domingo, 7 de abril de 2013

O Caminho da Beleza 21 - III Domingo da Páscoa


O Caminho da Beleza 21
Leituras para a travessia da vida

A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).

III Domingo da Páscoa                                    14.04.2013
At 5, 27-32.40-41                         Ap 5, 11-14              Jo 21, 1-19


ESCUTAR

“Então mandaram açoitar os apóstolos e proibiram que eles falassem em nome de Jesus, e depois os soltaram. Os apóstolos saíram do conselho, muito contentes por terem sido considerados dignos de injúrias por causa do nome de Jesus” (At 5, 40-41).

“O Cordeiro imolado é digno de receber o poder, a riqueza, a sabedoria e a força, a honra, a glória e o louvor” (Ap 5, 12).

“Moços, tendes alguma coisa para comer?” (Jo 21, 5).


MEDITAR

“A relação com Deus torna possível o impossível” (Soeur Emmanuelle).

“O segredo para ser sempre jovem, e permanecê-lo ainda que os anos passem marcando o corpo, o segredo da eterna juventude da alma, é o de se ter uma causa a qual consagrar a sua vida” (D. Hélder Câmara).


ORAR


Neste domingo, diferente do episódio com Tomé que se desenvolveu no interior de uma casa, com as portas fechadas, estamos ao ar livre: encontramos a comunidade eclesial em atitude de missão. Na paisagem familiar do lago Tiberíades, a barca e os pescadores parecem repetir o contexto da primeira chamada três anos antes. Desta vez, no entanto, Jesus não é simplesmente o Mestre, mas o Senhor e a fé pascal nos permite reconhecê-Lo. As ocupações mais ordinárias podem ser veículos para a difusão da mensagem evangélica e o estar junto dos discípulos indica que a missão é sempre comunitária e não um gesto isolado e autônomo. E a luz do Ressuscitado vence a noite e toda a auto-suficiência que conduz ao fracasso e à infelicidade. Faltam os peixes porque falta a união com Ele. Não podemos nos esquecer da advertência do Cristo: “Sem mim não podeis fazer nada” (Jo 15, 5). Jesus lhes revela à luz do novo dia o fracasso do seu trabalho noturno: “Moços, tendes alguma coisa para comer?”. A pesca abundante se converte no fruto da generosidade divina e não do trabalho dos homens. É João quem diz a Pedro: “É o Senhor!” e, mais uma vez, é o amor quem vê melhor e chega primeiro. Pedro demora a compreender e na sua impetuosidade se atira nu nas águas decidido a ser o primeiro a encontrar o Senhor. A sua nudez significa que ele ainda não vestira a veste do discípulo para fazer o que Jesus fez: cingir-se com a toalha e lavar os pés dos outros. Jesus, apesar de ter acendido as brasas e colocado peixes e pão para assar, revela, ao pedir que os discípulos trouxessem mais peixes, que Ele necessita do agir da comunidade. Não tem sentido e nem razão de ser comer com Ele se não nos entregarmos em favor dos outros. A indagação do Ressuscitado a Pedro sobre o seu amor para com Ele desvela que a qualidade do amor é proporcional à responsabilidade do serviço. O evangelista, ao mostrar a unidade profunda entre o ministério e o amor, entre Pedro e João, revela que sem amor o ministério pode se tornar agressivo e ditatorial. João, o discípulo amado, continuará, até o fim dos tempos, íntegro na sua lealdade e velando para que a Igreja de Jesus, apascentada por Pedro, não esmoreça, por omissão ou covardia, no seu amor incondicional aos outros. Peçamos ao Cristo com as palavras emprestadas do poeta Maiakóvski: “Ressuscita-me ainda que mais não seja porque sou poeta e ansiava o futuro. Ressuscita-me lutando contra as misérias do cotidiano, ressuscita-me por isso. Ressuscita-me quero acabar de viver o que me cabe, minha vida, para que não mais existam amores servis. Ressuscita-me para que ninguém mais tenha que sacrificar-se por uma casa, um buraco. Ressuscita-me para que a partir de hoje a família se transforme e o pai seja pelo menos o universo e a mãe seja no mínimo a terra”.


CONTEMPLAR

A Ressurreição, Matthias Grünewald, 1515, painel à direita do Retábulo de Isenheim, óleo sobre madeira, 269 cm x 307 cm, Museu de Uterlinden, Colmar, França.

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