A palavra de
Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
III Domingo da Quaresma 15.03.2020
Ex 17, 3-7 Rm
5, 1-2.5-8 Jo 4, 5-42
ESCUTAR
“Por que
nos fizeste sair do Egito? Foi para nos fazer morrer de sede, a nós, nossos
filhos e nosso gado?... O Senhor está no meio de nós ou não?” (Ex 17, 3.7).
A esperança
não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo
Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5, 5).
“Está
chegando a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em
espírito e verdade” (Jo 4, 23).
MEDITAR
“Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz...
Tenho que ter as mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus...
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Do que eu pensava encontrar”
(Gilberto Gil, 1942-, Brasil)
ORAR
Jesus anuncia a samaritana uma
mudança radical. A época dos templos acabou: “Acredita-me, mulher, é chegada a
hora em que nem sobre esse monte nem em Jerusalém adorareis o Pai” (Jo 4, 21;
Ap 21, 22). Para indicar aquele que é adorado, Jesus evita o termo religioso
“Deus” e usa o mais familiar “Pai”. O culto a Deus precisa de um lugar
particular, o templo, ao passo que o culto ao Pai não precisa. Para ser tal, o
Pai precisa de filhos que se assemelhem a ele. A semelhança ao seu amor é o
único culto que o Pai requer (“de fato, o Pai procura tais adoradores”, Jo 4,
23). Esse culto não precisa de espaços e ritos sagrados, mas é possível em
qualquer lugar onde haja a expressão de um amor gratuito semelhante ao do Pai.
À mulher, que desejava saber aonde ir para oferecer culto a Deus, Jesus
responde que é o Pai quem se doa a ela, oferecendo-lhe a sua própria capacidade
de amar. O Senhor não espera presentes dos homens, mas ele próprio se torna dom
para a humanidade; não se deixa servir, mas se faz servo dos homens (Jo 13,
1-5). O Pai não pede às pessoas sacrifício: é ele que se fez sacrifício para
doar-se a todos (“Quero o amor e não o sacrifício”, Os 6, 6). O único culto que
o Pai requer e aceita é o culto em “espírito e verdade” (Jo 4, 23). Culto que
não é dirigido a Deus, mas é o prolongamento da força de amor que ele próprio
é, e que ele comunica. “Deus é Espírito”, declara Jesus, “e aqueles que o
adoram devem adorá-lo em espírito e verdade” (Jo 4, 24). Definindo Deus como
“Espírito”, Jesus não o está indicando como entidade abstrata, mas como energia
vital. O Espírito é a força criadora do Pai (Gn 1, 2), um dinamismo de vida e de
amor que se manifestou na criação do homem e que deseja ainda comunicar-se para
levar a criação ao seu cumprimento. Prestar culto ao Pai é colaborar na sua
ação criadora, comunicando vida aos homens; por isso, o único culto que o Pai
procura não é senão a própria vida vivida em benefício dos outros (Rm 12, 1).
(Alberto
Maggi, 1945- , Itália)
CONTEMPLAR
Esperança
e crença, 2019, Ratna Khaleesy, 39, muçulmana da Indonésia que
trabalha como doméstica em Macau, China, Gonçalo Lobo Pinheiro (1979-),
Monovisions Photography Awards, Portugal.
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