O Caminho da Beleza 20
Leituras para a travessia da vida
“A
beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de
nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus
porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca
do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
II Domingo de Páscoa 07.04.2013
At 5, 12-16 Ap 1, 9-13 Jo 20, 19-31
ESCUTAR
“Chegavam a transportar para as praças os doentes em camas e macas, a
fim de que, quando Pedro passasse, pelo menos a sua sombra tocasse alguns deles”
(At 5, 15).
“Não tenhas medo. Eu sou o
primeiro e o último, aquele que vive. Estive morto, mas agora estou vivo para
sempre” (Ap 19, 17-18).
“Bem aventurados os que creram sem terem visto” (Jo 20, 29).
MEDITAR
“Quando pensamos em salvação, pensamos sempre no além, em algo depois
da morte. Mas, a salvação começa no aqui e agora da história. E a salvação no
aqui e agora se traduz em viver a vida de uma forma que vale a pena” (Juan
Antonio Estrada).
“Ele é Tudo: quando julga, é Lei; quando ensina, Verbo; quando salva,
Graça; quando engendra, Pai; quando é engendrado, Filho; quando sofre,
Cordeiro; quando é sepultado, Homem; quando ressuscita, Deus. Tal é Jesus
Cristo! A Ele a glória nos séculos. Amém!” (Méliton de Sardes).
ORAR
A aparição do Cristo no livro do Apocalipse não é
para a morte, mas para a vida: Ele é o Vivente, a fonte da vida. Ele não está
confinado ao passado, mas é o Cristo hoje e sempre: “Estive morto, mas agora
estou vivo para sempre e tenho as chaves da morte”. O Ressuscitado caminha com
a Igreja também no meio das trevas e das tempestades as mais violentas. A
Igreja antes de ser um lugar de culto, da doutrina, da moral e da própria
religião é, essencialmente, o lugar da fé no Cristo ressuscitado. O evangelista
revela mais um elemento vital para a comunidade eclesial: o crescimento na fé.
Não só Tomé, mas também os outros discípulos têm dificuldade para crer. O
evangelista concentra em Tomé esta resistência à fé, porque ela não é fruto de
uma fácil exaltação, mas representa uma vitória que o próprio Ressuscitado deve
conseguir sobre a dúvida que paralisou seus amigos e discípulos. Toda
comunidade eclesial, de todos os lugares e tempos, chega progressivamente, em
meio a dúvidas, perplexidades, proscrições, ao grito de fé de Tomé: “Meu Senhor
e meu Deus”. As igrejas estão encarregadas de uma pedagogia de fé como uma mera
planificação com esquemas obrigatórios, com tempos previstos de
“amadurecimento” rigidamente pré-fixados. A fé é obra do Espírito no coração de
cada homem e não o produto de uma cadeia de montagem. Devemos considerar os
ritmos, as exigências e os itinerários de cada um. Crescer na fé não significa
adestramentos, mas a dinâmica original e pessoal que nos conduzirá a meta única
de confessar: “Meu Senhor e meu Deus!”. A comunidade eclesial deve,
prioritariamente, acolher os que buscam, questionam, lutam, se debatem nas
incertezas e perseguem, aos tropeções, um raio de luz. É uma busca dolorosa que
pode ser mais autêntica que a posse de uma certeza que provoca a acomodação e a
esclerose. Na comunidade eclesial, há espaço para os que chegam primeiro, mas,
sobretudo, para os retardatários como Tomé. A comunidade eclesial deve manter
suas portas escancaradas para todos e nunca mais fechadas para preservar os que
se consideram “perfeitos na fé”. A advertência nos é, cotidianamente, lançada:
“Crês que Deus existe? Muito bem! Também os demônios creem e tremem de medo”
(Tg 2, 19). Meditemos as palavras de Etty Hillesum morta em novembro de 1943 em
Auschwitz: “Uma coisa, porém, torna-se mais evidente para mim: que Tu não podes
nos ajudar, mas que somos nós que devemos Te ajudar, e desse modo ajudamos a
nós mesmos. A única coisa que podemos salvar nestes tempos, e também a única
que realmente importa, é um pequeno pedaço de Ti em nós mesmos, meu Deus. E
talvez possamos contribuir para desenterrar-Te dos corações de outros homens.
Cabe a nós Te ajudar, defender até o fim a Tua casa em nós”.
CONTEMPLAR
Ressurreição, Marc Chagall, 1937, do tríptico “Resistência,
Ressurreição, Liberação” (1937-1952), óleo sobre tela, 168 cm x 108 cm, Museu
Nacional Marc Chagall, Nice, França.
Muito lindo e pertinente a meditação, e a escolha da imagem de Chagall, perfeita! Desejamos a vocês uma Feliz Páscoa ! Estamos com saudades. Tania e Sergio Mazzillo.
ResponderExcluirGratíssimos, uma Feliz Páscoa!
ExcluirManos da Terna Solidão