Como
se visse o Invisível, mantinha-se firme (Hb 11, 27).
V Domingo do Tempo Comum
Is 6, 1-8 1
Cor 15, 1-11 Lc 5,
1-11
ESCUTAR
Ouvi, então a voz do Senhor que
dizia: “Quem enviarei? Quem irá por nós?” Eu respondi: “Aqui estou! Envia-me” (Is
6, 8).
Por último, apareceu também a
mim, que sou como um aborto. Pois eu sou o menor dos apóstolos, nem mereço o
nome de apóstolo, pois eu persegui a Igreja de Deus (1 Cor 15, 8-9).
“Não tenhas medo! De agora em
diante tu serás pescador de homens!” (Lc 5, 10).
MEDITAR
Senhor, ensina-me a te descobrir
sem cessar e seja a respiração de minha vida. Meu céu interior, meu sol
escondido, minha ternura e que eu possa, por tua graça, refletir tua face a
todos os meus irmãos.
(Maurice Zundel)
Ir na contracorrente: isso
faz bem ao coração, mas nos falta coragem para ir na contracorrente e Ele nos
dá essa coragem! Não há dificuldades, provas, incompreensões que devam nos
amedrontar se ficarmos unidos a Deus como os ramos são unidos à vinha, se não
perdermos a amizade com Ele, se sempre Lhe abrirmos, cada vez mais, lugar em
nossas vidas.
ORAR
O profeta
ensina que a cada nova manhã devemos nos apresentar diante do Senhor não para
conseguir a previsão do futuro, mas para recebermos o que nos foi consignado
para este dia. O Senhor, imprevisível em suas decisões ao chamar alguém, é
também imprevisível ao delegar tarefas cotidianas. Ele sempre nos surpreende
com os pedidos mais audaciosos que sempre nos incomodam, pois sua palavra nunca
é tranquilizadora. O Senhor nunca nos pedirá bagatelas, mas o que nos
compromete para que não faltemos com os compromissos decisivos da vida. O
evangelho de hoje revela que quando as palavras da nossa experiência se esgotam
e ficamos desiludidos, ouviremos a Sua voz imperiosa: “Avança para águas mais
profundas e lançai vossas redes para a
pesca”. Não somos chamados a ficar estacionados no raso da praia lamentando o
eterno movimento dos barcos, mas a arriscarmos, largamente, confiantes na
Palavra do Senhor que sempre nos recompensará abundantemente. O milagre da vida
está em, apesar das aparências e do derrotismo, confiar na Palavra que vira
tudo do avesso. Nos três relatos da vocação aquele que é chamado descobre a
própria insuficiência e miséria. Isaías exclama: “Ai de mim, estou perdido. Sou
um homem de lábios impuros”; Paulo se reconhece como uma espécie de aborto e
Pedro suplica: “Afasta-te de mim, porque sou um pecador”. O Senhor quando envia
alguém não faz nenhum exame das suas virtudes, mas reconhece e agradece a sua
disponibilidade. A Palavra de Deus não age em nosso lugar, não consola as
nossas frustrações e nem melhora, num passe de mágica, a nossa situação. Ela
sempre nos desinstala e nos coloca a caminho. Somos chamados para viver,
avançar nas ondas e nas tempestades do mundo e sempre recomeçar a pesca. O discipulado
deve aprender a viver na insegurança de quem “nada tem, mas possui tudo”. Não
podemos fincar os pés nas areias para que a espuma do mar os lave, mas arriscar
a vida pelos outros e, por esta razão, Jesus invoca: “Vós deveis lavar os pés
uns dos outros” (Jo 13, 14). Ele nos desvela que o único porto seguro em que
devemos ancorar nossas vidas é o amor fraterno construído e conquistado na
travessia dos nossos barcos. Estejamos sempre atentos e em posição de
sentinelas para que em todo momento e em cada novo chamado possamos responder:
“Aqui estou, envia-me!”.
(Manos da Terna Solidão/ Pe.
Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
Conversão de Paulo, 2004, Fiona Worcester, 35 cm x 35 cm, óleo e
têmpera sobre madeira com gesso, Londres, Reino Unido.
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