segunda-feira, 1 de abril de 2013

O Caminho da Beleza 20 - II Domingo da Páscoa


O Caminho da Beleza 20
Leituras para a travessia da vida

A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).


II Domingo de Páscoa                          07.04.2013
At 5, 12-16               Ap 1, 9-13                Jo 20, 19-31


ESCUTAR

“Chegavam a transportar para as praças os doentes em camas e macas, a fim de que, quando Pedro passasse, pelo menos a sua sombra tocasse alguns deles” (At 5, 15).


 “Não tenhas medo. Eu sou o primeiro e o último, aquele que vive. Estive morto, mas agora estou vivo para sempre” (Ap 19, 17-18).

“Bem aventurados os que creram sem terem visto” (Jo 20, 29).


MEDITAR

“Quando pensamos em salvação, pensamos sempre no além, em algo depois da morte. Mas, a salvação começa no aqui e agora da história. E a salvação no aqui e agora se traduz em viver a vida de uma forma que vale a pena” (Juan Antonio Estrada).

“Ele é Tudo: quando julga, é Lei; quando ensina, Verbo; quando salva, Graça; quando engendra, Pai; quando é engendrado, Filho; quando sofre, Cordeiro; quando é sepultado, Homem; quando ressuscita, Deus. Tal é Jesus Cristo! A Ele a glória nos séculos. Amém!” (Méliton de Sardes).


ORAR

A aparição do Cristo no livro do Apocalipse não é para a morte, mas para a vida: Ele é o Vivente, a fonte da vida. Ele não está confinado ao passado, mas é o Cristo hoje e sempre: “Estive morto, mas agora estou vivo para sempre e tenho as chaves da morte”. O Ressuscitado caminha com a Igreja também no meio das trevas e das tempestades as mais violentas. A Igreja antes de ser um lugar de culto, da doutrina, da moral e da própria religião é, essencialmente, o lugar da fé no Cristo ressuscitado. O evangelista revela mais um elemento vital para a comunidade eclesial: o crescimento na fé. Não só Tomé, mas também os outros discípulos têm dificuldade para crer. O evangelista concentra em Tomé esta resistência à fé, porque ela não é fruto de uma fácil exaltação, mas representa uma vitória que o próprio Ressuscitado deve conseguir sobre a dúvida que paralisou seus amigos e discípulos. Toda comunidade eclesial, de todos os lugares e tempos, chega progressivamente, em meio a dúvidas, perplexidades, proscrições, ao grito de fé de Tomé: “Meu Senhor e meu Deus”. As igrejas estão encarregadas de uma pedagogia de fé como uma mera planificação com esquemas obrigatórios, com tempos previstos de “amadurecimento” rigidamente pré-fixados. A fé é obra do Espírito no coração de cada homem e não o produto de uma cadeia de montagem. Devemos considerar os ritmos, as exigências e os itinerários de cada um. Crescer na fé não significa adestramentos, mas a dinâmica original e pessoal que nos conduzirá a meta única de confessar: “Meu Senhor e meu Deus!”. A comunidade eclesial deve, prioritariamente, acolher os que buscam, questionam, lutam, se debatem nas incertezas e perseguem, aos tropeções, um raio de luz. É uma busca dolorosa que pode ser mais autêntica que a posse de uma certeza que provoca a acomodação e a esclerose. Na comunidade eclesial, há espaço para os que chegam primeiro, mas, sobretudo, para os retardatários como Tomé. A comunidade eclesial deve manter suas portas escancaradas para todos e nunca mais fechadas para preservar os que se consideram “perfeitos na fé”. A advertência nos é, cotidianamente, lançada: “Crês que Deus existe? Muito bem! Também os demônios creem e tremem de medo” (Tg 2, 19). Meditemos as palavras de Etty Hillesum morta em novembro de 1943 em Auschwitz: “Uma coisa, porém, torna-se mais evidente para mim: que Tu não podes nos ajudar, mas que somos nós que devemos Te ajudar, e desse modo ajudamos a nós mesmos. A única coisa que podemos salvar nestes tempos, e também a única que realmente importa, é um pequeno pedaço de Ti em nós mesmos, meu Deus. E talvez possamos contribuir para desenterrar-Te dos corações de outros homens. Cabe a nós Te ajudar, defender até o fim a Tua casa em nós”.


CONTEMPLAR

Ressurreição, Marc Chagall, 1937, do tríptico “Resistência, Ressurreição, Liberação” (1937-1952), óleo sobre tela, 168 cm x 108 cm, Museu Nacional Marc Chagall, Nice, França.

2 comentários:

  1. Muito lindo e pertinente a meditação, e a escolha da imagem de Chagall, perfeita! Desejamos a vocês uma Feliz Páscoa ! Estamos com saudades. Tania e Sergio Mazzillo.

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    1. Gratíssimos, uma Feliz Páscoa!
      Manos da Terna Solidão

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