Epifania do Senhor 03.01.2016
Is 60, 1-6 Ef
3, 2-3.5-6 Mt 2,
1-12
ESCUTAR
Levanta
os olhos ao redor e vê, todos se reuniram e vieram a ti; teus filhos vêm
chegando de longe com tuas filhas, carregadas nos braços (Is 60, 4).
Os
pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são
associados à mesma promessa em Jesus Cristo por meio do evangelho (Ef 3, 6).
“Onde
está o rei dos judeus, que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente
e viemos adorá-lo” (Mt 2, 2).
MEDITAR
Os ministros do Evangelho devem ser
capazes de aquecer o coração das pessoas, de caminhar na noite com elas, de
saber dialogar e mesmo de descer às suas noites, na sua escuridão, sem
perder-se. O povo de Deus quer pastores e não funcionários ou “clérigos
burocratas” (Francisco, Entrevista a
Antonio Spadaro, 2013).
ORAR
A marca
da manifestação do amor de Deus, na sua totalidade, está no trecho da carta de
Paulo: “os pagãos são admitidos à mesma
herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Jesus
Cristo por meio do Evangelho”. O evangelista ratifica esta eleição de
Deus pelos pagãos, simbolicamente, representados pelos Reis Magos. Deus
fala a estes astrólogos pagãos fazendo
brilhar uma insólita estrela no meio de suas constelações habituais. Esta
palavra lhes aguça os ouvidos e os coloca, confiantes, a caminho, seguindo a
estrela. E os poderosos da Jerusalém daquele tempo, acostumados à palavra de Deus, fecham seus ouvidos à palavra
da revelação para que nada perturbe o curso habitual das suas dinastias. Os Reis
Magos nos ensinam a liberdade absoluta dos que ouvem a palavra de Deus,
pois “para ser livres, Cristo nos
libertou” (Gl 5, 1). Estes se põem a caminho, modificam o curso de suas
vidas, alteram a ordem dos dias e o desenvolvimento dos seus trabalhos, e
disponibilizam o seu tempo. E não é isto que aprendemos a chamar de metanóia, de conversão? E são os convertidos que abrem novos
caminhos para as igrejas apesar da sua resistência em aceitá-los. “Paulo, ao chegar em Jerusalém, tentava
juntar-se aos discípulos; mas eles o temiam, pois não acreditavam que fosse
discípulo” (At 9, 26). São assim as pessoas que Deus ama: os que são
habitados pela paixão da verdade, que não se contentam com fórmulas feitas,
mas, pagãos ou não, estão em autêntica busca e não temem pagar o preço das suas
descobertas e dos seus itinerários. O evangelho nunca será recebido por meio de
estradas já percorridas e, muito menos, em seguranças confortáveis. O evangelho
só é encontrado por quem está pronto para correr o risco de um êxodo e ir até o
fim de uma busca jamais terminada, pois a distância não é nada para quem se põe a caminho, ao passo que a
vizinhança não é nada para quem está e é imóvel. Nesta epifania do
Senhor, uma coisa deve ser tatuada em nosso coração: “A vida cristã é núpcias na pobreza; a cruz é o leito nupcial!”
(Hans Urs von Balthasar).
CONTEMPLAR
India. Kashmir. Srinagar, 1948,
Henri Cartier-Bresson (1908-2004), França.
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