A palavra de
Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
II Domingo da Quaresma 08.03.2020
Gn 12, 1-4 2
Tm 1, 8-10 Mt 17, 1-9
ESCUTAR
“Abençoarei
os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem” (Gn 12, 3).
Caríssimo,
sofre comigo pelo evangelho, fortificado pelo poder de Deus (2 Tm 1, 8).
“Este é o
meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-o!”
MEDITAR
És tu quem circula no ar
És tu quem floresce na terra
És tu quem se estorce no fogo
És tu quem murmura nas águas
Tu és quem respira por mim.
No teu corpo reacende-se a estrela apagada,
A água dos mares circula na tua saliva,
O fogo se aquieta nos teus cabelos.
Quando te abraço estou abraçando a primeira
mulher.
Sol e lua,
Origem berço cova.
Teu corpo liga o céu e a terra,
Teu corpo é o estandarte da voluptuosa vitória.
Teu nome reconcilia os dois mundos.
(Murilo
Mendes, 1901-1975, Brasil)
ORAR
Jesus, tomando consigo Pedro e
Tiago, subiu a montanha “para orar”, afastado. Não é, acaso, espantoso que
Jesus, sempre atento a Deus, experimente ainda a necessidade de criar em si e em
torno de si uma zona de silêncio para estar diante de seu “Abba”? Por que esse
novo espaço para Deus? A Transfiguração desvenda, num relâmpago e até mesmo na
ordem do aparecer, o segredo da iniciativa de Jesus, de sua mobilização
absoluta na oração. Ela indica que a atenção do Filho é escuta transformadora,
que o tempo do Cristo para o seu Deus não é outro senão o tempo do Pai para seu
Filho: o Pai se revela em Jesus que a ele ora. O véu se rasga de repente: o que
estava escondido se torna transparência insustentável aos olhos dos discípulos
aterrorizados. Aquele a quem o Pai chama seu Filho: “Este é o meu Filho
Bem-amado, escutai-o”, ele mesmo é transfigurado: a Palavra de Deus não pode
mais ser um simples dito lançado através do espaço e do tempo por um profeta
qualquer... Ela tem hoje um corpo de carne e não um revestimento exterior, uma
face de homem em quem ela existe pessoalmente. Impossível ao Pai se dizer a si
mesmo, sem que Aquele que é a sua Palavra feita carne não estremeça todo em si
mesmo a esta dicção, não se ilumine interiormente, ele que é a Luz nascida da
Luz. A Transfiguração manifesta Deus que se diz em seu Filho: ela torna
“visível” o Pai. O surpreendente é que uma tal transformação seja dada de um
modo fugidio, quando ela é, no seu fundo, um dado permanente do Cristo. Como
posso eu dizer: “Mostra-nos o Pai”? A oração do Cristo transfigurado no Tabor
divulga e sela ao mesmo tempo o único Mistério: o Filho em seu “Abba” e o Pai
em sua Palavra não fazem senão um.
(M. Lamy
de la Chapelle, 1853-1931, França)
CONTEMPLAR
Em
direção ao horizonte, 2007, Emil Gataullin (1972-), Monovisions
Photography Awards, Rússia.
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