terça-feira, 2 de março de 2021

O Caminho da Beleza 16 - III Domingo da Quaresma

Os transbordamentos de amor acontecem sobretudo nas encruzilhadas da vida, em momentos de abertura, fragilidade e humildade, quando o oceano do amor de Deus arrebenta os diques da nossa autossuficiência e permite, assim, uma nova imaginação do possível (Papa Francisco).

III Domingo da Quaresma                 07.03.2021

Ex 20, 1-17              1 Cor 1, 22-25                    Jo 2, 13-25

 

ESCUTAR

“Não pronunciarás o nome do Senhor teu Deus em vão” (Ex 20, 7).

O que é dito insensatez de Deus é mais sábio do que os homens, e o que é dito fraqueza de Deus é mais forte do que os homens (1 Cor 1, 25).

“Tirai isso daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!” (Jo 2, 16).

 

 MEDITAR

Imagine que não há paraíso
é fácil se você tentar,
sem inferno abaixo de nós
e acima só o céu
Imagine todas as pessoas
vivendo para o hoje

Imagine que não há países
não é difícil fazê-lo
nada pelo que matar ou morrer
e nenhuma religião também
Imagine todas as pessoas
vivendo a vida em paz

Você pode dizer que sou um sonhador
mas eu não sou o único
Espero que um dia você se una a nós
e o mundo vai ser um só

Imagine nenhuma posse
eu me indago se você consegue
Sem necessidade de ganância ou fome
Uma Irmandade humana
Imagine todas as pessoas
partilhando o mundo todo

(John Lennon, 1949-1980, Reino Unido)

 

ORAR

   A intervenção fogosa do Messias revela a profanação do santuário que constitui esta impossível tentativa humana de servir a dois senhores ao mesmo tempo. Os profetas podiam apenas lamentar e advertir, mas Jesus intervém diretamente, agindo como Senhor da casa, pois ele é o Filho todo-poderoso daquele a quem a casa pertence. Ele não contesta a utilidade e a possibilidade dos organismos colocados a serviço da oração e do sacrifício. Mas ele desvela a mentira que se infiltrou. O coração humano hipócrita suprime o limite intransponível entre o culto e o interesse próprio. Assim correm juntos, como num rio contínuo, o serviço de Deus pelo homem e o serviço do homem para ele mesmo. Se os olhos não são mais dirigidos com uma intenção pura em direção a Deus, a casa na qual o homem em oração se declara servidor de Deus torna-se um “covil de ladrões”, que se ajuntam para seu interesse. Sob o pretexto de servir ao próximo em seu culto, olham com inveja seu dinheiro a fim de açambarcá-lo. Qualquer que seja o rigor das tradições comerciais, a mentira de um culto, transformada em pretexto para serviço de Mamon, torna impossível todo o louvor a Deus. Jesus não quis, como às vezes se sugere comentando-se essa passagem, se opor ao Templo e à Lei que o santifica. Realizando seu gesto, ele não transgrediu os mandamentos, antes cumpriu a Lei, conferindo ao Templo sua santidade e sua verdadeira destinação. Quando a Igreja e sua pregação são colocadas a serviço de interesses humanos, quando esquecendo sua missão exclusiva de servidora, a Igreja se coloca à disposição dos desejos do homem, Jesus a nomeia “covil de ladrões”. Acontece o mesmo por todo lugar onde, sob o pretexto de facilitar a celebração do culto, este se torna um meio de ação política ou econômica. A encarnação do Cristo assegura a verdadeira presença e a verdadeira aproximação de Deus. O Templo do Antigo Testamento não era senão uma imagem. Assim se ajunta ao antigo Templo o novo. A purificação do Templo mostra que não é preciso, de modo algum, sonhar com a eliminação de um pelo outro; fazendo isso, Jesus purifica o que propriamente lhe pertence e que é o objeto de sua própria promessa.

(Helmut Gollwitzer, 1908-1993, Alemanha)

 

CONTEMPLAR

Você não pode servir a Deus e a Mamon, 2020, Mike Schaffner, Estados Unidos.





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