A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de
dois gumes (Hb 4, 12).
Epifania do Senhor
Is 60, 1-6 Ef
3, 2-3.5-6 Mt 2,
1-12
ESCUTAR
Levanta os olhos ao redor e vê, todos se reuniram e vieram a ti; teus filhos vêm chegando de longe com tuas filhas, carregadas nos braços (Is 60, 4).
Os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo por meio do evangelho (Ef 3, 6).
“Onde está o rei dos judeus, que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo” (Mt 2, 2).
MEDITAR
Os ministros do Evangelho devem ser capazes de aquecer o coração das pessoas, de caminhar na noite com elas, de saber dialogar e mesmo de descer às suas noites, na sua escuridão, sem perder-se. O povo de Deus quer pastores e não funcionários ou “clérigos burocratas” (Francisco, Entrevista a Antonio Spadaro, 2013).
“O que verdadeiramente conta, o que marcará os séculos futuros, não é o que faz mais barulho, mas o que Deus realiza, em segredo, no coração de tantos homens e mulheres de nosso tempo que aceitam se tornar, após os magos, peregrinos nos caminhos de Deus” (D. Guillaume Jedrzejczak, abade do mosteiro trapista de Sainte Marie du Mont de Cats, França).
ORAR
A marca da manifestação do amor de Deus, na sua totalidade, está no trecho da carta de Paulo: “os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo por meio do Evangelho”. O evangelista ratifica esta eleição de Deus pelos pagãos, simbolicamente, representados pelos Reis Magos. Deus fala a estes astrólogos pagãos fazendo brilhar uma insólita estrela no meio de suas constelações habituais. Esta palavra lhes aguça os ouvidos e os coloca, confiantes, a caminho, seguindo a estrela. E Israel, acostumada à palavra de Deus, fecha seus ouvidos à palavra da revelação para que nada perturbe o curso habitual das suas dinastias. Os Reis Magos nos ensinam a liberdade absoluta dos que ouvem a palavra de Deus, pois “para ser livres, Cristo nos libertou” (Gl 5, 1). Estes se põem a caminho, modificam o curso de suas vidas, alteram a ordem dos dias e o desenvolvimento dos seus trabalhos, e disponibilizam o seu tempo. E não é isto que aprendemos a chamar de metanóia, de conversão? E são os convertidos que abrem novos caminhos para as igrejas apesar da resistência delas em aceitá-los. “Paulo, ao chegar em Jerusalém, tentava juntar-se aos discípulos; mas eles o temiam, pois não acreditavam que fosse discípulo” (At 9, 26). São assim as pessoas que Deus ama: os que são habitados pela paixão da verdade, que não se contentam com fórmulas feitas, mas, pagãos ou não, estão em autêntica busca e não temem pagar o preço das suas descobertas e dos seus itinerários. O evangelho nunca será recebido por meio de estradas já percorridas e, muito menos, em seguranças confortáveis. O evangelho só é encontrado por quem está pronto para correr o risco de um êxodo e ir até o fim de uma busca jamais terminada, pois a distância não é nada para quem se põe a caminho, ao passo que a vizinhança não é nada para quem está e é imóvel. Nesta epifania do Senhor, uma coisa deve ser tatuada em nosso coração: “A vida cristã é núpcias na pobreza; a cruz é o leito nupcial!” (Hans Urs von Balthasar).
(Manos da Terna Solidão)
CONTEMPLAR
S. Título, anônimo, site vatican.news, acessado 31.12.2021.
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