quinta-feira, 20 de abril de 2023

O Caminho da Beleza 22 - III Domingo da Páscoa

Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).

III Domingo da Páscoa           

At 2, 14.22-23                    1 Pe 1, 17-21                        Lc 24, 13-35

 

ESCUTAR

“Deus, em seu desígnio e previsão, determinou que Jesus fosse entregue pelas mãos dos ímpios, e vós o matastes, pregando-o numa cruz” (At 2, 23).

“Sabeis que fostes resgatados da vida fútil herdada de vossos pais não por meio de coisas perecíveis, como prata ou o ouro, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha nem defeito” (1 Pe 1, 18-19).

“Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” (Lc 24,32).

 

MEDITAR

A ressurreição não é uma fuga da vida, não é um refúgio num paraíso artificial nem mesmo uma volta ao antigo jardim perdido das delícias. A fé não é um ópio para fazer esquecer no irreal. Ressuscitar é voltar transformado ao próprio lugar da ferida.

(Dominique Collin)

 

ORAR

     Quando o Ressuscitado nos deseja a paz não quer dizer que devemos estar tranquilos, mas que devemos abrir os olhos para fazer novas todas as coisas (Ap 21, 5) e não correr o risco de voltar atrás. A palavra profética faz uma reviravolta em nossos corações e nos obriga a uma mudança radical no modo de valorizar os nossos atos. Nós nos assemelhamos aos discípulos de Emaús: estamos muito bem informados das últimas notícias e o Cristo parece estar desinformado e com a necessidade de ser atualizado. Temos uma dificuldade, e nem fazemos nenhum esforço, para compreender e interpretar o significado das coisas que acontecem. Jesus, antes de ser reconhecido ao partir o pão, revela as Escrituras e se revela a si mesmo. A Páscoa não é um relato de uma grande ilusão nem uma estória a ser contada e recontada. A fé não recobre as lacunas da nossa intuição ou da nossa experiência e muitas vezes nos perdemos na proliferação dos nossos conceitos. Os discípulos tinham uma abundante informação sobre Jesus: suas lembranças históricas e o relato das mulheres e, no entanto, foram incapazes de reconhecer o Vivente ao seu lado caminhando com eles. Os discípulos haviam perdido a fé e a esperança.  Mortos, marchavam com um Vivo; mortos, marchavam com a Vida ainda que seus corações não houvessem retornado à vida. Para eles, Jesus estava morto e ponto final: “Pena que tenha terminado assim”. Quando Jesus os reencontra haviam perdido o caminho. Apesar de que tudo houvesse sido dito sobre o sofrimento, a morte e a ressurreição, eles haviam perdido a memória sobre o que acontecera. Não lhes ardia mais o coração, pois perderam a intimidade com Jesus vivo. E quando perdemos esta intimidade tudo se torna inútil. Estavam sem esperança, sem meta e nem objetivo, porque Jesus havia desaparecido de suas vidas. Jesus sempre nos alcança, não só quando O buscamos, mas, sobretudo, quando fugimos da vida em comunhão e nos isolamos dos outros. Neste reencontro, Jesus nos envia cheios de vida para contagiar com a paz cada casa, aliviar o sofrimento e anunciar que Deus está próximo e se preocupa conosco.  O Ressuscitado torna possível esta passagem da não-fé à fé no decorrer de uma refeição partilhada.  São três as conversões no caminho de Emaús: a da tristeza em alegria; a da obscuridade à luz e a conversão à vida comunitária: “Voltaram para Jerusalém, onde encontraram os onze reunidos com os outros”. O Ressuscitado se revela na hospitalidade e a partilha do pão torna o Vivente presente e permite a fé nascer. Meditemos as palavras de Agostinho de Hipona: “Acolha o estrangeiro, se queres reconhecer o Salvador. Isto que a dúvida fez perder, a hospitalidade resgatou. O Senhor manifestou a sua presença na partilha do pão”.

(Manos da Terna Solidão/ Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)

 

CONTEMPLAR

Emaús, 1992, Janet Brooks-Gerloff (1947-2008), Estados Unidos/Alemanha.



2 comentários:

  1. Que beleza! O Ressuscitado revela-se no caminho, no diálogo que aquece o coração, na acolhida, no repartir do pão!

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  2. Saludos desde Barquisimeto, Edo. Lara, Venezuela

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