Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor 20.03.2016
Is 50, 4-7 Fl
2, 6-11 Lc 22, 14-23, 26
ESCUTAR
O
Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás (Is 50, 5).
Deus o
exaltou acima de tudo e lhe deu o nome que está acima de todo o nome. Assim, ao
nome de Jesus, todo joelho se dobre (Fl 2, 9-10).
Achamos
este homem fazendo subversão entre o nosso povo, proibindo pagar impostos a
César e afirmando ser ele mesmo Cristo, o rei (Lc 23, 2).
MEDITAR
Esta
semana avança no mistério da morte de Jesus e de sua ressurreição. Nós
escutamos a Paixão do Senhor. Será bom nos colocar uma única questão: quem eu
sou? Quem eu sou, diante de meu Senhor? Quem eu sou, diante de Jesus que entra
em festa em Jerusalém? Sou capaz de exprimir minha alegria, de louvá-lo? Ou
tomo distância? Quem eu sou, diante de Jesus que sofre? (Francisco).
ORAR
Nesta
entrada triunfal, revela-se toda a ambiguidade do povo em relação a Jesus. O
mesmo povo que O aclama se aliará às autoridades romanas e judaicas exigindo a
sua morte na Cruz: “Crucifica-o! Crucifica-o!”. Jesus sempre quis que os
lugares santos não fossem interditos aos pagãos, nem às mulheres e nem aos que
eram considerados indignos. Jesus pregava que o Templo fosse um espaço aberto,
um espaço de compaixão, de bondade, sem discriminação e oferecido a todos. Esta
era a razão da ferrenha oposição dos sacerdotes, dos anciãos e dos fariseus a
este “filho de carpinteiro”. Nesta narrativa da Paixão, todos os homens se
comportam de uma maneira que contradiz a sua vontade. Ninguém faz e nem diz o
que realmente pensa. Pedro não quer renegar o seu Mestre, mas o faz por medo de
uma serviçal; Pilatos lava as mãos e pressionado pelo povo acaba sendo um
joguete em suas mãos; Judas o trai por trinta dinheiros, mas pelas suas últimas
palavras amaria salvá-Lo: “Pequei, entregando à morte um inocente” (Mt 24, 4).
O profeta Isaías exclamava: “Ai dos que tomam as trevas por luz e a luz por
trevas” (Is 5, 20). O Reino de amor, de justiça e de paz continuará
infinitamente frágil e ameaçado enquanto consentirmos em nossos corações neste
impulso perverso de dominação sobre os mais fracos. Nós cristãos, mais do que
os outros, devemos fazer o máximo para aniquilar a miséria atual e futura da
humanidade e nos indagarmos: que tipo de existência individual e coletiva
queremos, que não se feche na busca vã de uma “felicidade” reduzida à
maximização do prazer, do poder, do dinheiro, do corpo ou do conforto? De onde
deriva o fato de que as condições de acesso ao bem-estar tenham se transformado
em fins tirânicos? Neste domingo de Ramos, sejamos como o jumentinho e
desatados de todos os nós que nos prendem, sobretudo, os do escrúpulo, da
ignorância e da superstição, não desperdicemos as nossas vidas, mas façamos
delas marcos de fraternidade e gratuidade ainda que, como Jesus, o padecimento
nos espere a fim de “completar, a favor de seu corpo que é a Igreja, o que
falta aos sofrimentos de Cristo (Col 1, 24)”.
CONTEMPLAR
Sem
Título, 1993, Chien-Chi Chang (1961-), da coleção de fotos “A
Corrente”, feitas num asilo mental, Ilha Formosa, Taiwan.
Nenhum comentário:
Postar um comentário