segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

O Caminho da Beleza 03 - III Domingo do Advento

Já não quero dicionários consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro da qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.

(Carlos Drummond de Andrade)


III Domingo do Advento                     16.12.2018
Sf 3, 14-18               Fl 4, 4-7                   Lc 3, 10-18


ESCUTAR

“Não temas, Sião; não te deixes levar pelo desânimo! O Senhor, teu Deus, está no meio de ti, o valente guerreiro que te salva” (Sf 3, 16).

Irmãos, alegrai-vos sempre no Senhor; eu repito, alegrai-vos (Fl 4, 4).

“Quem tiver duas túnicas dê uma a quem não tem; e quem tiver comida faça o mesmo!” (Lc 3, 11).


MEDITAR

O pecado não nem culpa, nem mancha, nem ofensa a Deus. Assim o disse São Tomás de Aquino (Sum. contra gente. III, 122). O pecado é ofender a outro ser humano (Mt 18, 15-17). É ao ofendido que se deve pedir perdão. Se não perdoas ao ofendido, Deus não perdoa a ti.

(José Maria Castillo, 1929-, Espanha)


ORAR

            Contemplando o Senhor que vem, escutamos ainda nesse domingo o testemunho de João Batista: por sua pregação, ele prepara a rota a Jesus, pedindo aos que lhe questionam no deserto para se converterem, em outras palavras, para mudarem concretamente de comportamento (cf. Lc 3, 8). “O que fazer? O que fazer para sermos fiéis autênticos?”. Tal é a questão que nós nos colocamos ainda hoje, da mesma maneira que as multidões, os publicanos e os soldados colocaram a João. Porque somos bem conscientes de que “não basta nos denominarmos como cristãos: é preciso sê-lo verdadeiramente”, para citar as palavras de um padre da Igreja, Santo Inácio de Antioquia. João, o Batista, nos pede, antes de tudo, para partilhar o que nós temos. Dito de outra maneira, ele pede que não possuamos bens egoisticamente, sem nos preocuparmos com os outros, em detrimento dos outros. Quem deseja realmente se converter é chamado a ver a necessidade de que sofre o outro e daí sentir compaixão até partilhar com ele o que possui. Com efeito, o outro homem é um irmão, filho do mesmo Pai, Deus (cf. Mt 23, 8), e é preciso viver com ele uma relação fundada sobre a justiça e o amor. E, na vida do cristão, o que se deve partilhar não se reduz ao que se possui: compreende também o que se é, porque Jesus nos pediu para colocar a nossa vida ao serviço de nossos irmãos ao ponto de doá-la mesmo com o preço extremo de nossa morte, como ele mesmo o fez... Em definitivo, o que João nos pede, como etapa preliminar ao nosso arrependimento e sinal de nosso batismo – a imersão que significa morrer para o homem do mundo a fim de renascer como filhos verdadeiros de Deus e como irmãos de todos os homens – é de se realizar a justiça (cf. Lc 7, 29), que se constitui por uma atitude de humanização autêntica de si mesmo e dos outros.

(Enzo Bianchi, 1943-, Itália)


CONTEMPLAR

Compaixão é Revolucionária, 2011, Movimento Occupy Wall Street, New York, foto de Paul Stein, New Jersey, Estados Unidos.




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