Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como
mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).
II Domingo da Páscoa
At 2, 42-47 1
Pd 1, 3-9 Jo 20, 19-31
ESCUTAR
“Os que haviam se convertido eram perseverantes em
ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas
orações” (At 2, 42).
“Graças à fé e pelo poder de Deus, vós fostes
guardados para a salvação que deve manifestar-se nos últimos tempos” (1 Pd 1,
5).
“Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” (Jo
20, 29).
MEDITAR
Quanto a mim, confesso que acho natural
entregar-me por inteiro ao afeto de meus amigos, especialmente quando estou
cansado dos escândalos do mundo. Neles me repouso sem preocupação alguma. Pois
sinto que Deus está lá, que é n'Ele que me lanço com toda a segurança e em toda
segurança me repouso... Quando sinto que um homem, abrasado de amor cristão, tornou-se
meu amigo fiel, o que lhe confio de meus projetos e de meus pensamentos não é a
um homem que confio, mas Àquele em quem ele permanece e pelo qual é o que é.
(Santo Agostinho)
ORAR
Na
primeira comunidade não existia discriminação econômica e a prática da partilha
e da solidariedade substituía uma lógica patrimonial. Mas existiram sombras
nesta comunidade. Ananias e Safira venderam a sua propriedade, guardaram para
si parte do dinheiro e o resto depuseram aos pés dos apóstolos. Foram réus
porque mentiram ao Espírito Santo e caíram mortos aos pés de Pedro: “Não
mentiste aos homens, mas a Deus”. O evangelista apresenta uma comunidade em
crise de medo. Tomé é o gêmeo de Jesus porque é o único discípulo disposto a
dar a sua vida por Ele. A diferença entre Tomé e Pedro é que o gêmeo
compreendeu que Jesus não pede que se morra por Ele, mas com Ele.
Não somos chamados, como heróis, a dar a vida por Jesus, mas dar a vida pelos
outros como foi o seu testemunho de amor. A leitura equivocada dos evangelhos
converteu Tomé em um incrédulo. Jesus não lhe aponta um dedo ameaçador, porque
um dedo ameaçador não salva ninguém e nem é um argumento convincente. A grande
dificuldade de acreditar não vem da invisibilidade do Ressuscitado, mas da
visibilidade dos cristãos que se mostram pouco acolhedores e misericordiosos.
Tomé não nega a ressurreição de Jesus, mas revela uma atitude quase desesperada
de crer nela e faz a mais elevada profissão de fé: “Meu Senhor e meu
Deus!”. Apesar disto tudo, Jesus não o
propõe como modelo de fé. Para Jesus, o verdadeiro fundamento da fé não são as
visões e aparições nem as experiências extraordinárias, mas o simples serviço
prestado por amor. A comunidade cristã deve ser fiel ao anúncio e ao testemunho
do Evangelho; fiel ao amor fraterno expresso no serviço aos mais necessitados e
fiel à partilha eucarística, seu coração e élan
vitais. Meditemos um provérbio indiano: “Quando batemos palmas conhecemos o som
de duas mãos juntas. Mas qual é o som de uma única mão?”.
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe.
Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
S. Título, 2015, Nedim Chaabene (1968-), Flickr/CC BY, Tunísia/França.
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