segunda-feira, 28 de março de 2016

O Caminho da Beleza 20 - II Domingo da Páscoa

II Domingo da Páscoa              03.04.2016
At 5, 12-16               Ap 1, 9-13.17-19                Jo 20, 19-31


ESCUTAR

Chegavam a transportar para as praças os doentes em camas e macas, a fim de que, quando Pedro passasse, pelo menos a sua sombra tocasse alguns deles (At 5, 15).

“Não tenhas medo. Eu sou o primeiro e o último, aquele que vive” (Ap 1, 17-18).

‘Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” (Jo 20, 29).


MEDITAR

Um pequeno passo, no meio de grandes limitações humanas, pode ser mais agradável a Deus do que uma vida exteriormente correta de quem passa os seus dias sem enfrentar grandes dificuldades (Francisco, Evangelii Gaudium, 44).


ORAR

A aparição do Cristo no livro do Apocalipse não é para a morte, mas para a vida: Ele é o Vivente, a fonte da vida. Ele não está confinado ao passado, mas é o Cristo hoje e sempre: “Estive morto, mas agora estou vivo para sempre e tenho as chaves da morte”. Como disse o Papa Francisco na sua homilia da Vigília Pascal: “Jesus é o ‘hoje’ eterno de Deus”. O Ressuscitado caminha com a Igreja também no meio das trevas e das tempestades as mais violentas. A Igreja antes de ser um lugar de culto, de doutrina, de moral e da própria religião é, essencialmente, o lugar da fé no Cristo ressuscitado. O evangelista revela justamente esse elemento vital para a comunidade eclesial: o crescimento na fé. Não só Tomé, mas também os outros discípulos têm dificuldade para crer. O evangelista concentra em Tomé esta resistência à fé, porque a fé não é fruto de uma fácil exaltação. Toda fé madura é carregada de dúvidas e isso é bom! Toda comunidade eclesial, de todos os lugares e tempos, chega progressivamente, em meio a dúvidas, perplexidades, proscrições, ao grito de fé de Tomé: “Meu Senhor e meu Deus”. Este homem, que duvida e questiona, é o primeiro a confessar a divindade de Jesus. Crescer na fé não significa se submeter a adestramentos catequéticos, mas compreender que ser Católico é estar preparado para dizer que nós não possuímos todas as respostas. O teólogo Walter Kasper disse que a Igreja teria muito mais autoridade se alguma vezes dissesse com mais frequência: “Eu não sei”. A comunidade eclesial deve, prioritariamente, acolher os que buscam, questionam, lutam, se debatem nas incertezas e perseguem, aos tropeções, um raio de luz. É uma busca dolorosa que pode ser mais autêntica que a posse de uma certeza que provoca a acomodação e a esclerose. Na comunidade eclesial, há espaço para os que chegam primeiro, mas, sobretudo, para os retardatários como Tomé. A comunidade eclesial deve manter suas portas escancaradas para todos e nunca mais fechadas para preservar os que se consideram “perfeitos na fé”. A advertência nos é, cotidianamente, lançada: “Crês que Deus existe? Muito bem! Também os demônios creem e tremem de medo” (Tg 2, 19). Meditemos as palavras da teóloga alemã Dorothee Sölle no seu poema Credo: “Eu creio em deus que não criou um mundo imutável, algo incapaz de se modificar, que não governa de acordo com leis que permanecem invioladas (...) eu creio em deus que deseja conflito na vida e quer que nós transformemos o status quo, pelo nosso trabalho, por nossas políticas [e por nossos sonhos]”.


CONTEMPLAR

Marcha pela Paz, Washington, 1967, Marc Riboud (1923-), França. Foto tirada em frente ao Pentágono numa manifestação contra a guerra do Vietnã, em março de 1967.






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