segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

O Caminho da Beleza 04 - IV Domingo do Advento

O Caminho da Beleza 04
Leituras para a travessia da vida


“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).


IV Domingo do Advento                      21.12.2014 
2 Sm 7, 1-5.8-12.14.16                Rm 16, 25-27                     Lc 1, 26-38


ESCUTAR

Assim fala o Senhor: “Porventura és tu que me construirás uma casa para eu habitar?” (2 Sm 7, 5).

Glória seja dada àquele que tem o poder de vos confirmar na fidelidade ao meu evangelho e à pregação de Jesus Cristo, de acordo com a revelação do mistério mantido em sigilo desde sempre (Rm 16, 25).

Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc 1, 37).


MEDITAR

Eu não quero orar para estar protegido dos perigos, mas para poder enfrentá-los (Rabindranath Tagore).

Diz-se que é bendito o homem, é bendito o pão, é bendita a mulher, é bendita a terra e as outras criaturas que pareçam dignas de serem benditas; mas de modo especial é bendito o fruto do teu ventre, porque sobre todas as coisas ele é Deus bendito por todos os séculos. Portanto, bendito é o fruto do teu ventre. Bendito por seu perfume, bendito por seu sabor, bendito por sua beleza (São Bernardo de Claraval).


ORAR

Os textos deste último domingo de advento desvelam duas maneiras de acolher o Amado. A primeira, a de Davi, preocupado em construir um espaço externo para Deus: um templo mais monumental do que os santuários pagãos. A segunda, a de Maria, disponível para oferecer a Deus o espaço interior das suas entranhas de escuta e acolhida. O Senhor não está de acordo com os sonhos de grandeza do rei Davi, ainda que generosos. Deus não quer habitar uma casa de pedras, mas fazer de um povo a sua própria habitação e caminhar com ele, pois prefere as pedras vivas aos monumentos. Deus privilegia como seu Templo a comunidade humana: “Ele, que é Senhor do céu e da terra, não habita em templos construídos por homens, nem pede que o sirvam mãos humanas, como se precisasse de algo” (At 17, 24-25). Nestes dias que antecedem a chegada do Menino, estamos ansiosos e mais envolvidos com a lista de presentes, com a receita das comidas, com as vestimentas para a noite de festa e com o esplendor da árvore natalina. Tudo está pronto como o programado. Nada falta do que pensamos, mas falta Alguém. Ainda bem que existe Maria para conduzir-nos na simplicidade ao essencial e Deus tem necessidade dela. Tem necessidade de poder dispor de uma criatura que não coloque resistência à sua ação; uma criatura não encouraçada pelas coisas e nem por si mesma. Uma criatura que não diga: “Eis o que decidi e preparei”, mas apenas pronuncie: “Eis-me aqui!”. Maria de Nazaré oferece ao seu Senhor o único espaço que Ele necessitava: o seu corpo, a sua pessoa e todo o seu ser. Para o Senhor, o templo-monumento é estreito demais porque somente um templo de carne pode conter a sua glória. Só as pequenas entranhas de uma jovem conseguem abraçar a grandeza divina e nelas Deus finalmente encontrou uma casa. Nestes dias que faltam para o Natal, devemos deixar de imitar Davi com seus preparativos suntuosos e nos identificarmos com Maria na calma, na paz e na oração. O Emmanuel não reconhece seu espaço nas coisas, nos shoppings, nos salões, nos frenesis das compras e desvarios dos presentes. O Emmanuel se encontra no humilde e sussurrante Sim de quem, silenciosamente, O acolhe nas entranhas do seu ser e O embala nas vísceras de ternura do seu corpo, adormecendo-O com o ritmo do seu coração. O Natal é, antes de mais nada, um convite para redescobrir a nossa humanidade, a nossa interioridade e o nosso peregrinar para as Bodas nupciais do Cordeiro, que já está no meio de nós.


CONTEMPLAR

A Anunciação (Cestello Annunciation), c. 1489-90, Sandro Botticelli (c. 1445-1510), têmpera sobre painel de madeira, 150 cm x 156 cm, Galeria Uffizi, Florença, Itália.





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