Muitos pensam de modo
diferente, sentem de modo diferente. Procuram Deus ou encontram Deus de muitos
modos. Nesta multidão, nesta variedade de religiões, só há uma certeza que
temos para todos: somos todos filhos de Deus. Que o diálogo sincero entre homens
e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e de justiça.
(Papa Francisco, 2016)
Não temos um só Pai? Não nos
criou um mesmo Deus? Por que trabalhamos tão perfidamente uns contra os outros?
(Ml 2, 10)
XVII Domingo do Tempo Comum 30.07.2017
1 Rs 3, 5.7-12 Rm 8, 28-30 Mt 13, 44-52
ESCUTAR
“Dá,
pois, ao teu servo um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de
discernir entre o bem e o mal” (1 Rs 3, 9).
Sabemos
que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus (Rm 8, 28).
“Quando
encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra
aquela pérola” (Mt 13, 46).
MEDITAR
Quando
busco o meu coração, encontro-o em Ti.
Quando
busco a minha alma, encontro-a entre os Teus cabelos.
Quando,
sedento, me aproximo a uma fonte para beber,
mesmo
no pequeno espelho d’água vejo o Teu rosto refletido.
Nada
me está mais próximo do que o Amado,
mais
próximo a mim do que a minha própria alma.
E
dele não me recordo jamais,
pois
a lembrança existe para quem não está.
(Rûmî, Sufismo).
ORAR
Deus mostra a sua delicadeza ao aparecer a Salomão
em sonho. Quando dormimos não temos vergonha de nada e podemos pedir tudo o que
queremos e desejamos. Salomão não se apresenta como seguro de si. O Evangelho
apresenta as parábolas, mas talvez as nossas vidas não são a ilustração mais
pertinente e convincente da mensagem de fundo que elas contêm. Muitos de nós
chegam a ser doutores sem se converter em discípulos. Pensamos que tudo sabemos
e que podemos dar lições aos outros. O Evangelho revela que o cristão é o homem
do descobrimento gozoso e somos chamados a superar as facilidades que enganam e
consomem nosso existir. O seguidor de Cristo não é o homem da renúncia, mas da
adesão a Alguém. O discípulo não perdeu nada, pois encontrou Alguém e esta
vivência é sempre prazerosa e não mortificante. No entanto, as deformações
estão sempre à nossa espreita. Podemos acreditar que possuímos o único tesouro
e conservamos suas bagatelas e quinquilharias. Podemos querer parecer que
deixamos tudo para seguir Jesus e fazemos os outros pagarem o preço do que
abandonamos e não encontramos. O mais triste é encontrar cristãos cujas vidas
não estão marcadas pela alegria, o assombro e a surpresa de Deus. Vivem
encerrados no seu mundinho religioso sem nunca encontrar nenhum tesouro. O
tesouro do Evangelho é como um grande amor e uma imensa paixão. E esta paixão é
pelo o ideal de transformar a face do mundo e torná-lo mais fraterno. O
cristianismo não é uma religião do refúgio, da proteção e da segurança para os
nossos bens. O Evangelho nos faz trocar o certo pelo duvidoso e só assim
encontraremos o surpreendente tesouro. O amor não conhece limites nem
definições restritivas. Ele leva aquele que ama ao ponto de desistir da própria
vida pelo bem dos outros. Isto pode parecer extravagante e absurdo, mas o Reino
de Deus é para as aventuras da fé e da ternura. Não é uma recompensa para a
mediocridade.
CONTEMPLAR
Pegando a chuva, década
de 1930, Robert Doisneau (1912-1994), Paris, França.
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