O Caminho da Beleza 23
Leituras para a travessia da vida
“A
beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de
nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus
porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca
do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
V Domingo da Páscoa 28.04.2013
At 14, 21-27 Ap 21, 1-5 Jo 13, 31-35
ESCUTAR
“Chegando ali, reuniram a comunidade. Contaram-lhe tudo o que Deus
fizera por meio deles e como havia aberto a porta da fé para os pagãos” (At 14,
27).
“Eis que faço nova todas as coisas” (Ap 21, 5).
“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns
aos outros” (Jo 13, 35).
MEDITAR
“Se ousássemos escolher em cada dia prolongar nas nossas vidas o
olhar, os passos e os gestos do Cristo, nossas existências ancorariam
progressivamente na alegria do mundo” (Yvon Poitras).
“Acho a vida bela e me sinto livre. Os céus se estendem dentro de mim,
assim como acima de mim. Acredito em Deus e nos homens, e ouso dizer isso sem
falso pudor. Uma coisa é certa: deve-se contribuir para aumentar a reserva de
amor sobre esta terra. Cada migalha de ódio que se acrescenta ao ódio
exorbitante que já existe torna este mundo inóspito e inabitável” (Etty Hillesum).
ORAR
Os textos desta liturgia falam do amor fraterno que é o centro da vida
da comunidade do Cristo. Este amor fraterno é um protesto da ternura do Senhor, pois o Senhor se faz presente por
uma ternura acolhedora que, nos
iluminando, faz nascer uma maior liberdade de ação frente às doutrinas e às
normas caducas que nada têm a ver com a vida teologal – a vida de fé, esperança
e amor – do povo de Deus. Desde os tempos de Jesus, os doutores da Lei não
tinham autoridade, só tinham poder e com ele impunham a doutrina
oficial. Temos que ter a lucidez de que nenhuma outra peculiaridade das igrejas
poderá convencer o mundo da
verdade e da necessidade da pessoa do Cristo e dos seus ensinamentos: o amor
fraterno é o sinal indispensável do seguimento do Cristo. O eremita Ernesto
Cardenal escreveu: “Estas bodas de amor serão as núpcias eternas
de toda a Igreja com Cristo e de cada ser particular com Cristo, porque em cada
ser está reunida toda a Igreja; como o corpo de Cristo está todo completo em
cada hóstia e nos corpos de todos os homens e todas as mulheres”. É o
amor fraterno que nos sustenta em todas as adversidades da travessia. E por
este mesmo amor podemos converter a violência do mundo, como pregava João
Crisóstomo: “Não teriam convertido o
mundo se não tivessem amado tanto”. A nova aliança selada por Jesus com
sua vida, morte e ressurreição contempla uma única clausula e um único
compromisso decisivo: o amar com um dinamismo expansivo de um amor universal
cujas ondas e vibrações nos empurram cada vez mais para longe. Uma prática
amorosa que não olha o mérito das pessoas; que se traduz em serviço; que
valoriza a liberdade e aniquila qualquer discriminação. Um amor desarmado que
se revela mais forte do que o ódio e um amor cuja visibilidade poderá ser
reconhecida por qualquer pessoa que busque vibrar na mesma sintonia amorosa. Um
amor alternativo às trevas e que nos revela que a utopia é possível: se Deus é
Pai, os homens poderão se produzir como irmãos. É este amor que derrotará o
egoísmo e o ódio, forças de destruição, e este amor está à disposição de todo
aquele que pretenda, desde agora, viver “neste novo céu e nesta nova terra”. Isto
permanece verdadeiro até hoje e para sempre: só vivendo o amor fraterno é que
uma comunidade pode anunciar o Evangelho ao mundo. O nosso coração foi feito
para viver na alegria e na ternura de conhecer e amar a Deus no outro. Quando e
onde houver amor haverá uma vida divina
pulsando e a sua atração será irresistível. O evangelista João afirma que o
Cristo disse: “Já não vos chamo servos...mas amigos” (Jo 15, 15) e o nosso mano
Pedro Sol nos alerta: “O Cristo nos ensina a ter, desde agora, saudades dos
amigos que ainda vamos conhecer e que nos trazem uma doce inquietude ao
coração, como uma nostalgia do futuro”. Quem quiser e puder entender, que
entenda!
CONTEMPLAR
Ele tomou o pão, deu graças e o partiu...(Lc 24), Salvador Dalí, 1967, aquarela e técnica mista, 35 x 48 cm, Coleção Bíblia Sacra, Canto V/101, Milão, Itália.
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