quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O Caminho da Beleza 11 - IV Domingo do Tempo Comum


O Caminho da Beleza 11
Leituras para a travessia da vida

A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).


IV Domingo do Tempo Comum                   03.02.2013
Jr 1, 4-5.17-19                   1 Cor 12, 31- 13, 13                       Lc 4, 21-30

ESCUTAR

“Antes de formar-te no seio de tua mãe, eu já te conhecia, antes de saíres do ventre, eu te consagrei e te fiz profeta para as nações” (Jr 1, 5).

“O amor desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo. O amor jamais acabará” (1 Cor 13, 7-8).

“Em verdade, vos digo que nenhum profeta é aceito na sua própria terra” (Lc 4, 21, 24).


MEDITAR

“A estrada é a companheira que desposei. Ela me fala debaixo dos pés o dia todo, e a noite inteira canta para os meus sonhos. A senda e eu somos amantes. A cada noite eu troco de veste por sua causa, e a cada amanhecer deixo nas pousadas do caminho o estorvo dos velhos farrapos” (R. Tagore).

“Temos verdadeiramente lugar para Deus quando Ele tenta entrar em nós? Temos tempo e espaço para Ele? Porventura não é o próprio Deus que rejeitamos? Isto começa pelo fato de não termos tempo para Deus. Quanto mais rapidamente nos podemos mover, quanto mais eficazes se tornam os meios que nos fazem poupar tempo tanto menos temos tempo disponível. E Deus? O que diz respeito a Ele nunca parece uma questão urgente. O nosso tempo já está completamente preenchido” (Bento XVI).

ORAR

O profeta Jeremias é de uma família sacerdotal sobre a qual, durante três séculos, caíra a proscrição por ser descendente do sacerdote Abiatar, culpado do complô contra Salomão (1 Rs 2, 26-27). Neste contexto, o chamado de Jeremias assume um profundo significado. Deus o conhecia antes que no seio da mãe fosse formado. Jeremias foi amado e consagrado por Deus no sentido inverso que havia sido colocado antes a sua família. De agora em diante, dependerá totalmente de Deus e de sua palavra. Conhecido, não para ser desprezado, mas amado; separado não no sentido da excomunhão e da discriminação, mas em vista de uma missão mais ampla. Jeremias foi ignorado, escarnecido, exilado, perseguido, ameaçado, insultado, denunciado por parentes e amigos e tudo porque queriam que ele falasse o que desejavam ouvir e que ele não podia dizer. O evangelista nos mostra o confronto de Jesus com o povo de Nazaré e revela a mesma incompatibilidade vivida por Jeremias. Os habitantes de Nazaré exigem que Jesus faça o que querem: “Todas as maravilhas que fizestes em Cafarnaum, segundo ouvimos dizer, faze-as também aqui na tua pátria”. Até hoje, temos a pretensão de administrar a palavra profética segundo os nossos interesses. Jesus sai do seu povo e, como Elias e Eliseu, vai para outro lugar, buscar entre “os pagãos” a fé que escasseou entre os seus. A soberba religiosa os impedia de sair com Ele em busca dos que necessitavam de misericórdia e compaixão. Esta é a tentação permanente das pessoas religiosas que permanecem nos limites sufocantes da presunção: sequestrar o Cristo, aprisioná-Lo nos seus próprios esquemas e utilizá-Lo para seus próprios projetos. Jesus nos chama a sair de nós mesmos e a caminhar com Ele nas suas estradas de itinerários imprevisíveis. Jesus sempre funda e fundará Nazaré em outras partes, pois o povo de Jesus não é aquele em que nós nos situamos, mas onde Ele está: “Ele, porém, passando entre eles, foi-se embora” (Lc 4, 30). Se a palavra de Jeremias vem de outra parte, a de Jesus nos leva a outra parte. Em ambos os casos, é uma palavra que não se deixa confiscar por nossos desejos mesquinhos, pretensões e arrogâncias de poder. Jesus não é um sacerdote do templo e nem um mestre da Lei. Diferente dos reis e sacerdotes, o profeta não é chamado e nem ungido por ninguém, pois sua autoridade provém de Deus para consolar e guiar o seu povo quando os dirigentes políticos e religiosos não o fazem. Devemos pedir que o Senhor envie profetas para a sua Igreja, mais do que padres. Uma Igreja sem profetas caminha surda aos clamores do seu povo e acaba por colocá-lo sob a sua ordem e clericalismo por medo da novidade e da imprevisibilidade de Deus.

CONTEMPLAR

Escultura sem nome de Guido Rocha, Genebra, 1975, foto de capa do disco “Paixão segundo Cristino” de Geraldo Vandré e Frades Dominicanos, 1984, Fundação Cultural de Curitiba, Paraná, Brasil.

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