Já não quero dicionários
consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode
inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro
da qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.
(Carlos Drummond de
Andrade)
III Domingo do Advento 16.12.2018
Sf 3, 14-18 Fl 4, 4-7 Lc
3, 10-18
ESCUTAR
“Não temas, Sião; não te deixes levar
pelo desânimo! O Senhor, teu Deus, está no meio de ti, o valente guerreiro que
te salva” (Sf 3, 16).
Irmãos, alegrai-vos sempre no Senhor;
eu repito, alegrai-vos (Fl 4, 4).
“Quem tiver duas túnicas dê uma a
quem não tem; e quem tiver comida faça o mesmo!” (Lc 3, 11).
MEDITAR
O pecado não nem culpa, nem mancha,
nem ofensa a Deus. Assim o disse São Tomás de Aquino (Sum. contra gente. III, 122). O pecado é ofender a outro ser humano
(Mt 18, 15-17). É ao ofendido que se deve pedir perdão. Se não perdoas ao
ofendido, Deus não perdoa a ti.
(José Maria Castillo, 1929-, Espanha)
ORAR
Contemplando o Senhor que vem,
escutamos ainda nesse domingo o testemunho de João Batista: por sua pregação,
ele prepara a rota a Jesus, pedindo aos que lhe questionam no deserto para se
converterem, em outras palavras, para mudarem concretamente de comportamento
(cf. Lc 3, 8). “O que fazer? O que
fazer para sermos fiéis autênticos?”. Tal é a questão que nós nos colocamos
ainda hoje, da mesma maneira que as multidões, os publicanos e os soldados
colocaram a João. Porque somos bem conscientes de que “não basta nos
denominarmos como cristãos: é preciso sê-lo verdadeiramente”, para citar as
palavras de um padre da Igreja, Santo Inácio de Antioquia. João, o Batista, nos
pede, antes de tudo, para partilhar o que nós temos. Dito de outra maneira, ele
pede que não possuamos bens egoisticamente, sem nos preocuparmos com os outros,
em detrimento dos outros. Quem deseja realmente se converter é chamado a ver a
necessidade de que sofre o outro e daí sentir compaixão até partilhar com ele o
que possui. Com efeito, o outro homem é um irmão, filho do mesmo Pai, Deus (cf.
Mt 23, 8), e é preciso viver com ele
uma relação fundada sobre a justiça e o amor. E, na vida do cristão, o que se
deve partilhar não se reduz ao que se possui: compreende também o que se é,
porque Jesus nos pediu para colocar a nossa vida ao serviço de nossos irmãos ao
ponto de doá-la mesmo com o preço extremo de nossa morte, como ele mesmo o
fez... Em definitivo, o que João nos pede, como etapa preliminar ao nosso
arrependimento e sinal de nosso batismo – a imersão que significa morrer para o
homem do mundo a fim de renascer como filhos verdadeiros de Deus e como irmãos
de todos os homens – é de se realizar a justiça (cf. Lc 7, 29), que se constitui por uma atitude de humanização
autêntica de si mesmo e dos outros.
(Enzo Bianchi, 1943-, Itália)
CONTEMPLAR
Compaixão é Revolucionária, 2011, Movimento Occupy Wall
Street, New York, foto de Paul Stein, New Jersey, Estados Unidos.
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