segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O Caminho da Beleza 39 - Assunção de Nossa Senhora


O Caminho da Beleza 39
Leituras para a travessia da vida


A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).


Assunção de Nossa Senhora             19.08.2012
Ap 11, 19; 12, 1.3-6.10                1 Cor 15, 20-27                  Lc 1, 39-56


ESCUTAR

“A mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar” (Ap 12, 6).

“O último inimigo a ser destruído é a morte. Com efeito, ‘Deus pôs tudo debaixo de seus pés’” (1 Cor 15, 26).

“Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” (Lc 1, 42).


MEDITAR

“A qualidade de uma sociedade ou de uma civilização se mede pelo respeito que ela manifesta aos mais fracos dos seus membros” (João Paulo II).

“Uma criança que questiona é a voz de todo um mundo que quer melhorar” (Tristan Bernard).

ORAR

A presença de Maria deve favorecer a unidade entre as pessoas e não constituir um impedimento, tantas vezes ostensivo, para a comunhão fraterna. As distorções e deformações no devocional mariano repercutem, negativamente, na vida da Igreja e terminam por falsear a sua imagem mais autêntica. A gestação de Maria é o cumprimento definitivo da Aliança e Jesus, tecido no seu ventre, é fruto destas vísceras de ternura, pois nelas se exprime a misericordiosa amorosa de Deus. Maria anuncia que o Senhor vai virar tudo do avesso. E na sua assunção, Maria não entra na posse da sua própria glória, mas participa da glória do Senhor. Maria esposou a misericórdia infinita de Deus em profunda comunhão com todas as gerações e seus destinos. O devocional mariano é, muitas vezes, exagerado porque na sua inventividade está desligado de um contato mais profundo com a Escritura. Longe de ser uma expressão de fé, ele representa o vazio da própria fé cristã, pois uma fé que se alimenta de milagreiros e visionários em dose massiva representa uma derrota da fé. Certos excessos beiram mais o sacrilégio do que à piedade. O Papa João XXIII dizia: “Com a Virgem é preciso caminhar lentamente, passo a passo, para se evitar a instrumentalização, as retóricas e os sentimentalismos”.  Maria é a catedral do grande silêncio e mais ainda, a divina silenciosa. Maria nunca está em primeiro plano, mas desaparece totalmente no Filho. Nas bodas de Caná, ela claramente afirma “Faça o que Ele diz” (Jo 2, 5) e não “Escuta-me”, mas “Escutai-O”. O paradoxo é que o Deus que se fez Homem e se manifesta, visivelmente, em nossa carne, encontra uma Mãe que se atribui a si mesma a parte da não visibilidade. O Evangelho está mais pleno do silêncio de Maria do que de suas aparições imprevistas. Os contornos da Mãe se esfumaçam na ilimitada transparência do silêncio e o mistério se encontra na profundidade daquela que prefere a penumbra. A Virgem na narrativa da Anunciação é o oposto de Zacarias, o sacerdote que pedia sinais e que queria ver, tocar, controlar e ter provas. A Virgem não deseja sinais, pois confiando na Palavra, abandona-se e se declara disponível. Seu silêncio é a expressão de plenitude e não de mutilação como no mutismo de Zacarias. A devoção autêntica de Maria nos faz habitar o terreno profundo da interioridade, da meditação, da contemplação e do compromisso concreto. A devoção verdadeira à Virgem nos coloca em oposição à nossa civilização mistificadora e se torna um antídoto à superficialidade e à publicidade ruidosa. Com Maria devemos aprender a ouvir e a silenciar, sabendo que aplaudir não significa escutar. O grande desafio para as igrejas é aniquilarmos este simulacro meloso, este arremedo adocicado em que a nossa religiosidade ocidental transformou esta mulher que, pela força da coragem e ousadia, foi agraciada pelo Senhor, como esposa e mãe. Honrar Maria é caminhar, como ela, um caminho largo e penoso para uma mãe. Caminho nosso, quando todas as dores, como as dela, se emudecem diante D’Aquele que morre de amor e por amor. No nosso momento derradeiro, como o do Filho, sabemos que ela nos contempla e ora por nós e, neste seu luto inevitável de ternura, volta a ser a mãe de todos e, nós, aparentemente mortos, somos seus filhos e filhas. Maria é a Mãe de Mil Nomes. Maria, a mãe do Belo Amor. Amada filha do Pai, amada mãe do Filho e amada Esposa do Espírito, por todos os séculos dos séculos, amém!


CONTEMPLAR

Visitação 4, Macha Chmakoff, pigmentos sobre tela, 55 cm x 46 cm, Paris, França.






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