segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O Caminho da Beleza 47 - XXVIII Domingo do Tempo Comum


O Caminho da Beleza 47
Leituras para a travessia da vida

A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).


XXVIII Domingo do Tempo Comum                     14.10.2012
Sb 7, 7-11                 Hb 4, 12-13             Mc 10, 17-30


ESCUTAR

“Orei, e foi-me dada a prudência; supliquei, e veio a mim o espírito da sabedoria. Preferi a Sabedoria aos cetros e tronos e em comparação com ela, julguei sem valor a riqueza; a ela não igualei nenhuma pedra preciosa, pois a seu lado, todo o ouro do mundo é um punhado de areia e diante dela, a prata, será como uma lama”(Sb 7, 7-9).

“A Palavra de Deus é viva, eficaz e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes” (Hb 4, 12).

“Meus filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus” (Mc 10, 24-25).


MEDITAR

“No mundo atual, abusamos demais da palavra amor: a empregamos para designar um sentimento egoísta, um amor que é um fim em si mesmo” (Madre Teresa).

“As quedas dos iniciantes provêm, na maior parte, da avidez. Nos que progridem vêm também de uma alta consideração por si mesmos. Para os que se aproximam da perfeição, vêm unicamente do fato de julgar o próximo” (João Clímaco, eremita).


ORAR

No evangelho de hoje, Jesus revela que a riqueza e o dinheiro são mais perigosos que o demônio, pois são eles que nos bloqueiam a compaixão, a autenticidade e a coragem diante das incertezas da vida. Para Jesus, a questão essencial não é a da pobreza, mas a da riqueza. Somos consumidos pela ilusão de encontrar no dinheiro alguma coisa que poderia acalmar as nossas angústias existenciais e o avaro suja o dinheiro porque não o usa, mas o esconde e o deixa, após a morte, para a ferrugem, para os ladrões e para o diabo que dividirá a família por causa da herança material. São João Crisóstomo pregava: “O meu e o teu são a causa de todas as discórdias”. Os homens são os únicos seres do mundo a saber que jamais escaparão da realidade da morte e, diante disto, a acumulação de bens não basta para enfrentar este inverno, pois ainda que nos tornássemos ricos o nosso medo não teria limite e o nosso terror não teria fim. A única saída para o enfrentamento da nossa finitude é aceitar a nossa pobreza essencial diante de Deus e abrir os nossos corações à pobreza dos outros. São Basílio exortava: “Procurais celeiros? Vós os tendes: estes celeiros são o estômago dos pobres que têm fome”. Jesus, neste evangelho, acalma-nos a angústia e nos faz superar a atitude de sermos, ao mesmo tempo, juízes e carrascos de nós mesmos: “Só Deus é bom”. Jesus faz o jovem rico, assim como nós, ganhar a lucidez ao descobrir o vínculo imediato que existe entre a superficialidade da sua/nossa vida e a coisificação do seu/nosso ser pelo dinheiro e pela posse desmedida dos bens materiais. É o dinheiro que nos converte em cegos à miséria que co-existe ao nosso lado e surdos aos gritos de aflição dos que são vitimados pela indigência. Uma sociedade que estimula o consumismo deixa como herança uma montanha ornada pelo vazio bocejante do dinheiro que tudo devora e que, ao digerir o devorado, expele-o como lixo espiritual, cultural e religioso. O salmista previne: “Se a vossa fortuna prospera, não lhe deis o coração” (Sl 62, 11). O olhar de Jesus, que procuramos evitar, ao virarmos a face para não ver os pobres, desnuda a nossa miséria interior e a nossa impotência humana para a doação e o risco. Jesus nos revela que o cêntuplo durante esta vida não será a prosperidade das riquezas materiais, mas a riqueza das riquezas: a vida eterna. O alerta de São Francisco ecoa até hoje para a Igreja que ajudou a reconstruir: “A riqueza traz o poder e o poder dilui a presença do Evangelho”. Escutemos as palavras de Jean Giono, escritor e pacifista francês, em 1937: “Privam-te das chuvas, das neves, dos sóis, das montanhas, dos rios, das florestas e da pátria que são as verdadeiras riquezas do homem. Tudo foi feito para ti e no fundo das tuas mais escuras veias fostes feito para tudo. Mas, ao contrário, deram-te em lugar uma pátria econômica, um monstro que exige, periodicamente, o sacrifício das jovens gerações, pois a pátria que te inventaram tem cada vez mais apetite”. Meditemos as palavras de Jesus, narradas pela comunidade de Mateus: “Não acumuleis riquezas na terra onde roem a traça e o caruncho, onde os ladrões arrombam e roubam. Acumulai riquezas no céu, onde não roem traça nem caruncho, onde ladrões não arrombam nem roubam. Pois onde está tua riqueza, aí estará teu coração” (Mt 6, 19-21).

CONTEMPLAR
Porque era muito rico, George Frederic Watts, 1894, óleo sobre tela, 1397 x 584 mm, Tate Collections, Reino Unido.

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