O Caminho da Beleza 03
Leituras para a
travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente
diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo
tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma
beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu
prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara,
1999, dias antes de sua passagem).
III
Domingo do Advento
Is 61,
1-2a.10-11 1 Ts 5, 16-24 Jo 1, 6-8.19-28
ESCUTAR
O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque
o Senhor me ungiu; enviou-me para dar a boa-nova aos humildes, curar as feridas
da alma, pregar a redenção para os cativos e a liberdade para os que estão
presos, para proclamar o tempo da graça do Senhor (Is 62, 1).
Estai sempre alegres! Rezai sem cessar... Não
apagueis o espírito! (1 Ts 5, 16.19).
Veio como testemunha da luz, de modo que todos
cressem por meio dele (Jo 1, 7).
MEDITAR
Não há
nada de melhor no mundo do que estas amizades maravilhosas que Deus desperta e
que são como o reflexo da gratuidade e da generosidade do seu amor (Jacques
Maritain).
Parti
sem o mapa da estrada para descobrir Deus, sabendo que Ele está no caminho e
não no fim desta mesma estrada (Madeleine Delbrêl).
ORAR
João nos inquieta com a frase:
“Entre vós está alguém que vós não conheceis”. Conhecer é mais que decorar
ideias e doutrinas. Conhecer, na linguagem bíblica, é o encontro de pessoas que
expressam uma comunhão íntima. Conhecer não está vinculado ao saber, mas a uma
experiência vital. A pergunta que devemos fazer é se temos, de fato, alguma
coisa a ver com o Cristo. Se nossas vidas, preferências, ações têm algo a ver
com o seu Evangelho. João nos arranca da acomodação e suas palavras afetam o
nosso viver concreto. Se um profeta não incomoda e não nos coloca em crise, só
pode haver duas razões: ou não é profeta ou somos alérgicos à profecia. Nossas
instituições religiosas temem os profetas porque eles incomodam publicamente.
Suas vozes não são domesticáveis e estão fora do controle. Os que se deixam
neutralizar pelo poder não são profetas, são apenas cortesões servis. Sempre
existiu uma alergia incurável entre os homens do Livro diante dos homens da
Palavra, pois a Palavra julga a instituição, as estruturas religiosas e seus
aparatos de poder. O verdadeiro profeta é insuportável e, por esta razão, é
qualificado de falso profeta pelos que mantêm o poder religioso e civil. É uma
tática desde há muito conhecida. O profeta é o que grita: “Endireitai o caminho
do Senhor”, ao mesmo tempo em que os chefes asseguram que tudo está em ordem e
que nada é preciso mudar. O profeta é difamado, excomungado, asilado e
abandonado. Morre na infâmia e na suspeita para, pouco depois, ser exaltado e
consagrado. Com as pedras que sobraram do seu apedrejamento, é construído um
monumento em sua honra, pois o seu nome na lápide não incomoda mais. Teremos
sempre a necessidade de uma voz insolente, pois, se ela faltar, o Senhor pode
nos condenar a dormir para sempre e a paz dos nossos corações será a paz dos
cemitérios. Devemos acolher a voz inoportuna do homem de Deus que grita: “Não
deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara).
CONTEMPLAR
Vá em
frente, João, o Batista, 2008, Jack Baumgartner (1976-), óleo
sobre tela, Rose Hill, Kansas, Estados Unidos.
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