segunda-feira, 23 de março de 2020

O Caminho da Beleza 19 - V Domingo da Quaresma


A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).

V Domingo da Quaresma                    29.03.2020
Ez 37, 12-14                        Rm 8, 8-11              Jo 11, 1-45 
             

ESCUTAR

“Porei em vós o meu espírito, para que vivais, e vos colocarei em vossa terra” (Ez 37, 14).

Se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo (Rm 8, 8-11).

“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra viverá” (Jo 11, 25).


MEDITAR

Como o Pai se desvanece no Filho e o Filho no Pai, no abraço do Santo Espírito, Deus nos desvanece. Nós somos chamados a nos desvanecer nele nesta transparência de amor que o fará viver no coração dos homens. Isso é definitivamente o sentido de nossa aventura, que podemos resumir na palavra de Graham Green: “Amar Deus é querer protegê-lo de nós mesmos”.

(Maurice Zundel, 1897-1975, Suíça)


ORAR

      “Lázaro morreu. Alegro-me por vossa causa, por não ter estado lá, para que creiais”. Essa ressurreição é um momento decisivo na vida de Cristo. O problema que se apresenta a Jesus é duplo: “Minha missão não consiste em fazer com que as pessoas vivam ou morram, graças à presença ou não de meu corpo carnal. É a fé em Deus e o amor de uns pelos outros que devem fazê-los viver”. Há então um possível fracasso se o amamos, a ele, em vez de acreditarmos nele, em suas palavras, em sua missão. Parece-me ser esse o primeiro aspecto de seu problema. O segundo problema é correlativo. Jesus é o caminho e a Vida. Ele não pode deixar que se apeguem a sua pessoa, em nome de sua humanidade, o que seria uma espécie de sedução enganadora. Na verdade, ele é homem, tem afeições, é capaz pois de dar amor ao ser humano. Mas ele ama os homens em seu devenir e não numa fixação interpessoal narcísica. Seu amor é evolutivo. Ele pretende ser o dínamo que impulsiona o amor entre os seres humanos, seus irmãos e irmãs em Deus. Se seu ser de carne só servisse como espelho aos que o amam, onde eles reencontrassem sua própria presença amada, sua missão evolucionária de um judaísmo renovado estaria frustrada. Enquanto estamos vivos a vida nos parece sagrada, mas o desejo de salvar a vida de nosso corpo pode nos fazer esquecer que a verdadeira vida não é desse mundo, que para além do condicionamento do espaço-tempo cruzado em nossa vida de seres de carne e emoção, o espírito que anima nossa vida através de nossas mutações, de nossa concepção até a morte, é chamado enquanto é realizado num outro lugar desconhecido. No deserto, o demônio não merecia ser amado, mas os objetos que ele propunha eram sedutores para qualquer homem. Jesus saiu vencedor dessa tentação. Entretanto, Lázaro e suas irmãs eram amáveis com ele. Em seu lar, ele podia descansar como ser humano. Sua missão progride. Ele deve se separar desse último porto seguro que pode representar uma tentação para todo homem de ação. A maneira pela qual Cristo realiza essa separação, mutante para ele e ao mesmo tempo ressuscitante de vida nova para Lázaro, é particularmente heroica e prefigura o desapego supremo de sua paixão. Com a ressurreição de Lázaro, Jesus se torna em definitivo um objeto de escândalo para os judeus. Daí em diante, eles procuram como e quando fazê-lo morrer. Lázaro sai do túmulo. O Evangelho não menciona nenhum olhar, nenhum agradecimento de Lázaro, nem de suas irmãs, para com Jesus. Então Jesus, homem, está pronto para a morte.

(Françoise Dolto, 1908-1988, França)


CONTEMPLAR

Howie e Laurel Borowick, casados por 34 anos, abraçando-se no quarto de sua casa, março 2013, ambos receberam, ao mesmo tempo, diagnóstico de câncer em estágio 4, Chappaqua, Nova Iorque, Nancy Borowick (1985-), Estados Unidos.




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