sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

O Caminho da Beleza 07 - Batismo do Senhor

A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).

Batismo do Senhor                   

Is 42, 1-4.6-7                      At 10, 34-38                       Lc 3, 15-16.21-22

 

ESCUTAR

“Eis o meu servo – eu o recebo; eis o meu eleito – nele se compraz minha alma” (Is 42, 1).

“Deus não faz distinção entre as pessoas. Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença” (At 10, 34).

Enquanto rezava, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre Jesus em forma visível, como pomba (Lc 3, 21-22).

 

MEDITAR

Justiça e paz em casa, entre nós. Isto começa em casa e depois se expande por toda a humanidade. Mas nós devemos começar conosco. O Espírito Santo age nos corações, dissipa os fechamentos e as durezas e faz com que nos enterneçamos diante da fragilidade do menino Jesus (Francisco, Angelus, janeiro 2014).

Um homem que caminha, um pássaro que voa, uma folha que tomba: tudo anuncia o começo de uma dança. No coração do átomo e no balé dos astros, o ritmo e a harmonia são semeados por nosso Criador e Pai. Escutar a música, olhar a dança são verdadeiras orações (D. Hélder Câmara).

 

ORAR

       Jesus não se enquadra nos esquemas e nos escaninhos que os homens predispuseram para Ele. Jesus desmente a própria imagem apresentada pelo Batista: um Messias cheio de ira e que colocaria ordem “na casa”. O estilo de Jesus não condiz com os gostos e as previsões dos que O esperavam. O seu modo diferente de ser é o de Servo (Is 42, 1ss): que não faz publicidade, não enche as praças com uma voz potente e sonora cheia de retóricas e ameaças. Ele é solidário com os perdedores, com os fracos; com os capazes de dar confiança e sustentar a esperança. Ele se coloca ao lado dos pobres e daqueles que não contam para a sociedade da opulência e do consumo. O batismo prefigura a morte e a ressurreição de Jesus. A imersão no rio simboliza a ação de morrer e o seu emergir à vida nova é selado pelo abrir do céu e a voz do seu Pai que exclama o seu bem querer. O céu aberto para sempre traz o novo dia e nos faz saber que o muro entre Deus e os homens foi destruído: Deus não é mais o Inacessível. Jesus tem preferência por todos e “andava por toda a parte fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio, porque Deus estava com ele”. Jesus manifesta o seu poder ao se ocupar dos fracos revelando-se como manso e humilde de coração. O nosso batismo deve ultrapassar os registros dos arquivos paroquiais numa prática cristã que honre os compromissos que outros assumiram por nós. Não basta delegar à certidão paroquial a prova de que somos batizados. É necessário que o batismo seja assumido por nós para que não se sepulte como um ato convencional e social. Caso contrário, seremos demissionários do nome de cristãos que nos deram. Antes, quando crianças, não podíamos ler o Evangelho. Agora, podemos e devemos, pois temos o direito de saber o que somos e qual a prática de vida que nos qualifica como cristãos. Batismo e manifestação de Jesus de Nazaré coincidem. O que agrada o Senhor não são os ritos carentes de amor, mas uma vida “em espírito e em verdade” no Espírito de Jesus. O cardeal Ratzinger escrevia: “O batismo é o arco-íris de Deus sobre nossa vida, a promessa do seu grande Sim, a porta da esperança e o caminhar numa união viva e pessoal com Jesus Cristo pelos seus caminhos. Olhando para Ele sabemos que Deus é maior que o nosso coração” (Homilia do Batismo, 07.01.1990). Paulo nos exorta: “Não matem o Espírito de Deus” (1 Ts 5, 19) e uma igreja com o Espírito apagado ou esvaziada do Espírito de Jesus não pode viver e nem comunicar sua verdadeira novidade e, muito menos, saborear e proclamar a Boa Nova.

(Manos da Terna Solidão)

 

CONTEMPLAR

O Batismo do Cristo, s.d., Daniel Bonnell, óleo sobre tela, 92” x 46”, Igreja Missionária Baptista do Monte Calvário, Carolina do Sul, Estados Unidos.








 

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