Pedro Casaldáliga fez a sua páscoa
hoje, 08 de agosto, festa de São Domingos. Ele fez um último pedido: o de ser
enterrado perto dos marginalizados a quem sempre defendeu. Em São Félix do
Araguaia, no cemitério dos Karajás, à beira do rio, debaixo de um pé de pequi,
entre um peão e uma prostituta. Ele sabia, como profeta, que eles e elas nos
precedem no Reino de Deus (Mt 21, 31).
“Ama-me mais, Senhor, para te
querer”.
Busca-me mais, para melhor te achar.
Desassossegue-me, por não te buscar.
Desassossegue-me, por te reter.
Poda-me mais, para mais te florescer.
Desnuda-me, para não te encobrir.
Ensina-me a acolher, para te esperar.
Olha-me em todos, para em todos te
ver.
Como te deixar ser só Tu mesmo,
sem te reduzir, sem te manipular?
Como, crendo em Ti, não te proclamar
igual, maior, melhor que o
cristianismo?
(Pedro Casaldáliga, 1928-2020,
Catalunha/Brasil)
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