segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O Caminho da Beleza 40 - XXI Domingo do Tempo Comum


O Caminho da Beleza 40
Leituras para a travessia da vida


A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).



XXI Domingo do Tempo Comum                26.08.2012
Js 24, 1-2a.15-17.18b                  Ef 5, 21-32              Jo 6, 60-69


ESCUTAR

“Se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir” (Js 24, 15).

“Ele quis apresentá-la [a Igreja] a si mesmo esplêndida, sem mancha nem ruga, nem defeito algum, mas santa e irrepreensível” (Ef 5, 27).

“Naquele tempo, muitos dos discípulos de Jesus que o escutaram disseram: ‘Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?’” (Jo 6, 60).


MEDITAR

“Estamos diante de um amor maior que nosso coração, uma vida mais vasta que nossa vida. Estamos diante de uma generosidade maior que a nossa. Deixai-vos amar pelo poder de Deus e sabereis amar” (Cardeal Lustiger).

“Porque ainda não vemos Deus; é amando o próximo que merecemos ver a Deus; amando o próximo é que purificamos nosso olhar para ver Deus. É como diz São João: ‘Se não amas teu irmão que vês, como poderias amar Deus que não vês?’” (Santo Agostinho).


ORAR

Somos chamados a tomar uma posição a mais clara possível. É preciso declarar a quem desejamos servir, pois o servir cristão é um exercício de liberdade que exclui a coação. Haverá momentos na nossa vida em que não serão permitidos refúgios com a sua pretensa neutralidade e nem o recurso às formulas evasivas. O Senhor é um Deus ciumento que aceita somente o compromisso total e exclusivo e despreza qualquer adesismo oportunista e equivocado. A pregação de Jesus, em Cafarnaum, provoca crises sucessivas. As multidões se afastam bruscamente porque Ele interrompeu, sem dó nem piedade, todos os seus sonhos de grandeza e fausto. No círculo dos discípulos se produzem vazios preocupantes: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?”. A Palavra, por meio do Espírito, faz-se vida e se converte em força de transformação e não de consolidação de posições adquiridas anteriormente. Todo aquele que procura se apoiar num nível racional de compreensão considera inaceitável o discurso do Cristo e intolerável a sua pretensão de se oferecer como Pão da vida. Entre os apóstolos também se difunde a desilusão ou se insinua a vontade da deserção. Jesus está disposto a ficar sozinho a pactuar condições para o seu seguimento, pois sua Palavra não espera aplausos e muito menos aceita negociações. Santo Agostinho afirma: “Se não entendestes, crê. A inteligência é fruto da fé. Não tentes, pois, entender para crer, mas crê para entender, pois se não credes não entendereis”. Jesus sabe que somente uma linguagem dura pode forçar as nossas resistências e derrubar os muros dos nossos medos. A Palavra de Deus alcança o seu fim quando descubro que Deus não pensa como eu. Paulo conclama a amar a Igreja ainda que não seja uma comunidade perfeita: a Igreja revela, mas também dissimula Deus; manifesta-O, mas em certas horas O obscurece; apresenta-O, mas muitas vezes O afasta. A Igreja nos entrega Deus no enredo de suas próprias contradições. Não podemos confundir a igreja de nossos sonhos com a Igreja fundada por Cristo e sobre Cristo. Os sonhadores de uma pureza idealista da Igreja acabam se tornando inimigos do Reino (A. Maillot). Em Deus não há sombra, nem rugas e nem manchas; ao contrário, a igreja é feita de homens e mulheres que carregam as debilidades, misérias, imperfeições e desordens. Ele nos avisou que veio para os pecadores e doentes e que a misericórdia do Pai nos atinge a todos assim como o sol e a chuva caem sobre bons e maus. Jesus ensina que a vida, mais do que a algum lugar, se vincula a uma pessoa: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna”. Melhor aceitar as duras palavras de Jesus do que querer e aceitar ser enganado pelos charlatões religiosos de palavras fáceis que nos tornam contentes e satisfeitos com o vazio que nos apresentam e que preenchem a nossa necessidade de onipotência. O Senhor deixa de lado a imagem da onipotência e revela que o Corpo de Deus está na Cruz. E, mais ainda, Ele revela que um conhecimento de si próprio, que não tenha origem no amor e não se abra ao perdão, exaspera-se numa loucura destrutiva e suicida. Sem afetos, sem entusiasmos, sem desejos e sem amor.


CONTEMPLAR

Pedro negando Jesus, Mark Christian Dachille, guache, Seatlle, Estados Unidos, 2012.










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