terça-feira, 9 de março de 2021

O Caminho da Beleza 17 - IV Domingo da Quaresma

Os transbordamentos de amor acontecem sobretudo nas encruzilhadas da vida, em momentos de abertura, fragilidade e humildade, quando o oceano do amor de Deus arrebenta os diques da nossa autossuficiência e permite, assim, uma nova imaginação do possível (Papa Francisco).

IV Domingo da Quaresma                  14.03.2021

2 Cr 36, 14-16.19-23                   Ef 2, 4-10                 Jo 3, 14-21

 

ESCUTAR

Eles zombavam dos enviados de Deus, desprezavam as suas palavras, até que o furor do Senhor se levantou contra o seu povo e não houve mais remédio (2 Cr 36, 16).

Deus é rico em misericórdia. Por causa do grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos por causa das nossas faltas, ele nos deu a vida com Cristo. (Ef 2, 4-5).

“Quem age conforme a verdade aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus” (Jo 3, 21).

 

MEDITAR

No entanto, todo homem mata aquilo que adora,

Que cada um deles seja ouvido.

Alguns procedem com dureza no olhar,

Outros com uma palavra lisonjeira.

O covarde fá-lo com um beijo,

Enquanto o bravo o faz com a espada!

 

Uns matam o próprio amor quando ainda jovens,

Outros o fazem na velhice;

Uns estrangulam com as mãos da luxúria,

Outros com a mão de Ouro,

O que é bondoso faz uso do punhal,

Porque a morte assim vem mais depressa.

 

Uns amam pouco tempo, outros demais,

Uns vendem, outros compram;

Alguns praticam a ação com muitas lágrimas

E outros sem um suspiro, sequer:

Pois todo o homem mata o objeto do seu amor

E, no entanto, nem todo homem é condenado à morte.

(Oscar Wilde, 1854-1900, Irlanda)

 

ORAR

         A Nicodemos, que, como fariseu, identificava o reino de Deus com o reino de Israel, Jesus propõe novos horizontes: o Espírito, como o vento, não conhece fronteiras, não está ligado a um povo, a uma religião; não pode ser aprisionado, contido numa doutrina, mas é plenamente livre. Aqueles que nascem do Espírito não se sentem fechados dentro dos limites de um povo ou de uma tradição, não são condicionados pelo passado, mas estão abertos ao presente e voltados para o futuro... E Jesus relembra o catecismo a Nicodemos, recordando-lhe um conhecido episódio da vida de Moisés, quando ele “levantou a serpente no deserto” (Jo 3, 14) ... Como a serpente de Moisés era um sinal de vida que livrava da morte, assim declara Jesus: “será elevado o Filho do homem, para que todo aquele que crê nele tenha a vida eterna” (Jo 3, 14-15) ... A elevação do Filho do homem será um sinal de vida que libertará da morte definitiva. Aquilo que salva os homens da morte é fixar o olhar no Cristo, modelo da nova humanidade, aspirar à plenitude humana que resplende nessa figura. Do alto do patíbulo, Cristo será o polo de atração para todos. Todo aquele que der sua adesão ao Filho do homem possuirá uma vida eterna, isto é, de qualidade indestrutível. A função que os fariseus atribuíam à Lei, a função de ser fonte de vida, é substituída pela pessoa de Jesus. Não é mais a observância de um código externo ao homem que lhe dá vida, mas a adesão ao Filho do homem, expressão máxima do amor do Pai, pois Jesus é aquele que possui a plenitude da vida e pode comunicá-la. A obediência da Lei faz com que a vida do homem seja segundo Deus. A acolhida do Espírito faz com que o homem tenha em si a própria vida de Deus. Aqui se encontra toda a diferença entre a antiga e a nova aliança, entre Moisés e Jesus (Jo 1, 17). Mas a Lei, tida como palavra definitiva de Deus, se torna obstáculo à acolhida da Palavra de Deus que é Jesus. Por ora, Nicodemos continua na noite, as trevas da Lei lhe impedem acolher a luz da vida. Incapaz de seguir Jesus enquanto vivo, irá mais tarde prestar-lhe homenagem enquanto morto (“Foi também Nicodemos, aquele que anteriormente tinha ido a ele de noite, e trouxe uma mistura de mirra e aloés de aproximadamente cem libras”, Jo 19, 39). Mas a cena de morte se transforma em evento de vida. O fariseu Nicodemos, o religioso cuja existência é regulada pelas severas normas referentes à pureza, pela primeira vez em sua vida transgride a Lei e toca um cadáver (“tomou então o corpo de Jesus”, Jo 19, 40) ... Para a Lei, Nicodemos agora está impuro, mas finalmente é livre, nasceu de novo, nasceu do Espírito.

(Alberto Maggi, 1945-, Itália)

 

CONTEMPLAR

Luz de Esperança, s.d., Black Now, David Carillo, Estados Unidos, viewbug.com




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