segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

O Caminho da Beleza 03 - III Domingo do Advento

O Caminho da Beleza 03
Leituras para a travessia da vida


“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).


III Domingo do Advento                    
Is 61, 1-2a.10-11                1 Ts 5, 16-24                       Jo 1, 6-8.19-28


ESCUTAR

O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu; enviou-me para dar a boa-nova aos humildes, curar as feridas da alma, pregar a redenção para os cativos e a liberdade para os que estão presos, para proclamar o tempo da graça do Senhor (Is 62, 1).

Estai sempre alegres! Rezai sem cessar... Não apagueis o espírito! (1 Ts 5, 16.19).

Veio como testemunha da luz, de modo que todos cressem por meio dele (Jo 1, 7).


MEDITAR

Não há nada de melhor no mundo do que estas amizades maravilhosas que Deus desperta e que são como o reflexo da gratuidade e da generosidade do seu amor (Jacques Maritain).

Parti sem o mapa da estrada para descobrir Deus, sabendo que Ele está no caminho e não no fim desta mesma estrada (Madeleine Delbrêl).


ORAR

João nos inquieta com a frase: “Entre vós está alguém que vós não conheceis”. Conhecer é mais que decorar ideias e doutrinas. Conhecer, na linguagem bíblica, é o encontro de pessoas que expressam uma comunhão íntima. Conhecer não está vinculado ao saber, mas a uma experiência vital. A pergunta que devemos fazer é se temos, de fato, alguma coisa a ver com o Cristo. Se nossas vidas, preferências, ações têm algo a ver com o seu Evangelho. João nos arranca da acomodação e suas palavras afetam o nosso viver concreto. Se um profeta não incomoda e não nos coloca em crise, só pode haver duas razões: ou não é profeta ou somos alérgicos à profecia. Nossas instituições religiosas temem os profetas porque eles incomodam publicamente. Suas vozes não são domesticáveis e estão fora do controle. Os que se deixam neutralizar pelo poder não são profetas, são apenas cortesões servis. Sempre existiu uma alergia incurável entre os homens do Livro diante dos homens da Palavra, pois a Palavra julga a instituição, as estruturas religiosas e seus aparatos de poder. O verdadeiro profeta é insuportável e, por esta razão, é qualificado de falso profeta pelos que mantêm o poder religioso e civil. É uma tática desde há muito conhecida. O profeta é o que grita: “Endireitai o caminho do Senhor”, ao mesmo tempo em que os chefes asseguram que tudo está em ordem e que nada é preciso mudar. O profeta é difamado, excomungado, asilado e abandonado. Morre na infâmia e na suspeita para, pouco depois, ser exaltado e consagrado. Com as pedras que sobraram do seu apedrejamento, é construído um monumento em sua honra, pois o seu nome na lápide não incomoda mais. Teremos sempre a necessidade de uma voz insolente, pois, se ela faltar, o Senhor pode nos condenar a dormir para sempre e a paz dos nossos corações será a paz dos cemitérios. Devemos acolher a voz inoportuna do homem de Deus que grita: “Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara).


CONTEMPLAR

Vá em frente, João, o Batista, 2008, Jack Baumgartner (1976-), óleo sobre tela, Rose Hill, Kansas, Estados Unidos.





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