A palavra de Deus é viva e
eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
II Domingo do Advento
Br 5,1-9 Fl
1,4-6.8-11 Lc 3, 1-6
ESCUTAR
Levanta-te, Jerusalém, põe-te no alto e olha para o oriente! (Br 5, 5).
E isto eu peço a Deus: que o vosso amor cresça sempre mais, em todo o conhecimento e experiência (Fl 1, 9).
“Esta é a voz daquele que grita no deserto: ‘preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas’” (Lc 3, 4).
MEDITAR
Na experiência pessoal de Deus não posso deixar de lado o caminho. Diria que encontramos Deus caminhando, andando, buscando-o e nos deixando buscar por Ele. São dois caminhos que se encontram. Por um lado, o nosso que O busca, impulsionado por esse instinto que flui do coração. E depois, quando nos encontramos, percebemos que Ele já nos buscava desde antes, Ele nos antecipou (Francisco, Sobre o céu e a terra, 2013).
O povo santo de Deus participa da função profética de Cristo. Dá o testemunho vivo de Cristo, especialmente pela vida de fé e de amor e oferece a Deus a hóstia de louvor como fruto dos lábios que exaltam o seu nome (Lumen Gentium 12).
ORAR
Neste domingo somos convidados a “ver” para que nossa esperança não se torne impossível e a espera desemboque na desilusão. O profeta pede para nos colocarmos em pé, subir no mais alto possível e olhar para o oriente de onde vem o Sol Nascente. O profeta consegue ver de outra maneira e anima os outros a olhar o que ainda não existe. O evangelista nos assegura que “todas as pessoas verão a salvação de Deus”. Esta salvação que, com frequência, desponta onde menos esperamos e se apresenta quando não desejamos. O Vaticano II proclama que por causa do Cristo, Deus salva também os homens fora dos limites visíveis da Igreja e fora do alcance do rito dos sacramentos (cf. LG 16). A história da Igreja não coincide, simplesmente, de modo unívoco, com a história da salvação. Não podemos confundir o Natal com nossas canções e cantilenas. Deus arma a sua tenda no meio de nós para falar e busca o silêncio. Paulo nos exorta a irmos ao essencial da vida cristã que é o amor fraterno. Jesus nunca pregou que o amor não evita os conflitos. Ao contrário, o amor produz os verdadeiros conflitos em que a verdade está comprometida. O amor não sufoca as diferenças, mas nos convida a um olhar convertido capaz de vislumbrar e discernir o essencial. A luz que desperta em Belém não é ornamental e é ela que vislumbra o nosso caminho. O Cristo solta dentro de nós a centelha de sua luz para vermos o que muitos não veem. O evangelista nos revela que o essencial não está nas mãos dos poderosos políticos e religiosos: a Palavra do Senhor se fez ouvir no deserto, não na Roma imperial e nem no recinto sagrado do Templo de Jerusalém. No deserto, não há lugar para o supérfluo e nem para acumular coisas desnecessárias. Façamos da nossa vida um eterno deserto para que o Senhor nos fale no silêncio e nos inunde de vozes e sons de ternura e alegria.
(Manos da Terna Solidão)
CONTEMPLAR
Thomas, 2011, Lee Jeffries (1971-), foto da série Homeless, Manchester, Reino Unido.
Voz que clama no Deserto: aplainar os caminhos, revolucionar. Não é a voz dos palácios e dos templos. O Menino que vem será sinal de contradição, contra o status quo!
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