Domingo da Páscoa na Ressurreição do Senhor 27.03.2016
At 10, 3.37-43 Cl 3, 1-4 Jo
20, 1-9
ESCUTAR
“Deus
estava com ele” (At 10, 38).
Quando
Cristo, vossa vida, aparecer em seu triunfo, então vós aparecereis também com
ele, revestidos de glória (Cl 3, 4).
Entrou
também o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo. Ele viu e
acreditou (Jo 20, 8).
MEDITAR
Os
problemas, as preocupações de todos os dias nos compelem a nos curvar sobre nós
mesmos, na tristeza, na amargura... e aí está a morte. Não procuramos aí Aquele
que está vivo! (Francisco, Homilia,
Roma, 30 de março de 2013).
ORAR
Neste
domingo da Ressurreição, é sempre bom lembrar que a vida humana é marcada por
dois temas essenciais: o amor e a morte e com eles a indagação que nos
atemoriza cotidianamente: o poder da morte poderá vencer o amor? A morte é
sempre imprevisível, brusca e agressiva. Ela separa seres que se amam e cobre
de dor, perda e luto os nossos corações. No entanto, a natureza fica impassível
diante do nosso desespero: a terra continua a girar, a lua a cumprir o seu
ciclo, as estrelas a brilhar e o sol a se levantar e a se pôr, marcando as
luzes e as trevas. O evangelho nos faz saber que o medo, que deixa acabrunhadas
as mulheres ao caminho do túmulo, as faz pensar na lógica da violência e do
aniquilamento que, até hoje, continua a prevalecer, banalizando a vida. Apesar
de tudo, acreditam na fidelidade do seu amor pelo Mestre, sustentadas por José
de Arimatéia que, lealmente, disponibilizou o seu próprio túmulo para o
Crucificado que nunca teve nem mesmo uma pedra para reclinar a sua cabeça (cf.
Lc 9, 58). As mulheres se dirigem ao túmulo nesta manhã para ungir o morto sem
saber que Ele está mais Vivo que todos os carrascos, assassinos e os que
sobreviveram poupados pelas suas omissões e conivências. O túmulo é sempre o
símbolo de “nenhuma parte”, pois é sempre um domicílio apátrida. Madalena sabe que
se é assustador procurar o seu Bem Amado crucificado e reduzido a nada, mais
vão ainda é procurar a vida no reino dos mortos. Mas sabe também que precisa
continuar a caminhar ao encontro do outro, pois só assim o Senhor virá ao nosso
encontro. E virá sempre precedido da exclamação: “Não temais!” e
“Alegrai-vos!”. Mesmo face à morte, a vida está assegurada para os que se amam
e são amantes da ternura e da entrega recíproca capazes de fazê-los cantar como
o poema bíblico: “O amor é forte como a morte” (Cantares) e por esta razão a
vida não termina em si mesma e se desvela como o começo da eternidade. A luz da
Páscoa dissipa as trevas do mundo para que vivamos em abundância, com as
medidas transbordantes de amor e de gozo e, desta forma, vençamos a morte.
Neste domingo, não temos mais nada para temer, pois a nossa vida está escondida
em Deus e devemos nos alegrar com a certeza de que nenhuma palavra de Jesus se
perdeu, nem foi esquecida e, muito menos, sufocada e que isto jamais acontecerá
na travessia deste mundo para a eternidade, apesar do pretenso poder das
instituições civis e religiosas. O sacrifício de Isaac – “Deus ri” – é
associado com o de Jesus. Mas, como o riso exorciza o medo, o Ressuscitado nos
conclama: “Não temais!” e “Alegrai-vos!”. Doravante é inútil procurar entre os
mortos Aquele que está Vivo, pois a Ressurreição nada mais é do que uma grande
gargalhada de Deus ao vencer a morte, a última inimiga.
CONTEMPLAR
Menino
Tucano - Pari, Cachoeira – AM, s.d., Araquém Alcântara (1951-),
Brasil.
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