segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

O Caminho da Beleza 05 - Natal do Senhor


Já não quero dicionários consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.

(Carlos Drummond de Andrade)


Natal do Senhor              25.12.2018
Is 52, 7-10               Hb 1, 1-6                  Jo 1, 1-18


ESCUTAR

Como são belos, andando sobre os montes, os pés de quem anuncia e prega a paz, de quem anuncia o bem e prega a salvação (Is 52, 7).

“Eu serei para ele um Pai, e ele será para mim um filho” (Hb 1, 5).

E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la (Jo 1, 5).


MEDITAR

Deus tornou-se homem para que o homem se torne Deus.

(Irineu de Lyon, 140-202, Gália/França)


ORAR

            Tudo começou na pobreza, sem aparato. O Senhor não teve onde repousar sua cabeça, no máximo a manjedoura onde sua mãe o estendeu. Nada poderia ter perturbado esses dois entes cujo olhar silencioso substituía a palavra e o amor. Maria não vivia senão para seu filho em sua fragilidade nativa. Não era isto, aliás, uma vontade determinada desse Deus à procura do homem? Experimentar esta solidariedade com a sua criatura para ensinar ao homem o que é uma relação justa consigo mesmo e com o seu Criador. A nudez do seu nascimento foi o primeiro passo neste caminho. Desde pequenino, o Senhor se queria mais dependente do que não importa qual outro recém-nascido, pois ele tinha escolhido livremente entrar nessa dependência em que receberia tudo de sua mãe. Assim, a solidão dos lugares, a indigência do seu nascimento, tomavam aos olhos de Maria espantada a dimensão duma graça misteriosa. Para lá da miséria bem real que o cercava de todos os lados, ela percebia como que um sinal de infinita delicadeza. A pobreza do seu filho recém-nascido era a sua verdadeira riqueza, seu único bem. Ela descobria de repente que bastara ao Deus que desvendava aos homens a sua paixão, um pouco de palha e o seu amor materno. Esta mãe em escuta percebia agora os primeiros balbucios da Palavra feita carne, de um Deus que aprendia a se dizer no tempo! Por mais infantil que fosse, o olhar do Cristo tinha já uma profundeza inalterável. No segredo da sua fé, esta Mãe deu a seu Filho o amor que ela devia a seu Deus.

(Mr. de la Chapelle, 1676-1746, França)


CONTEMPLAR

Vídeo Natal 2018, Comunidade dos Manos da terna Solidão (Matersol). Edição do mano Bruno Socher. Música “Minha História (Gesubambino)” (Dalla/Pallotino/Versão: Vinícius de Moraes/Chico Buarque). Intérprete: Ney Matogrosso.  Referência das imagens no blog Matersol, 2016-18.




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