O Caminho da Beleza 07
Leituras para a travessia da vida
“A
beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de
nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus
porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca
do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
Epifania do Senhor 06.01.2013
Is 60, 1-6 Ef 3, 2-3.5-6 Mt 2, 1-12
“Levanta os olhos ao redor e
vê, todos se reuniram e vieram a ti; teus filhos vêm chegando de longe nos
braços.”(Is 60, 4).
“Os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo,
são associados à mesma promessa em Jesus Cristo por meio do evangelho” (Ef 3,
6).
“Onde está o rei dos judeus, que acaba de nascer? Nós vimos a sua
estrela no Oriente e viemos adorá-lo” (Mt 2, 2).
MEDITAR
“A vida nos oferece uma maravilhosa dádiva: o instante presente.
Desejemos a graça de vivê-lo plenamente. O tempo corre como um rio. Ele passa e
não volta. Aproveitemos, pois, o que o instante presente nos oferece tão
generosamente” (François Gervais).
“A fé não é tanto a busca de Deus pelo ser humano, mas o
reconhecimento pelo homem de que Deus vem a ele, o visita e lhe fala” (Bento
XVI).
ORAR
Não devemos insistir excessivamente nestes
elementos legendários de camelos, dromedários, estrelas, reis astutos como
Herodes e magos que estão incrustrados nas estórias da Epifania. Esta festa
representa um segundo nascimento revelado em dois temas essenciais e mais
antigos do que o próprio Natal: a manifestação de Deus e a busca dos homens. A
primeira iniciativa é de Deus e a partir dela os homens se colocam em
movimento. Deus vem ao nosso encontro e seus passos se adiantam aos nossos. Nós
O encontramos porque Ele nos busca. O homem não conquista Deus, mas se deixa
conquistar: “Tu me seduzistes, Senhor, e eu me deixei seduzir” (Jr 20, 7). A
manifestação do Senhor assume contornos planetários: “Os pagãos são admitidos à
mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em
Jesus Cristo por meio do Evangelho”. Esta festa não permite nenhuma apropriação
privilegiada e exclusiva: os filhos chegam de longe (Is 60, 4); chegam os
pagãos (Ef 3, 6); chegam os inesperados (Mt 2, 1) e os adoradores imprevistos
(Mt 2, 11). A geografia de Deus é impossível de ser ensinada, pois a sua
manifestação suscita um movimento imprevisível, sem controle e sem
regulamentos. É uma geografia sem confins e na qual é impossível estabelecer
quem é “próximo” ou quem é “distante”. Uma geografia em que as distâncias são
abolidas por um raio de luz, por uma secreta inquietude e por uma incrível
nostalgia do futuro. O sinal da estrela é espetacular, mas a realidade é
modesta, ordinária e quase decepcionante. É mais fácil ver uma estrela e ficar
impressionado por sua aparição do que nos defrontarmos com um cenário familiar
e tão comum. E neste momento, entra em jogo a fé, uma vez que somente a fé nos
permite ver além das aparências e, consequentemente, adorar. Os magos não fazem
parte dos descendentes de Abraão; não conhecem o Deus vivo e verdadeiro; não
são circuncidados, ou seja, não são membros da Aliança que tem por sinal esta
incisão na carne e nem mesmo é a Palavra de Deus que os guia na sua viagem. No
entanto, sua busca de Deus, suas meditações e suas minuciosas investigações
científicas dos sinais da natureza lhes permitem fazer uma leitura visionária
que os impulsiona a partir, seguindo simplesmente a luz de uma estrela. Os
magos evidenciam que esta criança é uma bênção destinada a toda a humanidade
conforme a promessa feita a Abraão: “Por ti e por tua descendência todos os
povos do mundo serão abençoados”(Gn 28, 14). Os padres conciliares afirmavam
que todas as culturas e tradições trazem nelas os traços e as sementes da
palavra de Deus e, nós, cristãos, devemos nos alegrar por descobrir e valorizar
as sementes do Verbo escondidas nas culturas e religiões dos vários povos (cf. Ad Gentes 112). A epifania nos questiona
se somos e seremos capazes de testemunhar a salvação definitiva que Deus nos
traz por meio de Jesus Cristo, manifestando uma simpatia cordial com todos os
homens e mulheres de todas as raças, culturas e crenças. Gravemos nos nossos
corações em mentes as palavras do papa Bento XVI: “O Senhor quer que também nós
cheguemos a ser estrelas; que também em nós aconteça esta explosão
transformadora da fé, por meio da qual é liberada a luz que Ele depositou em
nós para que encontremos o caminho e cheguemos a ser os indicadores do caminho
para os outros”.
CONTEMPLAR
Sonho dos Magos, capitel de
Gislebertus, c. 1120, Catedral de São Lázaro, Autun, Borgonha, França.
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