quinta-feira, 25 de abril de 2013

O Caminho da Beleza 23 - V Domingo da Páscoa



O Caminho da Beleza 23
Leituras para a travessia da vida


A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).


V Domingo da Páscoa                          28.04.2013
At 14, 21-27                        Ap 21, 1-5                Jo 13, 31-35


ESCUTAR

“Chegando ali, reuniram a comunidade. Contaram-lhe tudo o que Deus fizera por meio deles e como havia aberto a porta da fé para os pagãos” (At 14, 27).

“Eis que faço nova todas as coisas” (Ap 21, 5).

“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13, 35).


MEDITAR

“Se ousássemos escolher em cada dia prolongar nas nossas vidas o olhar, os passos e os gestos do Cristo, nossas existências ancorariam progressivamente na alegria do mundo” (Yvon Poitras).

“Acho a vida bela e me sinto livre. Os céus se estendem dentro de mim, assim como acima de mim. Acredito em Deus e nos homens, e ouso dizer isso sem falso pudor. Uma coisa é certa: deve-se contribuir para aumentar a reserva de amor sobre esta terra. Cada migalha de ódio que se acrescenta ao ódio exorbitante que já existe torna este mundo inóspito e inabitável” (Etty Hillesum).


ORAR

         Os textos desta liturgia falam do amor fraterno que é o centro da vida da comunidade do Cristo. Este amor fraterno é um protesto da ternura do Senhor, pois o Senhor se faz presente por uma ternura acolhedora que, nos iluminando, faz nascer uma maior liberdade de ação frente às doutrinas e às normas caducas que nada têm a ver com a vida teologal – a vida de fé, esperança e amor – do povo de Deus. Desde os tempos de Jesus, os doutores da Lei não tinham autoridade, só tinham poder e com ele impunham a doutrina oficial. Temos que ter a lucidez de que nenhuma outra peculiaridade das igrejas poderá convencer o mundo da verdade e da necessidade da pessoa do Cristo e dos seus ensinamentos: o amor fraterno é o sinal indispensável do seguimento do Cristo. O eremita Ernesto Cardenal escreveu: Estas bodas de amor serão as núpcias eternas de toda a Igreja com Cristo e de cada ser particular com Cristo, porque em cada ser está reunida toda a Igreja; como o corpo de Cristo está todo completo em cada hóstia e nos corpos de todos os homens e todas as mulheres”. É o amor fraterno que nos sustenta em todas as adversidades da travessia. E por este mesmo amor podemos converter a violência do mundo, como pregava João Crisóstomo: “Não teriam convertido o mundo se não tivessem amado tanto”. A nova aliança selada por Jesus com sua vida, morte e ressurreição contempla uma única clausula e um único compromisso decisivo: o amar com um dinamismo expansivo de um amor universal cujas ondas e vibrações nos empurram cada vez mais para longe. Uma prática amorosa que não olha o mérito das pessoas; que se traduz em serviço; que valoriza a liberdade e aniquila qualquer discriminação. Um amor desarmado que se revela mais forte do que o ódio e um amor cuja visibilidade poderá ser reconhecida por qualquer pessoa que busque vibrar na mesma sintonia amorosa. Um amor alternativo às trevas e que nos revela que a utopia é possível: se Deus é Pai, os homens poderão se produzir como irmãos. É este amor que derrotará o egoísmo e o ódio, forças de destruição, e este amor está à disposição de todo aquele que pretenda, desde agora, viver “neste novo céu e nesta nova terra”. Isto permanece verdadeiro até hoje e para sempre: só vivendo o amor fraterno é que uma comunidade pode anunciar o Evangelho ao mundo. O nosso coração foi feito para viver na alegria e na ternura de conhecer e amar a Deus no outro. Quando e onde houver amor haverá uma vida divina pulsando e a sua atração será irresistível. O evangelista João afirma que o Cristo disse: “Já não vos chamo servos...mas amigos” (Jo 15, 15) e o nosso mano Pedro Sol nos alerta: “O Cristo nos ensina a ter, desde agora, saudades dos amigos que ainda vamos conhecer e que nos trazem uma doce inquietude ao coração, como uma nostalgia do futuro”. Quem quiser e puder entender, que entenda!

        
CONTEMPLAR
Ele tomou o pão, deu graças e o partiu...(Lc 24), Salvador Dalí, 1967, aquarela e técnica mista, 35 x 48 cm, Coleção Bíblia Sacra, Canto V/101, Milão, Itália.



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