Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como
mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).
III Domingo da Páscoa
At 2, 14.22-23 1
Pe 1, 17-21 Lc 24,
13-35
ESCUTAR
“Deus, em seu desígnio e previsão, determinou que Jesus fosse entregue pelas mãos dos ímpios, e vós o matastes, pregando-o numa cruz” (At 2, 23).
“Sabeis que fostes resgatados da vida fútil herdada de vossos pais não por meio de coisas perecíveis, como prata ou o ouro, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha nem defeito” (1 Pe 1, 18-19).
“Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” (Lc 24,32).
MEDITAR
A ressurreição não é uma fuga da vida, não é um refúgio num paraíso artificial nem mesmo uma volta ao antigo jardim perdido das delícias. A fé não é um ópio para fazer esquecer no irreal. Ressuscitar é voltar transformado ao próprio lugar da ferida.
(Dominique Collin)
ORAR
Quando o Ressuscitado nos deseja a paz não
quer dizer que devemos estar tranquilos, mas que devemos abrir os olhos para
fazer novas todas as coisas (Ap 21, 5) e não correr o risco de voltar atrás. A
palavra profética faz uma reviravolta em nossos corações e nos obriga a uma
mudança radical no modo de valorizar os nossos atos. Nós nos assemelhamos aos
discípulos de Emaús: estamos muito bem informados das últimas notícias e o
Cristo parece estar desinformado e com a necessidade de ser atualizado. Temos
uma dificuldade, e nem fazemos nenhum esforço, para compreender e interpretar o
significado das coisas que acontecem. Jesus, antes de ser reconhecido ao partir
o pão, revela as Escrituras e se revela a si mesmo. A Páscoa não é um relato de
uma grande ilusão nem uma estória a ser contada e recontada. A fé não recobre
as lacunas da nossa intuição ou da nossa experiência e muitas vezes nos
perdemos na proliferação dos nossos conceitos. Os discípulos tinham uma
abundante informação sobre Jesus: suas lembranças históricas e o relato das
mulheres e, no entanto, foram incapazes de reconhecer o Vivente ao seu lado caminhando
com eles. Os discípulos haviam perdido a fé e a esperança. Mortos, marchavam com um Vivo; mortos,
marchavam com a Vida ainda que seus corações não houvessem retornado à vida.
Para eles, Jesus estava morto e ponto final: “Pena que tenha terminado assim”.
Quando Jesus os reencontra haviam perdido o caminho. Apesar de que tudo
houvesse sido dito sobre o sofrimento, a morte e a ressurreição, eles haviam
perdido a memória sobre o que acontecera. Não lhes ardia mais o coração, pois
perderam a intimidade com Jesus vivo. E quando perdemos esta intimidade tudo se
torna inútil. Estavam sem esperança, sem meta e nem objetivo, porque Jesus
havia desaparecido de suas vidas. Jesus sempre nos alcança, não só quando O
buscamos, mas, sobretudo, quando fugimos da vida em comunhão e nos isolamos dos
outros. Neste reencontro, Jesus nos envia cheios de vida para contagiar com a
paz cada casa, aliviar o sofrimento e anunciar que Deus está próximo e se
preocupa conosco. O Ressuscitado torna
possível esta passagem da não-fé à fé no decorrer de uma refeição
partilhada. São três as conversões no
caminho de Emaús: a da tristeza em alegria; a da obscuridade à luz e a
conversão à vida comunitária: “Voltaram para Jerusalém, onde encontraram os
onze reunidos com os outros”. O Ressuscitado se revela na hospitalidade e a
partilha do pão torna o Vivente presente e permite a fé nascer. Meditemos as
palavras de Agostinho de Hipona: “Acolha o estrangeiro, se queres reconhecer o
Salvador. Isto que a dúvida fez perder, a hospitalidade resgatou. O Senhor
manifestou a sua presença na partilha do pão”.
(Manos da Terna Solidão/ Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
Emaús, 1992, Janet Brooks-Gerloff (1947-2008), Estados Unidos/Alemanha.
Que beleza! O Ressuscitado revela-se no caminho, no diálogo que aquece o coração, na acolhida, no repartir do pão!
ResponderExcluirSaludos desde Barquisimeto, Edo. Lara, Venezuela
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