Já não quero dicionários
consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode
inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro
do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.
(Carlos
Drummond de Andrade)
XXXIII Domingo do Tempo Comum 17.11.2019
Ml 3, 19-20 2
Ts 3, 7-12 Lc 21, 5-19
ESCUTAR
Eis que
virá o dia, abrasador como fornalha, em que todos os soberbos e ímpios serão
como palha; e esse dia vindouro haverá de queimá-los (Ml 3, 19).
Ouvimos
dizer que entre vós há alguns que vivem à toa, muito ocupados em não fazer nada
(2 Ts 3, 11).
Todos vos
odiarão por causa do meu nome. Mas vós não perdereis um só fio de cabelo da
vossa cabeça (Lc 21, 17-18).
MEDITAR
Deus nos preserve da
ganância dos novos colonialismos. O fogo ateado por interesses que destroem,
como o que devastou recentemente a Amazónia, não é o do Evangelho. O fogo de
Deus é calor que atrai e congrega em unidade. Alimenta-se com a partilha, não
com os lucros. Pelo contrário, o fogo devorador alastra quando se quer fazer
triunfar apenas as próprias ideias, formar o próprio grupo, queimar as
diferenças para homogeneizar tudo e todos.
(Papa Francisco, 1936-,
Argentina)
ORAR
“Colocarão
a mão sobre vós e vos perseguirão por causa de meu nome”. Tal é o grande sinal
anunciado por Jesus, a perseguição de seus discípulos, mesmo por sua família e
por seus amigos. Aliás, Jesus o disse bem: “O discípulo não está acima de seu
mestre... Se eles me perseguem, a vós também vos perseguirão” (Lc 6, 40; Jo 15,
20). É normal que os cristãos devam afrontar a hostilidade do mundo e essa
hostilidade fornece a prova de sua fidelidade ao Senhor. Se ele, o Justo, foi
injustamente perseguido, por que não deveriam ser também seus discípulos? A
perseguição mesma torna-se, para os crentes, uma “ocasião de martyría,
de testemunho”, com a certeza de que o Espírito Santo, enviado pelo Senhor
Jesus, lhes assistirá na hora da prova (cf. Lc 12, 11-12). Eles devem somente
se preocupar em viver a virtude cristã por excelência, a perseverança, à qual
Jesus associa uma promessa extraordinária: “Graças à vossa perseverança, vós
salvareis vossas vidas”. A vida cristã não se vive apenas num único período,
mas exige que se persevere até o fim. O cristão é aquele que persevera no amor,
continuando a fazer o bem entre os homens, mesmo ao custo de sua vida. E a
perseguição não é nada mais do que uma ocasião de viver a comunhão com os
sofrimentos do Senhor Jesus e de fazer a prova de amor atingindo o limite extremo
que ele viveu e nos ensinou: o amor para com nossos inimigos (cf. Lc 6, 27-28;
23, 34). Este evangelho não trata verdadeiramente do fim do mundo, mas do nosso
presente, porque nossa vida cotidiana é o tempo da perseverança provadora e, no
entanto, bem-aventurada (cf. Ti 5, 11) e salvífica.
(Enzo
Bianchi, 1943-, Itália)
CONTEMPLAR
Minha
infância como uma catadora, Cambodja, Monochrome Photography Awards
2015, Javier Sanchez-Monge Escardo (1965-), Madri, Espanha.