O Caminho da Beleza 21
Leituras para a travessia da vida
“A
beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de
nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus
porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca
do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
III Domingo da Páscoa 14.04.2013
At 5, 27-32.40-41 Ap 5, 11-14 Jo 21, 1-19
ESCUTAR
“Então mandaram açoitar os apóstolos e proibiram que eles falassem em
nome de Jesus, e depois os soltaram. Os apóstolos saíram do conselho, muito
contentes por terem sido considerados dignos de injúrias por causa do nome de
Jesus” (At 5, 40-41).
“O Cordeiro imolado é digno de receber o poder, a riqueza, a sabedoria
e a força, a honra, a glória e o louvor” (Ap 5, 12).
“Moços, tendes alguma coisa para comer?” (Jo 21, 5).
MEDITAR
“A relação com Deus torna possível o impossível” (Soeur Emmanuelle).
“O segredo para ser sempre jovem, e permanecê-lo ainda que os anos
passem marcando o corpo, o segredo da eterna juventude da alma, é o de se ter
uma causa a qual consagrar a sua vida” (D. Hélder Câmara).
ORAR
Neste domingo, diferente do episódio com Tomé que
se desenvolveu no interior de uma casa, com as portas fechadas, estamos ao ar
livre: encontramos a comunidade eclesial em atitude de missão. Na paisagem
familiar do lago Tiberíades, a barca e os pescadores parecem repetir o contexto
da primeira chamada três anos antes. Desta vez, no entanto, Jesus não é
simplesmente o Mestre, mas o Senhor e a fé pascal nos permite reconhecê-Lo. As
ocupações mais ordinárias podem ser veículos para a difusão da mensagem
evangélica e o estar junto dos discípulos indica que a missão é sempre
comunitária e não um gesto isolado e autônomo. E a luz do Ressuscitado vence a
noite e toda a auto-suficiência que conduz ao fracasso e à infelicidade. Faltam
os peixes porque falta a união com Ele. Não podemos nos esquecer da advertência
do Cristo: “Sem mim não podeis fazer nada” (Jo 15, 5). Jesus lhes revela à luz
do novo dia o fracasso do seu trabalho noturno: “Moços, tendes alguma coisa
para comer?”. A pesca abundante se converte no fruto da generosidade divina e
não do trabalho dos homens. É João quem diz a Pedro: “É o Senhor!” e, mais uma
vez, é o amor quem vê melhor e chega primeiro. Pedro demora a compreender e na
sua impetuosidade se atira nu nas águas decidido a ser o primeiro a encontrar o
Senhor. A sua nudez significa que ele ainda não vestira a veste do discípulo
para fazer o que Jesus fez: cingir-se com a toalha e lavar os pés dos outros.
Jesus, apesar de ter acendido as brasas e colocado peixes e pão para assar,
revela, ao pedir que os discípulos trouxessem mais peixes, que Ele necessita do
agir da comunidade. Não tem sentido e nem razão de ser comer com Ele se não nos
entregarmos em favor dos outros. A indagação do Ressuscitado a Pedro sobre o
seu amor para com Ele desvela que a qualidade do amor é proporcional à
responsabilidade do serviço. O evangelista, ao mostrar a unidade profunda entre
o ministério e o amor, entre Pedro e João, revela que sem amor o ministério
pode se tornar agressivo e ditatorial. João, o discípulo amado, continuará, até
o fim dos tempos, íntegro na sua lealdade e velando para que a Igreja de Jesus,
apascentada por Pedro, não esmoreça, por omissão ou covardia, no seu amor
incondicional aos outros. Peçamos ao Cristo com as palavras emprestadas do
poeta Maiakóvski: “Ressuscita-me ainda que mais não seja porque sou poeta e
ansiava o futuro. Ressuscita-me lutando contra as misérias do cotidiano,
ressuscita-me por isso. Ressuscita-me quero acabar de viver o que me cabe,
minha vida, para que não mais existam amores servis. Ressuscita-me para que
ninguém mais tenha que sacrificar-se por uma casa, um buraco. Ressuscita-me
para que a partir de hoje a família se transforme e o pai seja pelo menos o
universo e a mãe seja no mínimo a terra”.
CONTEMPLAR
A Ressurreição, Matthias Grünewald, 1515, painel à direita do
Retábulo de Isenheim, óleo sobre madeira, 269 cm x 307 cm, Museu de Uterlinden,
Colmar, França.
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