segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O Caminho da Beleza 50 - Festa de Todos os Santos


 O Caminho da Beleza 50
Leituras para a travessia da vida


A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).

Festa de Todos os Santos                    04.11.2012
Ap 7, 2-4- 4.9-14               1 Jo 3, 1-3                Mt 5, 1-12


ESCUTAR


“Vi uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar. Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro; trajavam vestes brancas e traziam palmas na mão” (Ap 7, 9)

“Amados, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é” (1 Jo 3, 2).


“Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, e Jesus começou a ensiná-los: Bem aventurados...” (Mt 5, 1-3).


MEDITAR

“A santidade é a humanidade inteira acolhida na redenção do Cristo, pois a santidade não é um exame de passagem difícil mesmo quando é realizado pela autoridade da Igreja. A santidade é uma graça de Deus que liberta o homem do seu pecado e o faz entrar na comunhão de Deus” (Cardeal Lustiger).

“Deus, que se fez Cordeiro, diz-nos que o mundo é salvo pelo Crucifixo e não pelos que crucificam. O mundo é redimido pela paciência de Deus e destruído pela impaciência dos homens” (Bento XVI).


ORAR

Os santos, quando aparecem em nosso horizonte, constituem uma provocação, pois o melhor de nós que se esconde no mais profundo do coração não é outra coisa que a santidade. O mais grave é imaginar que a santidade está vinculada a fenômenos excepcionais ou é feita de uma matéria rara. A santidade é feita exclusivamente de amor, é uma questão de amor e o amor é tudo: é ele que nos torna santos e o santo é alguém que não tem medo de se deixar amar. João nos incentiva: “Desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos”. Muitas vezes não apenas não queremos conhecer o que seremos, mas também não queremos saber o que somos e o que podemos ser e, por esta razão, temos dificuldades em aceitar as infinitas possibilidades que Deus nos oferece. Os santos aceitam todas as possibilidades de Deus. Como afirma o cardeal von Balthasar: “Ser santo é suportar o olhar de Deus”. Deus age em nós como uma música silenciosa porque não precisamos, necessariamente, falar de Jesus, pois falar Dele é sempre limitá-Lo e, quase sempre, fazer Dele uma caricatura. As bem-aventuranças não se dissolvem no tempo finito porque elas têm a mesma duração de Deus e Deus não descumpre a sua promessa e nem retira a sua palavra. Basta que nos aproximemos delas para ouvi-las. Santos são todos os que tiveram a coragem de dar esse passo de aproximação, de romper a sua maneira habitual e acomodada de ser e de interpretar a vida. Santos são os que não se contentam com as sensações comuns, efêmeras e inconsistentes em torno das quais sempre há muita gente. Os santos não recusam e nem desprezam a alegria, mas buscam a felicidade definitiva que dela brota. Os santos são impacientes de alegria e esta é a única tentação a que cedem e continuarão a ceder, testemunhando que a vida não é um pequeno parêntese entre dois imensos vazios. Na verdade, Deus está conduzindo até a sua verdadeira plenitude o desejo de mais vida, de justiça e de paz, cravado no interior da criação e no coração da humanidade. Acreditar no céu é acreditar que a imensa maioria de homens, mulheres e crianças que só conhecem desta vida a imposição dos poderes políticos, com a conivência das igrejas, a omissão profética dos seus pastores, as guerras, as misérias e a humilhação, não ficará sepultada no esquecimento. Todos eles conhecerão o olhar de Deus, a sua ternura e seus abraços. Todos, inclusive os santos de todas as religiões e de todos os ateísmos que viveram, anônimos, amando gratuitamente, sem nada esperar receber em troca. São homens e mulheres que vivem, mesmo sem o saber, o proclamado por Paulo: “Ele nos consola em todas as nossas aflições, para que, com a consolação que nós mesmos recebemos de Deus, possamos consolar os que se acham em toda e qualquer aflição” (2 Cor 1, 3-4). E, finalmente, poderemos ouvir ecoar as palavras de Deus: “Quem tiver sede venha, quem quiser receberá gratuitamente água de vida” (Ap 22, 17) e Deus saciará, sem que o mereçamos, a sede de vida que existe em todos nós.

CONTEMPLAR

Adoração da Trindade, Albrecht Dürer, 1511, óleo sobre madeira, 135 x 123 cm, Kunsthistorisches Museum, Viena, Áustria.

Nenhum comentário:

Postar um comentário