A palavra de
Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
IV Domingo da Quaresma 22.03.2020
1Sm 16, 1.6-7.10-13 Ef 5, 8-14 Jo
9, 1-41
ESCUTAR
“Não
julgo segundo os critérios do homem: o homem vê as aparências, mas o Senhor
olha o coração” (1 Sm 16, 7).
Vivei
como filhos da luz. E o fruto da luz chama-se bondade, justiça, verdade (Ef 5,
8-9).
“Eu vim a
este mundo para exercer um julgamento, a fim de que os que não veem vejam e os
que veem se tornem cegos” (Jo 9, 39).
MEDITAR
Estamos a
destruir o planeta e o egoísmo de cada geração não se preocupa em perguntar
como é que vão viver os que virão depois. A única coisa que importa é o triunfo
do agora. É a isto que eu chamo a cegueira da razão.
(José
Saramago, 1922-2010, Portugal)
ORAR
O
cego de nascença: o homem no qual jamais nenhuma luz penetrou a obscuridade. Os
discípulos veem o problema: “Quem pecou?”; eles só sabiam estabelecer
culpabilidades. Jesus, por sua vez, vê o homem. E não o passado desse homem,
mas seu futuro, a glória de Deus pronta a se manifestar. Porque Jesus não veio
para censurar o mal, mas para aboli-lo. A cura do cego espanta os vizinhos.
Interroga-se, discute-se, comenta-se. Conduz-se o homem às autoridades
competentes. E os fariseus procedem a instrução do caso. Eles insistem. E o
homem, dessa vez, desmascara a má fé deles. Sua resposta não é sem ironia:
“Como! Vós que sabeis tudo, não sabeis de onde é este homem que me abriu os
olhos?” Remeteu-lhes aos seus próprios argumentos: “Se este homem não viesse de
Deus, não poderia fazer nada”. E eis que um segundo milagre se produz: uma
segunda vez, na travessia do cego, do proscrito, o Filho do Homem surge. O que
era luz do sol diante desta outra luz, que agora o inunda de sua alegria? “Eu
creio, Senhor” e se prostra diante dele. “É por um julgamento que eu vim ao
mundo: para que os que não veem vejam e os que veem se tornem cegos”: -
Misericórdia sem limites para os cegos de nascença; para os que jamais viram
luzir a luz de Deus sobre seus caminhos: os ignorantes, os não crentes honestos
de todos os tempos, todos os que não sabem que são amados de Deus. – Julgamento
pesado sobre todos que “sabem”, que pretendem saber: homens reduzidos a todas
as sutilezas da teologia e da casuística, mas que não têm o amor; homens
terrivelmente seguros de sua salvação, que a gratuidade da graça não deslumbra
mais. Advertência terrível dada às pessoas religiosas de todos os tempos;
porque, por uma estranha reviravolta das coisas, seria possível que os que se
dizem crentes fossem cegos e que os cegos se tornassem visionários! Jesus nos é
mostrado procurando os que ele tornaria seus, nas encruzilhadas de todos os
caminhos; ovelhas abandonadas por maus pastores que só seu amor soube encontrar:
a mulher samaritana, o paralítico, o cego de nascença, figuras da graça livre
de Deus.
(Suzanne
de Diétrich, 1891-1981, França)
CONTEMPLAR
S. Título, c.
2017, autoria desconhecida, Creative Commons CCO.
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