Já não quero dicionários
consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode
inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro
do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.
(Carlos Drummond de
Andrade)
Natal do Senhor 25.12.2018
Is 52, 7-10 Hb 1, 1-6 Jo
1, 1-18
ESCUTAR
Como são belos, andando sobre os
montes, os pés de quem anuncia e prega a paz, de quem anuncia o bem e prega a
salvação (Is 52, 7).
“Eu serei para ele um Pai, e ele será
para mim um filho” (Hb 1, 5).
E a luz brilha nas trevas, e as
trevas não conseguiram dominá-la (Jo 1, 5).
MEDITAR
Deus tornou-se homem para que o homem
se torne Deus.
(Irineu de Lyon, 140-202, Gália/França)
ORAR
Tudo
começou na pobreza, sem aparato. O Senhor não teve onde repousar sua cabeça, no
máximo a manjedoura onde sua mãe o estendeu. Nada poderia ter perturbado esses
dois entes cujo olhar silencioso substituía a palavra e o amor. Maria não vivia
senão para seu filho em sua fragilidade nativa. Não era isto, aliás, uma
vontade determinada desse Deus à procura do homem? Experimentar esta
solidariedade com a sua criatura para ensinar ao homem o que é uma relação
justa consigo mesmo e com o seu Criador. A nudez do seu nascimento foi o
primeiro passo neste caminho. Desde pequenino, o Senhor se queria mais
dependente do que não importa qual outro recém-nascido, pois ele tinha
escolhido livremente entrar nessa dependência em que receberia tudo de sua mãe.
Assim, a solidão dos lugares, a indigência do seu nascimento, tomavam aos olhos
de Maria espantada a dimensão duma graça misteriosa. Para lá da miséria bem
real que o cercava de todos os lados, ela percebia como que um sinal de
infinita delicadeza. A pobreza do seu filho recém-nascido era a sua verdadeira
riqueza, seu único bem. Ela descobria de repente que bastara ao Deus que
desvendava aos homens a sua paixão, um pouco de palha e o seu amor materno.
Esta mãe em escuta percebia agora os primeiros balbucios da Palavra feita
carne, de um Deus que aprendia a se dizer no tempo! Por mais infantil que
fosse, o olhar do Cristo tinha já uma profundeza inalterável. No segredo da sua
fé, esta Mãe deu a seu Filho o amor que ela devia a seu Deus.
(Mr. de la Chapelle, 1676-1746,
França)
CONTEMPLAR
Vídeo Natal 2018, Comunidade dos Manos da terna Solidão (Matersol). Edição do mano Bruno Socher. Música “Minha
História (Gesubambino)” (Dalla/Pallotino/Versão: Vinícius de Moraes/Chico
Buarque). Intérprete: Ney Matogrosso. Referência das imagens no blog
Matersol, 2016-18.
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