A palavra de
Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
V Domingo da Quaresma 29.03.2020
Ez 37, 12-14 Rm
8, 8-11 Jo 11, 1-45
ESCUTAR
“Porei em
vós o meu espírito, para que vivais, e vos colocarei em vossa terra” (Ez 37,
14).
Se alguém
não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo (Rm 8, 8-11).
“Eu sou a
ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra viverá” (Jo 11, 25).
MEDITAR
Como o
Pai se desvanece no Filho e o Filho no Pai, no abraço do Santo Espírito, Deus
nos desvanece. Nós somos chamados a nos desvanecer nele nesta transparência de
amor que o fará viver no coração dos homens. Isso é definitivamente o sentido
de nossa aventura, que podemos resumir na palavra de Graham Green: “Amar Deus é
querer protegê-lo de nós mesmos”.
(Maurice
Zundel, 1897-1975, Suíça)
ORAR
“Lázaro morreu. Alegro-me
por vossa causa, por não ter estado lá, para que creiais”. Essa ressurreição é
um momento decisivo na vida de Cristo. O problema que se apresenta a Jesus é
duplo: “Minha missão não consiste em fazer com que as pessoas vivam ou morram,
graças à presença ou não de meu corpo carnal. É a fé em Deus e o amor de uns
pelos outros que devem fazê-los viver”. Há então um possível fracasso se o
amamos, a ele, em vez de acreditarmos nele, em suas palavras, em sua missão.
Parece-me ser esse o primeiro aspecto de seu problema. O segundo problema é
correlativo. Jesus é o caminho e a Vida. Ele não pode deixar que se apeguem a
sua pessoa, em nome de sua humanidade, o que seria uma espécie de sedução
enganadora. Na verdade, ele é homem, tem afeições, é capaz pois de dar amor ao
ser humano. Mas ele ama os homens em seu devenir e não numa fixação
interpessoal narcísica. Seu amor é evolutivo. Ele pretende ser o dínamo que
impulsiona o amor entre os seres humanos, seus irmãos e irmãs em Deus. Se seu
ser de carne só servisse como espelho aos que o amam, onde eles reencontrassem
sua própria presença amada, sua missão evolucionária de um judaísmo renovado
estaria frustrada. Enquanto estamos vivos a vida nos parece sagrada, mas o
desejo de salvar a vida de nosso corpo pode nos fazer esquecer que a verdadeira
vida não é desse mundo, que para além do condicionamento do espaço-tempo
cruzado em nossa vida de seres de carne e emoção, o espírito que anima nossa
vida através de nossas mutações, de nossa concepção até a morte, é chamado
enquanto é realizado num outro lugar desconhecido. No deserto, o demônio não
merecia ser amado, mas os objetos que ele propunha eram sedutores para qualquer
homem. Jesus saiu vencedor dessa tentação. Entretanto, Lázaro e suas irmãs eram
amáveis com ele. Em seu lar, ele podia descansar como ser humano. Sua missão
progride. Ele deve se separar desse último porto seguro que pode representar
uma tentação para todo homem de ação. A maneira pela qual Cristo realiza essa
separação, mutante para ele e ao mesmo tempo ressuscitante de vida nova para
Lázaro, é particularmente heroica e prefigura o desapego supremo de sua paixão.
Com a ressurreição de Lázaro, Jesus se torna em definitivo um objeto de
escândalo para os judeus. Daí em diante, eles procuram como e quando fazê-lo
morrer. Lázaro sai do túmulo. O Evangelho não menciona nenhum olhar, nenhum
agradecimento de Lázaro, nem de suas irmãs, para com Jesus. Então Jesus, homem,
está pronto para a morte.
(Françoise
Dolto, 1908-1988, França)
CONTEMPLAR
Howie e
Laurel Borowick, casados por 34 anos, abraçando-se no quarto de sua casa, março
2013, ambos receberam, ao mesmo tempo, diagnóstico de câncer em estágio 4,
Chappaqua, Nova Iorque, Nancy Borowick (1985-), Estados Unidos.
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