segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O Caminho da Beleza 51 - XXXII Domingo do Tempo Comum


O Caminho da Beleza 51
Leituras para a travessia da vida


A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).


XXXII Domingo do Tempo Comum                       11.11.2012
1 Rs 17, 10-16                     Hb 9, 24-28                       Mc 12, 38-44


ESCUTAR

“Porque assim fala o Senhor, Deus de Israel: ‘A vasilha de farinha não acabará e a jarra de azeite não diminuirá, até o dia em que o Senhor enviar a chuva sobre a face da terra’” (1 Rs 17, 14).

“Mas foi agora, na plenitude dos tempos que, uma vez por todas, ele se manifestou para destruir o pecado pelo sacrifício de si mesmo. O destino de todo homem é morrer uma só vez, e depois vem o julgamento. Do mesmo modo, também Cristo, oferecido uma vez por todas, para tirar os pecados da multidão, aparecerá uma segunda vez, fora do pecado, para salvar aqueles que esperam” (Hb 9, 26- 28).

“Jesus estava sentado no Templo, diante do cofre das esmolas, e observava como a multidão depositava suas moedas no cofre. Muitos ricos depositavam grandes quantias. Então chegou uma pobre viúva que deu duas pequenas moedas, que não valiam quase nada” (Mc 12, 41).


MEDITAR

“Quando vemos a quantidade que foi dada não podemos calcular tudo o que foi guardado por aquele que deu muito. Não vemos tudo o que roubou do outro; aquele que devolve uma parte aos pobres, como que para comprar Deus, seu Juiz” (Santo Agostinho).

“A nossa cultura envelheceu, as nossas igrejas são grandes e vazias e a burocracia eclesiástica está crescendo, os nossos ritos religiosos e vestimentas são pomposos” (Cardeal Martini).


ORAR

São duas as viúvas irmanadas pela pobreza quase miséria. Uma, pagã, salva com sua generosidade o profeta perseguido. A outra, hebreia, cujo nada que possui se converte no todo e tudo o que dá. Os dois gestos não fazem nenhum estardalhaço, não chamam a atenção e nem são anunciados pelos clarins. Jesus revela que não devemos nos deixar enganar pelo clamor dos espetáculos e nem pelas excitações deslumbradas que eles nos oferecem, pois são os sinais modestos, como os das viúvas, que conduzem a Deus. Oferecer o último punhado de farinha, a última gota de azeite, as duas únicas moedas que se possui são ações verdadeiramente grandes que só os pequenos e os pobres são capazes de realizar. Jesus acusa os escribas de vaidade, de hipocrisia e de cobiça. A vaidade expressa nas vestimentas voluptuosas, nas reverências e saudações dos abastados. A hipocrisia revelada pela devoção ostensiva e na quantidade e extensão das orações oferecidas como espetáculo para arrecadar a admiração e a estima dos outros. A cobiça que se dá na exploração sem pudor dos escribas que se servem do seu prestígio religioso para amealhar, como parasitas, benefícios materiais à custa dos mais simples e despossuídos. São os que, ao invés de orientar o povo para Deus, buscando a sua glória, atraem a atenção das pessoas para si próprios. Jesus, no entanto, ensinou para a sua comunidade um agir oposto: fazer-se último e servo; ter fé e perdoar; acolher os menores e indefesos. O Papa Bento XVI pregava: “Nossa fidelidade ao Cristo não deve nos levar à busca de honrarias, de notoriedade e de celebridade, mas ela nos convida a compreender e a fazer compreender que a verdadeira grandeza se encontra no serviço e no amor ao próximo”. Deus não olha a mão cheia de dinheiro, mas o coração. Ninguém dá mais do que aquele que não guarda nada para si ainda que seja um copo d’água. Jesus entregou o seu corpo e o seu sangue como a viúva entregou as duas moedas restantes do trabalho do seu corpo e do sangue de suas mãos. Jesus, como as duas lenhas da viúva de Sarepta, ardeu de amor nos dois lenhos que fizeram a sua cruz. Neste gesto de doação absoluta, condenaram, para todo o sempre, os que acumulam riquezas, os que dão apenas um pouquinho do muito que lhes sobra e dos que “entram, cada ano, no santuário com sangue alheio”. Jesus e estas mulheres doaram tudo o que tinham uma única e definitiva vez. Jesus nos quer fazer aprender e praticar que a nossa relação com Deus exige tudo e não apenas qualquer coisa.


CONTEMPLAR
Profeta Elias e a Viúva de Sarepta, Bernardo Strozzi, 1630, óleo sobre tela, 106 x 138 cm, Kunsthistorisches Museum, Viena, Áustria.

Nenhum comentário:

Postar um comentário