O Caminho da Beleza 12
Leituras para a travessia da vida
“A
beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de
nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus
porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca
do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
V Domingo do Tempo Comum 10.02.2013
Is 6, 1-2a.3-8 1 Cor 15, 1-11 Lc 5, 1-11
ESCUTAR
“Ouvi, então a voz do Senhor que
dizia: ‘A quem enviarei? Quem irá por nós?’ Respondi: ‘Aqui estou!
Envia-me’”(Is 6, 8).
“Por último, apareceu também a
mim, que sou como um aborto. Pois eu sou o menor dos apóstolos, nem mereço o
nome de apóstolo, pois eu persegui a Igreja de Deus” (1 Cor 15, 8-9).
“Não tenhas medo! De agora em
diante serás pescador de homens!” (Lc 5, 10).
MEDITAR
“Senhor, ensina-me a te descobrir
sem cessar e seja a respiração de minha vida. Meu céu interior, meu sol
escondido, minha ternura e que eu possa, por tua graça, refletir tua face a
todos os meus irmãos” (Maurice Zundel).
“Jesus nos convida cada dia a
refazer o caminho de Emaús, a caminhar com nossos irmãos e irmãs. E nós podemos
guardar a esperança. Ele nos prometeu, generosamente, sempre caminhar conosco.
Saberemos responder a sua exigência e prometido convite?” (Yvan Poitres).
ORAR
O profeta
ensina que a cada nova manhã devemos nos apresentar diante do Senhor não para
conseguir a previsão do futuro, mas para recebermos o que nos foi consignado
para este dia. O Senhor, imprevisível em suas decisões ao chamar alguém, é
também imprevisível ao delegar tarefas cotidianas. Ele sempre nos surpreende
com os pedidos mais audaciosos que sempre nos incomodam, pois sua palavra nunca
é tranquilizadora. O Senhor nunca nos pedirá bagatelas, mas o que nos
compromete para que não faltemos com os compromissos decisivos da vida. O
evangelho de hoje revela que quando as palavras da nossa experiência se esgotam
e ficamos desiludidos, ouviremos a Sua voz imperiosa: “Avança mais para o
fundo, e ali lançai vossas redes para a pesca”. Não somos chamados a ficar
estacionados no raso da praia lamentando o eterno movimento dos barcos, mas a
arriscarmos, largamente, confiantes na Palavra do Senhor que sempre nos
recompensará abundantemente. O milagre da vida está em, apesar das aparências e
do derrotismo, confiar na Palavra que vira tudo do avesso. Nos três relatos da
vocação aquele que é chamado descobre a própria insuficiência e miséria. Isaías
exclama: “Ai de mim, estou perdido. Sou um homem de lábios impuros”; Paulo se
reconhece como uma espécie de aborto e Pedro suplica: “Afasta-te de mim, porque
sou um pecador”. O Senhor quando envia alguém não faz nenhum exame das suas
virtudes, mas reconhece e agradece a sua disponibilidade. A Palavra de Deus não
age em nosso lugar, não consola as nossas frustrações e nem melhora, num passe
de mágica, a nossa situação. Ela sempre nos desinstala e nos coloca a caminho.
Somos chamados para viver, avançar nas ondas e nas tempestades do mundo e
sempre recomeçar a pesca. O discipulado deve aprender a viver na insegurança de
quem “nada tem, mas possui tudo”. Não podemos fincar os pés nas areias para que
a espuma do mar os lave, mas arriscar a vida pelos outros e, por esta razão,
Jesus invoca: “Vós deveis lavar os pés uns dos outros” (Jo 13, 14). Ele nos
desvela que o único porto seguro em que devemos ancorar nossas vidas é o amor
fraterno construído e conquistado na travessia dos nossos barcos. Estejamos
sempre atentos e em posição de sentinelas para que em todo momento e em cada
novo chamado possamos responder: “Aqui estou, envia-me!”.
CONTEMPLAR
Conversão de Paulo, Fiona Worcester, 35 cm x 35 cm, óleo e
têmpera sobre madeira com gesso, Londres, Reino Unido, 2004.
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