O Caminho da Beleza 51
Leituras para a travessia da vida
“A
beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de
nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus
porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca
do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
XXXII Domingo do Tempo Comum 11.11.2012
1 Rs 17, 10-16 Hb 9, 24-28 Mc 12, 38-44
ESCUTAR
“Porque assim fala o Senhor, Deus de Israel: ‘A vasilha de farinha não
acabará e a jarra de azeite não diminuirá, até o dia em que o Senhor enviar a
chuva sobre a face da terra’” (1 Rs 17, 14).
“Mas foi agora, na plenitude dos tempos que, uma vez por todas, ele se
manifestou para destruir o pecado pelo sacrifício de si mesmo. O destino de
todo homem é morrer uma só vez, e depois vem o julgamento. Do mesmo modo,
também Cristo, oferecido uma vez por todas, para tirar os pecados da multidão,
aparecerá uma segunda vez, fora do pecado, para salvar aqueles que esperam” (Hb
9, 26- 28).
“Jesus estava sentado no Templo, diante do cofre das esmolas, e
observava como a multidão depositava suas moedas no cofre. Muitos ricos
depositavam grandes quantias. Então chegou uma pobre viúva que deu duas
pequenas moedas, que não valiam quase nada” (Mc 12, 41).
MEDITAR
“Quando vemos a quantidade que foi dada não podemos calcular tudo o
que foi guardado por aquele que deu muito. Não vemos tudo o que roubou do
outro; aquele que devolve uma parte aos pobres, como que para comprar Deus, seu
Juiz” (Santo Agostinho).
“A nossa cultura envelheceu, as nossas igrejas são grandes e vazias e
a burocracia eclesiástica está crescendo, os nossos ritos religiosos e
vestimentas são pomposos” (Cardeal Martini).
ORAR
São duas as viúvas irmanadas pela pobreza quase
miséria. Uma, pagã, salva com sua generosidade o profeta perseguido. A outra,
hebreia, cujo nada que possui se
converte no todo e tudo o que dá. Os dois gestos não fazem
nenhum estardalhaço, não chamam a atenção e nem são anunciados pelos clarins.
Jesus revela que não devemos nos deixar enganar pelo clamor dos espetáculos e
nem pelas excitações deslumbradas que eles nos oferecem, pois são os sinais
modestos, como os das viúvas, que conduzem a Deus. Oferecer o último punhado de
farinha, a última gota de azeite, as duas únicas moedas que se possui são ações
verdadeiramente grandes que só os pequenos e os pobres são capazes de realizar.
Jesus acusa os escribas de vaidade, de hipocrisia e de cobiça. A vaidade
expressa nas vestimentas voluptuosas, nas reverências e saudações dos
abastados. A hipocrisia revelada pela devoção ostensiva e na quantidade e
extensão das orações oferecidas como espetáculo para arrecadar a admiração e a
estima dos outros. A cobiça que se dá na exploração sem pudor dos escribas que se
servem do seu prestígio religioso para amealhar, como parasitas, benefícios
materiais à custa dos mais simples e despossuídos. São os que, ao invés de orientar
o povo para Deus, buscando a sua glória, atraem a atenção das pessoas para si
próprios. Jesus, no entanto, ensinou para a sua comunidade um agir oposto:
fazer-se último e servo; ter fé e perdoar; acolher os menores e indefesos. O Papa
Bento XVI pregava: “Nossa fidelidade ao Cristo não deve nos levar à busca de
honrarias, de notoriedade e de celebridade, mas ela nos convida a compreender e
a fazer compreender que a verdadeira grandeza se encontra no serviço e no amor
ao próximo”. Deus não olha a mão cheia de dinheiro, mas o coração. Ninguém dá
mais do que aquele que não guarda nada para si ainda que seja um copo d’água.
Jesus entregou o seu corpo e o seu sangue como a viúva entregou as duas moedas
restantes do trabalho do seu corpo e do sangue de suas mãos. Jesus, como as
duas lenhas da viúva de Sarepta,
ardeu de amor nos dois lenhos que fizeram a sua cruz. Neste gesto de doação
absoluta, condenaram, para todo o sempre, os que acumulam riquezas, os que dão
apenas um pouquinho do muito que lhes sobra e dos que “entram, cada ano, no
santuário com sangue alheio”. Jesus e estas mulheres doaram tudo o que tinham
uma única e definitiva vez. Jesus nos quer fazer aprender e praticar que a
nossa relação com Deus exige tudo e não apenas qualquer coisa.
CONTEMPLAR
Profeta
Elias e a Viúva de Sarepta,
Bernardo Strozzi, 1630, óleo
sobre tela, 106 x 138 cm, Kunsthistorisches Museum, Viena, Áustria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário