O Caminho da Beleza 38
Leituras para a travessia da vida
“A
beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de
nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus
porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca
do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
XIX Domingo do Tempo Comum 12.08.2012
1 Rs 19, 4-8 Ef 4, 30-5,2 Jo 6, 41-51
ESCUTAR
“Levanta-te e come! Ainda tens um
caminho longo a percorrer” (1 Rs 19, 7).
“Sede imitadores de Deus, como
filhos que ele ama. Vivei no amor, como Cristo nos amou e se entregou a si
mesmo por nós, em oblação e sacrifício de suave odor” (Ef 5, 1-2).
“Eu sou o pão da vida” (Jo 6,
48).
MEDITAR
“Ó coisa maravilhosa: comem do
Senhor, pobres, servos e humildes” (Panis
Angelicus).
“Duas forças nos atraem como os
imãs. Uma nos impulsiona para a idolatria: “Eu, eu, eu, somente eu”. A outra
nos impulsiona à partilha” (Abbé Pierre).
ORAR
No caminho dos
homens estão os dons de Deus: o pão assado e um jarro d’água para Elias; o
Espírito Santo para os que acreditam e o qual não podemos contristar com
amargura, irritação, cólera e injúria; e o pão da vida para os que se
comprometem com o caminho do novo êxodo. A estes dons devemos responder,
respectivamente, com o compromisso da missão; com o viver no amor sendo
imitadores de Cristo e alimentarmo-nos da carne do Filho do Homem. Somos
chamados, na nossa vida comunitária, a “ser hospitaleiros uns com os outros sem
murmurar” (1 Pd 4, 9) e a testemunharmos que a primeira hospitalidade é a do
coração. O Senhor nos cura do cansaço, como curou Elias, de uma maneira
insólita: “Levanta-te e come! Ainda tens um caminho longo a percorrer”. Para o
Senhor ficamos cansados não pelo pouco que fizemos, mas pelo muito que ainda
não fizemos. O Senhor sabe que só nos cansamos quanto não temos a coragem de
novos sonhos e quando nos movimentamos muito, mas não caminhamos e nem saímos
do lugar porque nos perdermos em devaneios estéreis. O sinal da multiplicação
responde pela quantidade de pão repartido entre todos; o sinal das bodas de
Caná responde pela qualidade de vinho oferecido a todos. Jesus anuncia que o
pão que será oferecido é a sua própria carne dada para a vida de um mundo
diverso e plural. A sua carne, dada eternamente em oferenda, deve ser
compreendida como a doação da sua existência humana para todos, sem exceção. E eternamente não significa um
prolongamento infinito da vida biológica, mas a dimensão inesgotável, na nossa
existência, do dar a vida continuamente e sempre. Devemos nos converter num
viático eucarístico; numa provisão sempre disponível de um amar que enfrenta os
desertos estéreis da intolerância e da discriminação. Estes desertos que fazem
sucumbir, pela violência, pela ignorância e pelos preconceitos, os filhos e
filhas amados do Senhor, criados à sua imagem e semelhança e submetidos à
aridez das nossas instituições religiosas e civis. O pão (Jo 6, 51) que nos dá força e nos coloca em pé é o próprio
caminho (Jo 14, 6) e se nos alimentarmos Dele também alimentaremos o caminho que
se converte em força vital para a superação dos cansaços. Gravemos no coração o
poeta espanhol: “Caminhante não existe caminho, faz-se o caminho ao andar” (Anibal
Machado)
CONTEMPLAR
O pão da vida,
Hermel Alejandre, acrílico sobre tela, 45,72 cm x 58,42 cm, Filipinas, 2010.
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