segunda-feira, 10 de agosto de 2020

O Caminho da Beleza 39 - Assunção de Nossa Senhora

A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).


Assunção de Nossa Senhora              16.08.2020

Ap 11, 19; 12, 1.3-6.10                 1 Cor 15, 20-27                  Lc 1, 39-56

 

ESCUTAR

O dragão parou diante da mulher, que estava para dar à luz, pronto para devorar o seu Filho, logo que nascesse (Ap 11, 4).

É preciso que ele reine até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte (1 Cor 15, 25-26).

“Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes” (Lc 1, 51-52).

 

MEDITAR

“Miriam, sabes o que é a graça?” “Não exatamente”, respondi. “Não é um modo de andar atraente, não é o porte altivo de certas mulheres, que gostam de se exibir. É a força sobre-humana de enfrentar o mundo sozinha, sem esforço, desafiá-lo para um duelo completo sem nem sequer se despentear. Não é algo feminino, é dote de profetas. É um dom, e tu o recebeste. Quem o possui está libertado de qualquer temor. Eu o vi em ti na noite do encontro, e desde então o tens sobre ti. És cheia de graça. Ao teu redor há uma barreira de graça, uma fortaleza. Tu a espalhas, Miriam: até mesmo sobre mim”. Eram palavras que mereciam abraços.

(Erri de Lucca, 1950-, Itália)

 

ORAR

            Duas mulheres, uma jovem e uma velha, duas criaturas insignificantes, desconhecidas, que ignoravam todos os problemas da humanidade, da existência e da essência do mundo, de seu poder e de seus demônios! O que fazem aqui a pequena Maria e a velha Isabel? O que, pois, o mundo tem a mais? Nada, absolutamente nada, senão que elas estão ali e quando dizemos nada se mudou, contudo, em segredo, uma nova criação apareceu. Maria e Isabel estão inseparavelmente ligadas, não somente porque são parentes, mas em virtude da unidade da promessa recebida, em virtude da graça que elas encontraram em Deus. Elas se saúdam uma a outra. Que incomparável saudação! A de pessoas humanas que se reconhecem porque receberam a promessa de Deus! A Igreja está ali, ali onde duas pessoas insignificantes, duas simples mulheres, estão ligadas estreitamente, unidas na esperança que, pela palavra de Deus, entrou em seus corações. Porque nesta esperança, aquele que esperam já está presente. Ali onde estão Maria e Isabel, está o Salvador, está Deus. Ali está também João Batista. Tudo isto está presente; já é, na verdade, um acontecimento, secreto, mas real no encontro dessas duas mulheres, dessas duas futuras mães. O Salvador está ali e João o saúda desde o ventre de sua mãe. Cada palavra de Isabel é uma palavra que ela diz ao Cristo, já em nome de seu filho João. Se Maria é bendita entre todas as mulheres, é bendito o fruto de seu corpo. “E Maria respondeu: Minha alma engrandece o Senhor e meu espírito se alegra em Deus meu Salvador”. Como escreveu Lutero, é obra de Deus que uma alma engrandeça o Senhor. É sempre um milagre, segundo a Santa Escritura, que Deus aceite um ser humano e que este possa dizer minha alma engrandece o Senhor! Porque, o que significa engrandecer o Senhor? Temos necessidade de engrandecê-lo? Ele, o Altíssimo, não tem necessidade de que o exaltemos. Entretanto, a Santa Escritura nos diz que é melhor assim, que isso faz parte do rebaixamento de Deus a nós, por seu amor, que ele quer ser engrandecido por nós e que esta graça nos é feita: a de engrandecer Deus!... “Meu espírito se alegra”. A alegria é a coisa mais rara no mundo, a mais extraordinária. Encontramos no mundo demasiada austeridade, entusiasmo fanático e zelo sem humor. Mas e a alegria? É que é raro o conhecimento do Deus vivo. Em Deus, nosso Salvador, quando o encontramos ou quando ele nos encontra, nele está a alegria, como diz Maria... Nossa vocação é estarmos ao lado de Maria. Pois esta alegria, esta elevação da alma pode ser também, a cada momento, a nossa alegria. Só temos que fazer uma única coisa, como Maria: deixar Deus agir. “Que me seja feito segundo tua palavra”.

(Karl Barth, 1886-1968, Suíça)

 

CONTEMPLAR

Quando sou uma mulher velha..., 2008, Ola Surdacka (1990-), Lublin, Polônia.



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