Como
se visse o Invisível, mantinha-se firme (Hb 11, 27).
VIII Domingo do Tempo Comum
Eclo 27, 5-8 1
Cor 15, 54-58 Lc 6, 39-45
ESCUTAR
Não elogies a ninguém antes de
ouvi-lo falar, pois é no falar que o homem se revela (Eclo 27, 8).
Meus amados irmãos, sede firmes e
inabaláveis, empenhando-vos, cada vez mais na obra do Senhor (1 Cor 15, 58).
“Por que vês tu o cisco no olho do
teu irmão e não percebes a trave que há no teu próprio olho” (Lc 6, 41).
MEDITAR
Quem fala muito, dá bom dia a cavalo.
(João Guimarães Rosa)
ORAR
A luta
contra a hipocrisia e a recuperação da sinceridade do coração são
indispensáveis para o cristão porque o orgulho é o pecado fundamental que cega
e que bloqueia a porta para o Cristo. A correção fraterna é possível só
depois de uma longa pedagogia que passa pelo confronto de si mesmo. “Não
julgues e não sereis julgados”: esta norma ética proposta por Jesus é um
convite ao respeito pelos outros e pela cautela em sermos juízes do nosso
próximo. “Quem pode conhecer o coração?” pergunta-se Jeremias e em seguida responde:
“Só Deus perscruta o coração e os rins” (Jr 17, 9-10). A ajuda para retirar o
cisco do olho do nosso irmão deve ser oferecida somente depois que o nosso olho
ficar bem claro. A liturgia de hoje é um contínuo convite a reentrar em si
mesmo para enriquecer o próprio coração e transformá-lo em uma “árvore de
bons frutos”. Muitos autores místicos disseram: “Entra em ti e lá encontrarás
Deus, os anjos e o reino”. O hipócrita tem medo de olhar para si mesmo e buscar
a narcose de seu orgulho. O homem para ser guia de um outro deve ter em si uma
luz e uma riqueza, de outra forma está destinado a ser causa de ruína não
apenas para si, mas também para os outros. O verdadeiro discípulo não se
arrogará o direito de julgar os outros, mas se humilhará “até a condição de
servo”, como o Cristo, para salvar o irmão. Não apelará à sua dignidade para
ser servido, mas se apresentará para servir. Do tesouro do seu coração ele não
tirará veneno, mas doçura e gentileza, da árvore de sua vida não extrairá
essências ou frutos mortíferos, mas será aquele que dará comida e matará a
sede, como fez o Cristo durante sua existência terrena. Dos seus lábios não
sairão palavras que atacam e intimidam, mas palavras que são “espírito e vida”.
É um canto de amor, mas também uma celebração da sinceridade do coração contra
todo orgulho e hipocrisia. Bonhoeffer,
na sua Ética, recordava que “a bondade não é uma qualidade da vida, mas
a própria vida e que ser bom significa viver”. É por isso que Jesus definiu os
hipócritas como “sepulcros caiados”, cadáveres ambulantes: eles se iludem
pensando que estão vivos e animados, mas na realidade, têm um coração impuro, estão
sem vida, são cegos e obtusos.
(Giafranco
Ravasi)
CONTEMPLAR
Close up de dois homens étnicos
diferentes, s. d., autoria
desconhecida, acessado em freepik, 27/02/2025.
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