Como
se visse o Invisível, mantinha-se firme (Hb 11, 27).
VII Domingo do Tempo Comum
1 Sm 26, 2.7-9.12-13.22-23 1
Cor 15, 45-49 Lc 6, 27-38
ESCUTAR
“O Senhor retribuirá a cada um
conforme a sua justiça e a sua fidelidade” (1 Sm 26, 23).
Como foi o homem terrestre, assim são
as pessoas terrestres; e como é o homem celeste, assim também vão ser as
pessoas celestes (1 Cor 15, 48).
“Sede misericordiosos, como também o
vosso Pai é misericordioso” (Lc 6, 36).
MEDITAR
Não....
Permanecer e transcorrer
Não é perdurar, não é existir
E nem honrar a vida!
Há tantas maneiras de não ser
Tanta consciência sem saber,
adormecida...
Merecer a vida, não é calar e
consentir
Tantas injustiças repetidas...
É uma virtude, é uma dignidade
É a atitude de identidade mais
definida!
Isto de durar e transcorrer não nos
dá o direito
De presumir, porque não é o mesmo
que viver
Honrar a vida.
Não....
Permanecer e transcorrer
Nem sempre quer sugerir
Honrar a vida!
Existe tanta pequena vaidade
Em nossa estúpida e cega
humanidade.
Merecer a vida é erguer-se
verticalmente,
Muito além do mal e das quedas...
É como dar à verdade e à nossa
própria liberdade
As boas-vindas!
Isto de durar e transcorrer não nos
dá o direito
De presumir, porque não é o mesmo
que viver
Honrar a vida.
(Eladia Blazquez/Mercedes Sosa)
ORAR
O Evangelho
de hoje nos revela a condição do agir cristão: a generosidade. Ela é quem
responde pela grandeza da alma e a nobreza do caráter. Jesus nos dá as referências
de uma prática sem a qual seremos, como diz o Papa Francisco, cristãos
hipócritas: “O que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a
eles(...) Sede misericordiosos como também o vosso Pai é misericordioso”. O Pai
nos apela a sermos loucamente generosos com todos, pois esta é a forma de
justiça que Ele quer. Vivemos num ciclo de violência, do familiar ao religioso,
que só será rompido em seus grilhões de morte quando formos capazes de criar
elos de amor gratuitos e sem medidas: “Não julgueis e não sereis julgados; não
condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados”. Somos nós, os
cristãos, os que rogamos pragas, uns contra os outros, e amargamos o coração
com as palavras que dele saem. Jesus nos previne que esta atitude pode nos
levar ao limite da intolerância: “Chegará um tempo quando quem vos matar
pensará oferecer culto a Deus” (Jo 16, 2). É a louca generosidade, o amar com
toda gratuidade da oblação, que nos faz ir além da monotonia da vida cotidiana,
dos gestos repetidos, dos sorrisos formais na representação diária no cenário
do mundo. As bem-aventuranças são a desmedida de todos os limites que nos
impomos: “Dai e vos será dado. Uma boa medida, calcada, sacudida,
transbordante, será colocada no vosso colo; porque, com a mesma medida com que
medirdes os outros, vós também sereis medidos”. Temos que aniquilar as defesas
que nos aprisionam na ilusória fortaleza da fé. A fé cristã é um espaço aberto
e sem limites no qual vivemos sem nenhuma proteção. O poeta dos tempos passados escreveu: “Quem
passou pela vida em branca nuvem e em plácido repouso adormeceu (...) foi
espectro de homem e não homem, só passou pela vida, não viveu” (Francisco Otaviano).
Temos sido cristãos sem nervura e adormecidos como as igrejas que nos
resguardam pela submissão e covardia. Somos chamados a ser cristãos com vértebras
firmes e erguidas verticalmente; a darmos as boas-vindas à verdade e à própria
liberdade. Somos cristãos para proclamar, profeticamente, que passar pela vida
não é o mesmo que viver, pois além de estar vivo, é preciso, mais do que nunca,
honrar a Vida.
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo
Spiller, mts)
CONTEMPLAR
Sem Título,
sem data, autoria desconhecida, Pinterest, 2017.
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