quinta-feira, 13 de abril de 2023

O Caminho da Beleza 21 - II Domingo da Páscoa

Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).

II Domingo da Páscoa 

At 2, 42-47              1 Pd 1, 3-9               Jo 20, 19-31

 

ESCUTAR

“Os que haviam se convertido eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações” (At 2, 42).

“Graças à fé e pelo poder de Deus, vós fostes guardados para a salvação que deve manifestar-se nos últimos tempos” (1 Pd 1, 5).

“Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” (Jo 20, 29).

 

MEDITAR

 Quanto a mim, confesso que acho natural entregar-me por inteiro ao afeto de meus amigos, especialmente quando estou cansado dos escândalos do mundo. Neles me repouso sem preocupação alguma. Pois sinto que Deus está lá, que é n'Ele que me lanço com toda a segurança e em toda segurança me repouso... Quando sinto que um homem, abrasado de amor cristão, tornou-se meu amigo fiel, o que lhe confio de meus projetos e de meus pensamentos não é a um homem que confio, mas Àquele em quem ele permanece e pelo qual é o que é.

(Santo Agostinho)

 

ORAR

      Na primeira comunidade não existia discriminação econômica e a prática da partilha e da solidariedade substituía uma lógica patrimonial. Mas existiram sombras nesta comunidade. Ananias e Safira venderam a sua propriedade, guardaram para si parte do dinheiro e o resto depuseram aos pés dos apóstolos. Foram réus porque mentiram ao Espírito Santo e caíram mortos aos pés de Pedro: “Não mentiste aos homens, mas a Deus”. O evangelista apresenta uma comunidade em crise de medo. Tomé é o gêmeo de Jesus porque é o único discípulo disposto a dar a sua vida por Ele. A diferença entre Tomé e Pedro é que o gêmeo compreendeu que Jesus não pede que se morra por Ele, mas com Ele. Não somos chamados, como heróis, a dar a vida por Jesus, mas dar a vida pelos outros como foi o seu testemunho de amor. A leitura equivocada dos evangelhos converteu Tomé em um incrédulo. Jesus não lhe aponta um dedo ameaçador, porque um dedo ameaçador não salva ninguém e nem é um argumento convincente. A grande dificuldade de acreditar não vem da invisibilidade do Ressuscitado, mas da visibilidade dos cristãos que se mostram pouco acolhedores e misericordiosos. Tomé não nega a ressurreição de Jesus, mas revela uma atitude quase desesperada de crer nela e faz a mais elevada profissão de fé: “Meu Senhor e meu Deus!”.  Apesar disto tudo, Jesus não o propõe como modelo de fé. Para Jesus, o verdadeiro fundamento da fé não são as visões e aparições nem as experiências extraordinárias, mas o simples serviço prestado por amor. A comunidade cristã deve ser fiel ao anúncio e ao testemunho do Evangelho; fiel ao amor fraterno expresso no serviço aos mais necessitados e fiel à partilha eucarística, seu coração e élan vitais. Meditemos um provérbio indiano: “Quando batemos palmas conhecemos o som de duas mãos juntas. Mas qual é o som de uma única mão?”.

(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)

 

CONTEMPLAR

S. Título, 2015, Nedim Chaabene (1968-), Flickr/CC BY, Tunísia/França.




 

 

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