XXVII
Domingo do Tempo Comum 02.10.2016
Hab
1,2-3; 2,2-4 2 Tm 1, 6-8.
13-14 Lc 17, 5-10
ESCUTAR
“Quem não é correto vai morrer, mas o justo viverá por sua
fé” (Hab 2, 4).
“Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de
fortaleza, de amor e sobriedade” (2 Tm 1, 7).
“Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer” (Lc
17,10).
MEDITAR
Sempre afirmo que o cristianismo é um pequeno rebanho, como
Jesus diz no Evangelho. Quando a comunidade cristã quer crescer e se transformar
em poder temporal, corre o risco de perder a essência religiosa. É isso que
temo. (Francisco, Sobre o Céu e a Terra,
2013).
ORAR
Somos mestres da impaciência:
“Até quando Senhor? Por quê?”. E buscamos respostas imediatas e apressadas. O
profeta é claro: “O justo viverá pela fé”. Uma fé que não se alimenta de
seguranças, explicações, mas de esperas intermináveis fruto da paciência, calma
e paz que nos leva a resistir ao desalento e à desilusão. Deus nos faz
esperar... O evangelista nos fala do servo e não do dono e nos faz saber que a
relação com Deus está sob o sinal da gratuidade e não baseada num contrato.
Existe uma desproporção entre o número imponente de servos que se consideram
necessários e indispensáveis. Estes acreditam que fizeram coisas grandiosas e
que todos devem ser informados. São os que se consideram ilustres e sentam nas
primeiras cadeiras para serem bajulados. No entanto, é João Batista que nos
lembra da atitude verdadeira do serviço: “Nisto consiste minha alegria
completa. Ele deve crescer, eu diminuir” (Jo 3, 30). Necessitamos de servos
inúteis para que a vinha do Senhor seja cultivada por seu testemunho e não por uma
exibição religiosa realizada por empresas sensacionais marcadas pelo ridículo
da falta de modéstia. Na Igreja, encontramos os que se empenham em apresentar
programas grandiosos e proclamar mudanças determinantes. No entanto, a história
é feita pelos servos inúteis. Não devemos nos levar muito a sério, pois o servo
do Evangelho não se presta à admiração pública. Prefere, depois de se colocar,
silenciosamente, à disposição, conceder-se o raríssimo e precioso prêmio da
inutilidade. Como afirmava Elke Maravilha nos tempos de repressão militar: “Não
leve a vida muito a sério, pois no final você não ficará mesmo nela”.
CONTEMPLAR
Liberação de Paris, 1944, Robert Doisneau (1912-1994), Montrouge/Paris,
França.
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