terça-feira, 3 de março de 2020

O Caminho da Beleza 18 - IV Domingo da Quaresma


A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).

IV Domingo da Quaresma                  22.03.2020
1Sm 16, 1.6-7.10-13                     Ef 5, 8-14                 Jo 9, 1-41


ESCUTAR

“Não julgo segundo os critérios do homem: o homem vê as aparências, mas o Senhor olha o coração” (1 Sm 16, 7).

Vivei como filhos da luz. E o fruto da luz chama-se bondade, justiça, verdade (Ef 5, 8-9).

“Eu vim a este mundo para exercer um julgamento, a fim de que os que não veem vejam e os que veem se tornem cegos” (Jo 9, 39).


MEDITAR

Estamos a destruir o planeta e o egoísmo de cada geração não se preocupa em perguntar como é que vão viver os que virão depois. A única coisa que importa é o triunfo do agora. É a isto que eu chamo a cegueira da razão.

(José Saramago, 1922-2010, Portugal)


ORAR

     O cego de nascença: o homem no qual jamais nenhuma luz penetrou a obscuridade. Os discípulos veem o problema: “Quem pecou?”; eles só sabiam estabelecer culpabilidades. Jesus, por sua vez, vê o homem. E não o passado desse homem, mas seu futuro, a glória de Deus pronta a se manifestar. Porque Jesus não veio para censurar o mal, mas para aboli-lo. A cura do cego espanta os vizinhos. Interroga-se, discute-se, comenta-se. Conduz-se o homem às autoridades competentes. E os fariseus procedem a instrução do caso. Eles insistem. E o homem, dessa vez, desmascara a má fé deles. Sua resposta não é sem ironia: “Como! Vós que sabeis tudo, não sabeis de onde é este homem que me abriu os olhos?” Remeteu-lhes aos seus próprios argumentos: “Se este homem não viesse de Deus, não poderia fazer nada”. E eis que um segundo milagre se produz: uma segunda vez, na travessia do cego, do proscrito, o Filho do Homem surge. O que era luz do sol diante desta outra luz, que agora o inunda de sua alegria? “Eu creio, Senhor” e se prostra diante dele. “É por um julgamento que eu vim ao mundo: para que os que não veem vejam e os que veem se tornem cegos”: - Misericórdia sem limites para os cegos de nascença; para os que jamais viram luzir a luz de Deus sobre seus caminhos: os ignorantes, os não crentes honestos de todos os tempos, todos os que não sabem que são amados de Deus. – Julgamento pesado sobre todos que “sabem”, que pretendem saber: homens reduzidos a todas as sutilezas da teologia e da casuística, mas que não têm o amor; homens terrivelmente seguros de sua salvação, que a gratuidade da graça não deslumbra mais. Advertência terrível dada às pessoas religiosas de todos os tempos; porque, por uma estranha reviravolta das coisas, seria possível que os que se dizem crentes fossem cegos e que os cegos se tornassem visionários! Jesus nos é mostrado procurando os que ele tornaria seus, nas encruzilhadas de todos os caminhos; ovelhas abandonadas por maus pastores que só seu amor soube encontrar: a mulher samaritana, o paralítico, o cego de nascença, figuras da graça livre de Deus.

(Suzanne de Diétrich, 1891-1981, França)


CONTEMPLAR

S. Título, c. 2017, autoria desconhecida, Creative Commons CCO.




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