A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de
dois gumes (Hb 4, 12).
Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo
Is 52, 7-10 Hb 1, 1-6 Jo 1, 1-18
ESCUTAR
Como são belos, andando sobre os montes, os pés de quem anuncia e prega a paz, de quem anuncia o bem e prega a salvação, e diz a Sião: “Reina teu Deus!” (Is 52, 7).
Muitas vezes e de muitos modos falou Deus outrora aos nossos pais, pelos profetas; nestes dias, que são os últimos, ele nos falou por meio do Filho, a quem ele constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também ele criou o universo. Este é o esplendor da glória do Pai, a expressão do seu ser (Hb 1, 1-3).
E a Palavra se fez carne e habitou entre nós (Jo 1, 14).
MEDITAR
“Natal, não é somente uma alegria que nasce da terra. É a revelação da bondade infinita de Deus, o sinal de um destino misterioso que toca o mundo e os homens. É um pensamento do amor infinito que abre o céu fechado do mistério impenetrável da vida íntima do Deus desconhecido e que o comunicou a terra” (Paulo VI).
“É no meio do silêncio, no momento em que todas as coisas estão mergulhadas no maior silêncio, em que reina o verdadeiro silêncio, é então que se ouve em verdade essa Palavra, pois se queremos que Deus nos fale é preciso que nos calemos. Para que Ele entre, todas as coisas devem sair (Johannes Tauler).
ORAR
Neste dia de Natal, comemoramos e damos graças porque Deus pronunciou a sua última palavra e este Menino na manjedoura é “a expressão do seu ser (...) o que faz dos ventos os seus anjos e das chamas de fogo os seus ministros” (Hb 1, 3.7). O Cristo nasceu para todos e o Natal é o dia em que o mistério sagrado se tornou santo e especial. Não é somente um dia a mais na fastidiosa ronda dos dias. Hoje, “a eternidade entra no tempo e o tempo, santificado, entra na eternidade” (Thomas Merton). Natal se tornou uma palavra mágica e todos são atingidos por ela: os bons cristãos e os de Boa Vontade procuram nela o seu gosto especial. É uma festa que a todos pertence, cristãos ou não. Anunciamos a Boa Nova de que o Deus que estava distante se tornou próximo neste recém-nascido, filho de Maria e de José. E nesta realidade tocamos o coração do cristianismo. O Natal é uma Boa Nova porque não estamos mais sós, não estamos mais condenados a um destino cego subordinado a uma eterna repetição da usura, do aleatório e da morte. A novidade da mensagem de Jesus não é a de ter anunciado a ressurreição dos mortos: os judeus já acreditavam nela; nem ter prometido a vinda do Filho do Homem no último dia: os judeus já esperavam esta vinda. A novidade da mensagem de Jesus é ter manifestado para toda a humanidade o nascimento de um novo Deus. Não mais um Deus distante, mas próximo; não um deus do cosmos, mas um Deus dos vivos e dos mortos; não um Deus justiceiro e violento, mas um Deus do amor e da paz que toma o partido dos pobres, dos excluídos, dos marginalizados e dos pecadores. A mensagem de Natal é a mensagem de Paz para todos os homens e, por isso, devemos ser mensageiros da Paz para nossos irmãos e irmãs de todos os cantos da Terra e de todas as religiões. E o Reino de Deus que vem a cada novo Natal, é um Reino que acontece e se realiza cada vez que o amor triunfa sobre o ódio; cada vez que a reconciliação coloca um fim na engrenagem da violência e da banalização da vida e, sobretudo, cada vez que o desejo da paz é mais forte que a fatalidade da guerra.
(Manos da Terna Solidão)
CONTEMPLAR
Ludavine, 2020, Sophie Harris-Taylor (1988-), da série Milk, Londres, Reino Unido.
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