O Caminho da Beleza 26
Leituras para a
travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente
diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo
tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma
beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu
prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara,
1999, dias antes de sua passagem).
V D0mingo da Páscoa 18.05.2014
At 6, 1-7 1 Pd 2, 4-9 Jo 14, 1-12
ESCUTAR
“Naqueles dias, o número dos discípulos tinha
aumentado, e os fiéis de origem grega começaram a queixar-se dos fiéis de
origem hebraica. Os de origem grega diziam que suas viúvas eram deixadas de
lado no atendimento diário” (At 6, 1).
“Amados,
aproximai-vos do Senhor, pedra vida, rejeitada pelos homens, mas escolhida e
honrosa aos olhos de Deus”(1 Pd 2, 4).
“Não
se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus, tende fé em mim também. Na casa
de meu Pai há muitas moradas” (Jo 14, 1).
MEDITAR
“Toda
a nossa fé é a crença de que Deus nos ama; quero dizer que não há mais nada.
Qualquer outra coisa em que dizemos acreditar é apenas uma forma de dizer que
Deus nos ama. Toda proposição, todo artigo de fé será expressão de fé apenas se
for uma forma de dizer que Deus nos ama” (Herbert McCabe).
“Todo
deus que não se apresente como resposta à questão do sentido da vida, inerente
às preocupações fundamentais da pessoa ou de um determinado grupo humano, é um
ídolo, uma ilusão ou um subterfúgio. Um deus ausente da vida torna os humanos
vítimas de devaneios mais ou menos infantis, escravos do sagrado e de
ideologias inverificáveis” (Francisco Catão).
ORAR
A leitura do livro de Atos rompe a visão idílica
das primeiras comunidades cristãs. Elas sofreram com a pequenez e a miopia dos
que privilegiavam e protegiam por serem da mesma procedência étnica. Os que
deviam se ocupar das necessidades materiais também precisam do dom do Espírito
para romper com o seu interesse pessoal e as discriminações que dele decorrem.
É o Espírito que nos impede de nos convertemos em prisioneiros das tarefas
burocráticas e administrativas. É o Espírito que noz faz saber que o serviço
prático não é uma limitação nem o apostolado um privilégio exclusivo, pois cada
um de nós constrói a comunidade eclesial a partir da sua originalidade e
experiência vital. Somos, como Cristo, pedras angulares, pedras de tropeço e
rocha que faz cair quando a nossa liberdade enfrenta as manobras do poder;
quando a nossa pobreza não está disponível para projetos de grandeza
passageira; quando a nossa palavra profética estorva os projetos sagazes e
sedutores. Somos rochas que fazem cair quando não aceitamos as regras do êxito,
da hipocrisia, do carreirismo. Somos pedras vivas quando deixamos de ser
inertes, decorativos e facilmente manipulados. Devemos ter a lucidez de que o
Cristo é maior do que as igrejas e o Evangelho maior que os nossos sermões.
Para as primeiras comunidades, o cristianismo não era uma religião, mas uma
nova forma de viver. O Cristo é o Caminho e a Vida mediados pela Verdade. Uma
Igreja verdadeira é uma Igreja que se parece com Jesus. Uma Igreja que arrisca
a perder prestígio e segurança por defender, como Jesus, a causa dos últimos.
Para Jesus, a esfera divina não é uma realidade exterior ao homem, mas
interior: existe uma fusão entre o Pai e os homens que estende ao infinito a
sua capacidade de amar. Jesus é o Caminho de um amor generoso que pode nos
amedrontar por ser custoso. É este amor generoso que nos conduzirá a crer no
esforço para a transformação do mundo e a não dissipar, num longínquo céu, os
tesouros destinados para a terra. Mais do que nunca devemos afirmar que “Deus
contemplou a sua obra e viu que tudo era belo” (Gn 1, 31).
CONTEMPLAR
O
Sagrado Coração de Jesus, Salvador Dalí, 1962, óleo sobre tela,
86.5 cm x 61 cm, coleção privada.
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