humor e a capacidade para enfrentar os desafios. Deus não deseja o que nós desejamos. O Espírito sempre vem em nosso socorro para suprir a debilidade das nossas preces. No mais fundo dos nossos corações, está o Espírito e Deus sabe qual é o desejo do Espírito. Fraudamos Deus não pelo que fazemos por Ele, mas, sobretudo, porque não O permitimos fazer maravilhas conosco.


CONTEMPLAR

Sem Título, s.d., Barcelona, Martin Molinero (1975-), Buenos Aires, Argentina.




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